Hoje a terapia foi de manhã. Sim, naquele horário que eu ainda não comecei a funcionar. E os meus canais lacrimais deram um show a parte. Agora só preciso tirar daqui de dentro um pouco desse caos. Talvez a questão não seja se sou difícil de amar como sempre pensei, mas sim, eu não saiba amar sem sofrer. Vivo falando e escrevendo sobre essas coisas do coração e sempre levo pro lado do romance, naquele ciclo sem fim de amor e sofrimento, como se um relacionamento não vivesse em equilíbrio se faltasse uma coisa assim. Como se a sorte de um amor tranquilo não fosse possível. Também, né? Desde sempre temos o religiosamente aceito "na alegria e na tristeza" e isso faz com que a gente pense que deve, por padrão, ter uma boa parcela de cada pra ter sucesso "até que a morte nos separe" de alguém. Mas esse é só um tipo de amor. No coração cabem tantos outros. Sempre que eu penso em amor, a primeira ideia que me abre um sorriso são os meus sobrinhos, que não precisam se esforçar pra eu amar, por exemplo, mas logo vem aquela pessoa, que nem sempre tem nome e forma, companhia que quero pra vida. Só que fiquei tanto tempo nessa de encontrar alguém algum dia (mesmo quando não queria estar com alguém) que esqueci do outro amor, o meu. Nisso, sempre me tratei mal. E, quando faço isso, é como se permitisse que os outros também façam. É uma punição pessoal, por não me achar muito digna de nada com qualidade, mesmo sabendo que mereço. Me sinto uma farsa completa em 3 atos Shakesperianos. Tati Bernardi me jogou na parede quando escreveu "tenho medos bobos e coragens absurdas". E o google, até hoje, atribui à Clarice Lispector. Nada contra Clarice, inclusive adoro a profundidade dela, que também me rasga constantemente. Mas a frase da Tati me traz de volta às ligações que eu não fiz pra pizzaria e até a sinceridade em abrir meu coração pra falar quando gosto de alguém. Qual é o medo e qual é a coragem aí?
Hoje eu saí aos prantos da terapia, e escrever SEMPRE me salva de muita coisa, inclusive de mim. Sim, ainda quero escrever por aqui sobre um fim de domingo deitada no colo de um cara sensível, escolhendo um filme terrivelmente romântico, quando isso acontecer. Mas o coração têm desses altos e baixos, e essa semana ele começou afundado. Pelo menos agora fica mais fácil pegar impulso pra voltar a subir.