Faz uns meses que tem um projeto de texto arquivado com o nome "depois de você". Só que percebi que ainda não existe um depois de você, porque, de alguma forma, eu não tô deixando você sair de mim e nem você me deixa sair de você. E pra quê? A gente se gosta, mas não funciona junto mais.
Não quero ficar presa à uma pessoa que já seguiu a vida e que já tem outra pessoa, você consegue me entender? Parece que você adivinha o momento que eu tô quase te deixando ir e reaparece, aí eu fico com a sensação de esperança da gente ficar junto de novo algum dia.
É tipo promoção dos anos 90: é só você juntar 20 embalagens, preencher um negócio, comprar um envelope, selo, não esquecer de responder por quem o seu coração apanha e enviar para uma caixa postal. E torcer muito pra ser uma das cartas sorteadas, das que vão jogar em cima do apresentador no palco, ao lado de um carro girando, num intervalo de um programa qualquer. E, se chegar a ganhar, pode nem ser o prêmio que você quer.
É muito trabalhoso e dolorido esperar por você. E ainda não tem garantia que vai dar certo ou que vai ser o que a gente precisa. Já disse, o amor não segura uma relação onde falta tantas outras coisas. Não, eu não sei o que você pode fazer. Se eu não consegui te superar nem sabendo que você assumiu outra pessoa e faz com ela tudo que eu sonhava que fizesse comigo, mas nunca fez, eu não tenho solução mesmo. Você pode falar que me odeia, na minha cara, que talvez eu ainda te queira um dia, pelas memórias, pela burrice ou pelo medo de achar que ninguém nunca mais vai gostar de mim.
Só que, e se alguém gostar e eu não gostar de volta? Eu tô cobrando reciprocidade, não tô recebendo e tô me apegando à uma coisa que não é o que eu quero? Sim, tô conversando comigo mesma e tomando no cu sozinha. É, acho que vai existir o "depois de você", afinal de contas.