segunda-feira, 23 de setembro de 2024

desvinculos

Nunca quis ser daquelas pessoas raivosas, que saem de relacionamentos odiando a outra pessoa, que perdem a confiança em todo mundo, a esperança nas relações. E ainda não sou. Mesmo com tanta história que já escutei e passei. Eu até achava um absurdo não manter amizade com quem se compartilhou tantos anos bons. Foi então que percebi que meu nível de tolerância é que beira o absurdo. Chega a ser ridículo o tanto de perdão que distribuí sem que alguém, ao menos, pedisse. Pessoas mentem, Pri. E mentiras doem.

Não tive filhos, animais de estimação ou qualquer ser que pudesse gerar guarda compartilhada e, portanto, um vínculo com alguém. Nunca nem quis morar junto, casar, formar família. O medo de alguém nunca querer nada disso comigo já fez com que eu passasse longe de ter vontade. Por não precisar manter contato, eu não preciso ter amizade quando me faz mal. Simples, né? Mas doeu até eu aceitar e aplicar isso.

Realmente, o que será que eu perdi pra buscar o amor com tanta intensidade? E quem vai querer o amor de uma pessoa tão danificada?


*esse não é apenas sobre os ex e pessoas que significaram muita coisa, mas também sobre pessoas que nem chegaram a ser alguém na minha vida, porque já começaram mentindo.

**bads de domingo são as mais reflexivas.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Nem só de sofrimento vive essa pessoa que escreve. Essa semana que começou puxada. Teve insônia, tristeza e perda de apetite. Isso acaba comigo. Só não posso ignorar. Então escrevo pra tirar de mim. Por isso tá saindo texto todo dia, praticamente. E por isso os assuntos estão bagunçados. Eu tô bagunçada. Mas passa.

Eu também fiz pão, terapia, oficina, tive conversas importantes e recebi companhia que fez carinho até acalmar. Não fico mais tentando ser forte. Sei que sou independente e fico bem sozinha, mas gosto de ter uma companhia às vezes. E faço o possível pra essa companhia não ser um remédio para curar nada. Não tô tentando substituir ninguém. Só que tô curtindo e não vou falar pra esperar o tempo certo. Tempo certo é a gente querer estar junto.

Ando muito ocupada comigo, tem muita coisa dando certo na vida profissional e o coração tá ficando um pouco de lado. Isso não é ruim. Mas tem coisas que só um abraço dá conta de acolher. E eu tenho acesso à um abraço muito bom ultimamente, com todo o combo de conversa, sexo e carinho. A dor é do passado. No presente tá acontecendo isso aqui. Fico feliz por ter ficado além do por do sol, porque desde aquele dia, a lua parece mais bonita toda vez que a gente se vê.

é assim que acorda pra vida

Assim que estreou no cinema, Bruno, meu psicólogo, recomendou que eu assistisse "é assim que acaba". Eu nem sabia do que se tratava. Duas das minhas irmãs tinham acabado de ler, então peguei o livro e devorei em quase 3 dias. Ainda não assisti, mas nem espero tanto do filme. Gostei do livro.

Então só na sessão de terapia dessa semana, mais de um mês depois, a gente voltou nessa pauta e ele perguntou se eu me enxerguei na história. Disse que não, porque eu não sofri as mesmas coisas, só que em alguns pontos fiquei me perguntando porque a protagonista, e eu, e tantas outras, aceitamos o que aceitamos. 

A gente até pensa que sim, mas...
Ele não é tão compreensivo assim se cada vez que você desabafa ele diminui a sua dor.
Ele não te apoia quando faz você pensar que não tem condições de se proporcionar lazer, e só ele pode te dar coisas caras.
Ele não te escuta quando acha que só o que ele pensa é o certo.
Ele não te respeita quando te dá atenção só quando tá sozinho ou longe de outras pessoas.
Ele não te ama quando te priva de uma vida sexual.
Ele ri na sua cara quando reclama que a vida tá ruim, diz sentir sua falta, segura você interessada e age na contramão de tudo isso.

E eu não me respeitava, quando permanecia totalmente disponível, só aguardando aquela gotinha de água que ele trazia de vez em quando, enquanto eu morria de sede o resto do tempo. Porque em todas as oportunidades que tive, sempre escolhi ele e ele nunca me escolheu.

Sempre achei triste casais que se tornam estranhos, gente que bloqueia, depois de tanta intimidade. Hoje eu entendo que às vezes é a única solução pra doer menos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

pessoas não tão boas

Acreditar que todas as pessoas são boas até que se prove o contrário é uma frase perigosa se você não souber aceitar quando o contrário é, de fato, provado. Vou explicar. Nossa sociedade, pelo menos da minha geração (sou de 1986), foi criada enxergando, meio que inconformada, mas meio que tudo bem um homem morar com os pais até depois dos 30, tudo bem ele não saber fazer certas coisas de casa, porque coisa de casa é coisa de mulher. Até porque eles acham que a gente nasceu com o gene de saber lavar louça sem alguém precisar ensinar (quem nasceu sabendo desengordurar panela sem perguntar pra ninguém, levanta a mão aí, porque eu penei bastante). Acham que mulher nasceu pra ser mãe, toda fluente em choro de criança e cuidados gerais. Isso porque, ouvi dizer que até pra amamentar é um sacrifício e não te preparam pra isso.

Nessa visão social a gente cresce se envolvendo com esses homens e acaba, sem perceber, achando que eles não tem maldade, que só foram mimados mesmo e acabaram por não aprender nada, por isso não "ajudam" em casa (não é uma ajuda se você também mora na casa). Exatamente aí é quando a gente cai, ou no lugar de "deixa ele, tadinho" ou "eu vou mudar esse cara". E quando a gente vê que nada disso vai acontecer é frustrante, dá uma impressão que ninguém vai melhorar pelo nosso amor.

Meu psicólogo vive batendo na tecla de que é preciso saber o que quer e o que aceita, pra não viver de migalhas. Mentiras me incomodam e eu vivo criticando o alinhamento dos discursos. Foi assim que caí numa armadilha boba e cheia de precedentes. Quem acompanha sabe o quanto eu passei anos querendo ouvir um "eu te amo" e ser desejada sexualmente, mesmo sabendo que as pessoas têm diferentes formas de expressar o amor. E que atitudes falam mais que palavras. Até acordar e ver que a mesma boca que falava do caminho x, estava em um corpo que se dirigia ao caminho y. É o curupira agora, essa porra? Doeu porque dá uma sensação de burrice e de perda de tempo. Mas liberta parar no meio do caminho e recalcular a rota. Ainda há tempo pra viver e sentir tudo que a gente merece.

domingo, 15 de setembro de 2024

até outro dia eu tinha prints, hoje eu escolhi ter paz

A primeira vez que fui conhecer a nova lavanderia perto de casa, não tava preparada pra passar uma hora e meia lavando e secando roupa só sentada lá, à toa, e resolvi abrir uma caixinha anônima. Era 22 de dezembro de 2023. Fazia exatamente 10 meses que eu tava solteira. E o que chegou de putaria nessa caixinha, não tá escrito. Com o tempo abri mais vezes e parecia que as pessoas adivinhavam a fase que eu tava, mais gente começou a ler o blog, enxergar o meu coração e sentir comigo a dor que eu tava passando por ter precisado abrir mão de um amor que eu amei por tanto tempo sozinha. 

Aquela pessoa não existe mais, nem a que eu amei e nem eu, daquela forma existo mais. A força vem de lugares inimagináveis. Ainda carrego sequelas, medos absurdos de acontecer tudo de novo, de me entregar completamente e mais um cara não fazer questão de mim e, ainda assim, querer me segurar interessada, mentindo pra mim. Até outro dia eu tinha prints, mas hoje escolhi só ter paz. O fim do amor não pode ser só o ódio.

Em uma dessas caixinhas, mais recentemente, recebi a mensagem de que eu nasci pra estar apaixonada, depois que a pessoa leu sobre o cara do pôr do sol. Eu concordo que nasci pra isso, me faz sentir mais viva. Mas sinto desapontar, não tô apaixonada. Pelo menos não por enquanto. Talvez isso aconteça, sem pressão. E se acontecer comigo, torço pra que aconteça com ele também, porque saí extremamente machucada do último relacionamento, vocês sabem. Tem muito mais além do que se vê.

Minha vida parece uma temporada de malhação mesmo, né menina?

sábado, 14 de setembro de 2024

o cara do pôr do sol

Ele me convidou pra ver o pôr do sol. Achei diferente, e por ser algo que normalmente não faria, aceitei. Eu já tinha falado uns quatro nãos pra ele. E fazia pouco mais de 12h que a gente tinha se visto pela primeira vez.

Era domingo à tarde, véspera do meu aniversário e eu tava lavando roupa. Acabei, saí da lavanderia, estendi em casa e ele chegou em seguida. Pensei: "não vai dar tempo". Fui do jeito que tava. Beijo no rosto, localização compartilhada com as amigas e pronto. Deu tempo! No caminho, chegando em uma espécie de mirante, o sol parecia uma gema de ovo caipira no céu. Sentados lado a lado, passando um copo de cerveja pra lá e pra cá, agora o beijo foi na boca (e que beijo! E que boca!).

Quando vi já não tinha sol, nem som, nem gente em volta. Era só o meu corpo e o corpo dele, grudados. E, por algum motivo, não queria sair de lá. Se me disessem, na hora que eu conheci ele, que em algumas horas a gente teria um fim de tarde e noite tão bons, eu só iria rir. 

Eu comentei que no dia seguinte seria meu aniversário, né? Pois tem aquele lance de eu ter nascido à meia noite. Ele ficou comigo até depois da virada, pra eu não passar sozinha.

Em menos de 24h o cara do pôr do sol chamou minha atenção de um jeito que faz um mês que tô tentando entender, mas acho que só não precisa de explicação. 

Sei que escrevo romanticamente tudo mas a gente não tá apaixonado, o caminho até o coração tá mais difícil na fase que eu tô agora, mesmo assim, já fico animada quando sei que a gente vai se ver. É um bom sinal.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

de portas e peito abertos

Sempre digo que escrevo melhor, ou mais bonito, quando tô triste. E talvez por isso tenha sumido um tempo desse blog. Tenho muitas ideias, vivências e coisas boas acontecendo atualmente. Mas, por algum motivo, escrever sobre isso não flui da mesma forma que a mágoa e a melancolia. Então vou tentar misturar os dois, contar como cheguei aqui e ver se sai algo que preste. Mas fica por aqui que ainda vai ter romancinho bobo nesse blog, porque eu sou eu, né?

Vou começar dizendo que, acho que é a primeira vez que o centro da minha vida não é algum cara.

Nesse momento tô usando um fone de ouvido sem ter dado play em qualquer som, muito embora tenha uma faixa pausada no spotify. É mais pra abafar o som da realidade, da rua, do ventilador e do teclado enquanto digito tudo isso.

Acho que você, que me lê há algum tempo, percebeu que eu nasci querendo viver um contos de fadas. Mesmo sabendo que eles não existem pela duração que a gente acha que deveriam ter. O que existem são momentos meio contos de fadas, por um tempo de um story, ou um pouquinho mais. E tudo bem, porque a realidade não é uma coisa ruim. A gente que começou a acreditar que se não for meio perfeito, é inferior. Mas eu aposto que você tem, pelo menos, uma lembrança muito boa, de um momento extremamente simples e vida real, mesmo que seja vergonhoso, que te faz rir com gosto.

Pois bem, contos de fadas remetem à romance. E foi aqui que eu me fudi perdi. A baixa autoestima me fazia pensar que, pra alguém querer estar comigo, eu precisava me desdobrar e mostrar que era digna de algum amor. Gente, o amor não brota assim. E eu aprendi da pior forma: sem a tal da reciprocidade. Vejam, eu não tava sendo outra pessoa, era eu mesma, só que me anulando em prol de um romance. Tanto que hoje ainda sou dedicada e preocupada, mas o impacto é outro.

Enquanto escrevia esse texto, estava numa conversa com uma pessoa, que escreveu: "a gente se sentindo completo não cobra ninguém". Respondi que eu pensava "ah, mas eu não tô cobrando", só que cobrava em forma de expectativa. Era algo desejável". Quando a gente percebe tudo isso, as coisas mudam. E ser o centro da minha vida começou com uma decisão, muuuuito choro, dores de saudade, até o coração sentir que agora é assim. Muitas portas se abriram também. Coincidentemente ou não, na porta do meu quarto tem uma frase "cuidado que eu mudei de lugar algumas certezas", daquela música "Açúcar ou adoçante?", do Cícero. Porta também é uma palavra que me lembra o livro "Lugar Nenhum", do Neil Gaiman. Enfim, referências.