Viver em sociedade faz a gente buscar um pertencimento, uma coisa nossa de querer entrar numa panelinha e se sentir acolhida. Eu sempre quis juntar todas as panelinhas que participei na vida. Apresentar as pessoas, pra virar tudo um panelão, daqueles que a gente vê no google quando digita "paella". Ou uma mesa de bolo de aniversário de cidade.
Há praticamente um mês, dia 19 de março, foi dia do artesão e eu li por aí uma homenagem interessante, que terminava em "você tem orgulho de ser artesã ou fica inventando nome diferentão pra descrever o que você faz?". E percebi o tanto que eu (ainda) invento. De fato, eu trabalho como designer gráfico ainda. Mas a ideia de fazer artesanato como minha profissão era como se eu tivesse graduado em vão e tivesse dado errado na vida.
Eu sempre conto por aí, inclusive na terapia, o quanto participar de feiras me fez abrir os olhos pra isso. Ali tem tanta gente formada em várias áreas, que escolheu fazer o que faz. Não é as mil maravilhas, mas o sentimento de pertencimento me fez querer estar naquela panelinha em fogo brando, e perder um pouco a vergonha.
Vou trabalhando isso até dar orgulho.
É duro quebrar construções que a gente tem desde sempre.