quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Pão e circo

O respeitável público já não é tão respeitado e agora atende por massa. E todo mundo sabe que massa é aquilo que até enche, mas não alimenta de verdade. O picadeiro ainda fica no mesmo lugar, onde as tendas são montadas estrategicamente como cúpulas receptivas de um show que parece não ter fim. Os domadores são numerados e escolhidos por suas promessas, mas só mostram seus rostos depois da estreia. As feras estão soltas, as bizarrices são manjadas, mas quem pinta o nariz de vermelho é o espectador.
Ele ri na cara do perigo. Ele é o gladiador preferido na arena. Se comunica em outros idiomas mas ganha como se nunca tivesse aprendido a escrever. Faz acrobacias com o ordenado e dá audiência para as desgraças do mundo. Aplaude bolas em gramados e se comove com desconhecidos dentro de uma casa com piscina. Não vive sem coca-cola, internet e televisão. Reclama da TV aberta mas não mantêm a boca fechada. E vive de dieta... conforme a moda. Sete grãos, sem glúten, ômega 3, mas não deixa de ser pão... e circo.


Polaridades...

As pessoas estão doentes. Não lamento. Não por isso.
Procurando inspiração, me deparo com todas as revoltas e dissabores da vida e penso que penso demais.  Estaria eu doente?
Nós pensamos, eu digo. A coletividade há de concordar comigo. Nada está bom e a gente planeja feriados e fim de mundo ao mesmo tempo na cabeça. Jogamos beijos venenosos e palavrões carinhosos... Comemos doce com salgado, dormimos com a janela aberta e edredon até a cabeça. E nos apaixonamos pelo cara errado, certo?! Várias vezes, claro!
Seguindo o roteiro: pensar antes de falar, antes de agir, antes de transar, antes de sair sem agasalho ou sem guarda chuva... a receita é simples. Simples para esquecer a chave, o guarda chuva, o agasalho, a camisinha, o sal, o açúcar, o remédio...
Mas não tem problema, visto que vamos acordar de mau humor, e este vai se dissipar em duas horas, voltando quase na hora do almoço e daí duas sessões de dor de cabeça, uma discussão, quarenta minutos abraçando pessoas incontrolavelmente e um ataque de risos. Não há porque se preocupar se a memória falhar nesse meio tempo.
Acho triste o hipocondrismo imperando aqui e ali. Mas o que posso dizer? As pessoas estão doentes porque pensam que estão doentes. E daqui a pouco ficarão pensativas porque adoeceram e não sabem o motivo. Do nada, risinhos contidos e a nova máxima:
"O quê? Não liga não, sou bipolar"
Antigamente havia uma glória em pensar que era bonito ser feio.
Hoje as pessoas estão doentes. E eu não lamento. Não por isso.