Entra pela janela e fica. Interrompido pela geladeira ou o
roçar das meias no tapete da sala.
Ensina seu segredo. Eu, que era tão acostumada com as
onomatopéias da vida. Agora deixo a multidão que morava dentro de mim e te
aprecio. Imploro por um momento à sós.
Me faz incógnita. Abafa meus pedidos de socorro. Para quando
eu gritar, que seja com vontade.
Arrebenta meu peito. Acaba com o ronco do motor. Deixa ele
respirar leve, viver calmo. Cala o gotejar das lágrimas, o escorrer do sangue,
o mastigar dos dentes. Me deixa viver na escassez dos ruídos do dia a dia. Deixa
tudo quieto pra eu poder sentir. Porque é no calar das bocas que se ouve o
coração.
Simon and Garfunkel - The Sound of Silence