quinta-feira, 17 de março de 2022

Identidade

Quando a gente empreende, muito se fala sobre identidade, deixar tudo com a sua cara e da empresa que você idealizou. O que ninguém conta é que, para ser vista e vender, é necessário fazer um puuuuta trabalho em cima dessa identidade e correr risco de demorar pra vender. Coisa que muita gente não pode esperar. Se você der sorte do seu gosto pessoal e a identidade do seu negócio bater com as tendências, ótimo pra você. Eu sei que o ideal seria abrir empresa com uma reserva de emergência bonitinha, pra nossa própria segurança, mas quantas pessoas você conhece que conseguem sequer fazer uma reserva durante a vida? E um negócio próprio (sem herança e investidores) é um nome bonito (pra gerar imposto) para uma renda extra que apareceu em um momento de desespero.

Aí a gente acaba fazendo produtos que não quer, prestando serviço que não quer, usando músicas que não curte em divulgação, só porque engaja melhor. Tiktokiza e instagramiza tudo só pra fazer virar dinheiro, porque os boletos não esperam. Isso tira toda a nossa identidade e vontade de trabalhar. Esse texto é pra reclamar, não dá pra ser Pollyana todos os dias.

PS.: Eu ainda agradeço todos os dias por ter saído da CLT. E por fazer (quase) tudo que gosto. Tem coisas que hoje eu faço apenas por dinheiro, e isso é muito triste.

terça-feira, 8 de março de 2022

Dia da mulher feliz

Hoje é o dia internacional da mulher e, entre conteúdos sobre luta, postagens com flores e brindes que associam a mulher à beleza, quero trazer minha visão, como todo mundo.

Tenho uma amiga que virou mãe nova, seja lá o que "nova" signifique. Quando ela me contou que estava grávida eu não soube vibrar como tantas pessoas, porque eu não tinha vontade de ser mãe e, na minha cabeça, não sabia se a notícia era pra comemorar. Ela disse que ela entendia minha reação, assim como entendia a alegria de quem parabenizava. Porque as pessoas falam do coração. E eu não saber o que dizer também foi verdadeiro.

Depois disso passei até a aceitar melhor quando as pessoas me parabenizavam, especialmente em aniversários. Não é porque eu não gostava de comemorar, que as pessoas não poderiam desejar o melhor, do fundo do coração delas.

Tudo isso me traz no dia de hoje. Não sou da galera flores/chocolates e acho tudo muito clichê e cansativo (embora eu ame um clichê às vezes), mas isso não significa que as homenagens não sejam genuínas. Tenho certeza que as intenções são as melhores. E eu vou cair exatamente na minha própria armadilha agora e ser clichê: sou bem feliz por conhecer pessoas boas. Mulheres boas e boas mulheres. Gente que faz bem feito, que não quer ficar pra trás e que não tem vergonha de admirar outras pessoas boas.

Não fiz uma arte especial, não distribui brindes, não fiz uma homenagem de acordo. E isso também foi de coração, do meu jeito. Ainda quero o fim do patriarcado, salários justos, que parem de chamar a gente de guerreira, porque lutar cansa (se até trabalhar cansa!). Não enfiem a gente numa caixinha só, eu hein. Ser mulher é tão plural.