Quando
a gente cria um mundo não quer dizer que o que vivemos não está bom. O mundo que veio pronto é genérico e cada um
é cada um. É como personalizar sua página no iGoogle. Você escolhe cor, a disposição, o cenário, os
ícones. Mas não escolhe o que vai aparecer nas atualizações. E então, num passeio discreto em solo
estrangeiro, encontramos um ser de outro mundo e criamos um novo mundo,
detonando o nosso. Aí acontece uma coisa engraçada. Aquele mundo desaba. E as
coisas só desabam quando a gente abandona. Passa um tempo, a gente não aguenta
mais ver aquelas ruínas, o pó começa a fazer mal e o nível de feiúra e descuido
da situação incomodam. Simplesmente não dá pra viver mais ali. Empacotar é o de
menos, o problema é a ideia da mudança. Porque o caminhão só leva os bens
materiais. E para onde? Sim, vamos para aquele mundo que você rejeitou no
começo. Viver uma vida medíocre, sem sonhos. Qual o problema em construir um
mundo novo, seu? Já fez isso antes, lembra? Pode demorar, mas pense na pintura
nova e o cheiro de cimento fresco. E lembre-se de nunca mais demolir seu mundo
quando resolver se aventurar em terras estrangeiras. Porque isso vai acontecer
de novo.