Nem tudo é amor, sabe?
Ás vezes um dia nublado te faz mais feliz que isso. Ou um chá. Ou nada disso.
A gente tem uma ilusão de que o amor nos basta.
Não aquele amor "não conta pra mãe".
Ou aquele amor no cozido que a vó fazia. No bolo pudim, no macarrão com atum.
É aquele amor que a gente acha que precisa. Que a gente busca a vida toda e poucos conseguem explicar, qualificar e quantificar. Aquele entre duas pessoas e um sonho, debaixo de um edredon com chocolate (pra ele), doce de leite (pra mim) cafuné e senha da netflix. Aquele lindo e cheio de expectativas. Aquele que às vezes nem é amor ainda, porque a gente nunca sabe. Mas é mais fácil dizer um automático eu te amo do que tentar entender como é que eu gosto pra caraleo de você, mas não tenho palavras, só quero te abraçar e pronto.
E então uma tristeza. Intensa. Sua.
A gente acha que só porque tá sentindo coisa boa, não pode sentir coisa ruim. Acha que o amor vai curar tudo, vai te deixar rica, feliz, com a pele boa, com o cabelo hidratado, vai te emagrecer...
Nem tudo é amor, lembra?
A gente não pode depositar todos os sonhos em uma pessoa e chamar de amor. É muita irresponsabilidade nossa jogar esse peso para alguém. Jogar essa culpa, essa história. Sendo que ainda tem vida, ainda tem família, ainda tem trabalho, ainda tem promoção de shampoo + condicionador, tem boleto, crise dos trinta, orquestra no domingo, bolinha de queijo nos aniversários.
O amor não vence tudo isso. Até porque não é uma luta.
Não queira que ele seja salvação. Não jogue sua insatisfação pessoal no outro. Talvez o amor seja só um toque pra você não passar no sinal vermelho.
Deixe o seu amor ser só o cafuné com netflix mesmo. Ele vai te fazer bem.