sábado, 31 de dezembro de 2011

Boas idas e vindas


Eu te recebo como alguém
Que recebe uma notícia boa.
Com um sorriso à toa
Como uma cura
Ou um presente de formatura.

Que seja difícil o suficiente para motivar
E que eu não deixe a oportunidade passar
Porque a gente tem mania de querer mais
E espera chegar sem correr atrás

Eu te recebo dentro do meu peito
Porque virá de qualquer jeito
E espero que eu te faça melhor
Mais risadas, menos dor
E umas gotas de suor

Então que venha
Porque dessa vez eu arrisco
Nessa crença de que tudo muda
Depois da virada
O que era rabisco
E destaque em livros de auto ajuda
Vira promessa a ser cumprida
E motivo da minha luta.


domingo, 25 de dezembro de 2011

‘’All I want for Christmas’’



De feriados capitalistas
Estou cheia e vazia
Os presentes que eu queria
Estão ausentes neste dia
E não me vejo mais
Como antes eu via
Como menina esguia
Que vivia e escrevia
E hoje só sonha e fantasia

Agora disseram que o mundo acabaria
Pois o mundo que eu conhecia
Aguentou o quanto podia
Toda rebeldia
Toda guerra fria
Toda sua cria
Não foi como devia
Mas bem que poderia
Ter acabado em poesia

Então se pudesse, eu desejaria
Devolver a alegria
Em forma de mercadoria
Se precisasse, venderia
Porque parece ser de mais valia
Já que de graça ninguém aprecia

Será que assim o mundo se salvaria? 



sábado, 24 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel




O espírito de natal, a vontade de parecer feliz e fazer outra pessoa feliz dentro dos padrões e princípios do capitalismo, é claro, fica camuflado na fôrma de gesso ou de minúsculas lâmpadas coloridas, fortalecendo cada vez mais a indústria cultural.
Em meio a boletos, notas fiscais, recibos, cheques pré-datados e cartões de crédito; existe aquela vontade oculta e desesperada de fingir ser mais e poder mais.
O egoísmo já não é tão aparente, se esconde atrás dos embrulhos, dentro das embalagens, amarrados, com um laço de fita...

...e eu não me espantaria
se visse um dia
o espírito de natal
estampado na nota de um real.

Dezembro/2006... é antigo mas fui eu quem escreveu e a ideia permanece nos dias de hoje, infelizmente.


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Amor próprio



A gente fala de amor.
Ouve, respira, lê
O tempo todo, em todo lugar.
Enxerga cor
Num mundo antes P&B
Brinca com degradê
Até se cansar

A gente sente amor
Pela pessoa que vem vindo
Só para fazer o mundo mais lindo
Pelos pais, irmãos, animais de estimação.

E por você, primeira pessoa do singular não conjugada, nada?

Nem uma lembrancinha importada? Personalizada?

Um carinho, um presentinho?
Um novo vestido?
Ou apenas palavras sem sentido,
Ao pé do próprio ouvido?

Ser indiferente ao reflexo do espelho
Machuca que a gente nem percebe
Então a gente bebe
E se dá conta que deixar o outro de lado não é errado
Quando se está do lado oposto
No posto de rejeitado
Se dissolvendo em desgosto