quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Tá rindo de quê?



Do pouco que eu ganho ou do muito que eu faço?
Dos telefonemas que eu não recebo?
Dos parentes que eu não vejo mais?
Ou do amor que me deixou?

Tá rindo de quê?
Das risadas tristes, sufocadas
Na minha cara vermelha
Onde também escorre água e sal
Ou dos meus sonhos parados na esquina
Enquanto a realidade varre o meu quintal

Então ria da inconformidade
Ria da propaganda eleitoral
Das lixeiras vazias e o chão coberto
Ria de quem não chega perto
Ria do preconceito racial
Das mãos atadas, não-dadas, machucadas
Do instinto maternal
Então ria das crenças e dos defeitos
E da falta de respeito
Desse mundo desigual.