Amanhece
mais um domingo. E que por acaso é também mais um feriado comercial. Além da
macarronada, do frango assado com maionese e farofa, é dia das mães. Aí vem
algumas pessoas no maior clichê defender que deveria ser comemorado todos os
dias. Sim, mas não vamos ficar frisando porque cansa.
Pareço
um tanto insensível em minhas palavras, eu sei, mas minha família ‘primária’,
digamos assim (mãe, pai e irmãs mais lindas do mundo) não têm o hábito de toda
a melação. E isso não significa que não nos amamos. Por que devemos entender o
“jeito de amar” de todas as pessoas que antes eram simples desconhecidos e não
podemos entender quem nasceu, cresceu e viveu muito tempo ao nosso lado,
torcendo por nós?
Enfim,
hoje de manhã encontrei um passarinho recém nascido no meu quintal. Fraco, nem
abria os olhos. Fiz uma espécie de ninho e o mantive quentinho. Não comeu. No
final do dia não aguentou. Foram poucas horas mas deu vontade de chorar e ver
que ele não resistiu. (A sensibilidade existe em mim, vêem?).
Pensei
então que não deveria ter tido muita esperança no bichinho, ele estava só. Eu
tentei, mas não era mãe dele. E não dá pra aguentar feliz sem a nossa mãe. Dá
pra sobreviver na maioria das vezes, mas é natural que ela seja a primeira nos
nossos pedidos de socorro e conquistas.
Nossas
mães estão sempre ali, nas receitas de família, nas expressões faciais, na
caligrafia...
Porque
a minha mãe sabe que eu a amo, a 300km de distância. Com ou sem abraço.
Infinitamente. Ela acredita na minha capacidade. E se já ofereci versos a quem
nem soube cuidar do meu coração direito, porque não posso agraciá-la com uma
prosa? Afinal de contas, nossos corações bateram juntos muitos meses.