sábado, 28 de dezembro de 2013
Drops #2
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Drops #1
sábado, 21 de dezembro de 2013
Do avesso
Além de todos os outros fatores desse mundo.
Por ter o privilégio de, entre tantas pessoas que passam e viram a cabeça e desviam o olhar, você me virar do avesso. E não se importar com a etiqueta gasta, os bolsos pendurados, as costuras tortas, as linhas soltando, o reflexo desbotado do lado de fora...
Eu poderia nunca ter conhecido meu avesso. Poderia ter passado horas, dias, meses, anos só te olhando. Imaginando como seria sua voz, seu sorriso ao olhar pra mim, projetando uma intimidade. Seria tão lindo, épico, invejado, idiota. Poderia, mas não fiz. Preferi arriscar e me apresentar, arriscar e te conhecer. E descobri que não havia risco nenhum nisso. Teria sido um risco (ou um rabisco todo) não tê-lo feito. E ter que passar pela multidão imaginando como seria...
Sorte nossa então, pela sua existência cruzar com a minha.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Meu eu
E passei a não me dirigir a palavra.
Éramos gestos, movimentos, olhares dispersos.
Tentativas falhas de humor silencioso.
Batia contra a parede de vidro invisível
Enquanto a tinta branca do rosto escorria empurrada pelas lágrimas
Era um cruzar de braços
um fechar de olhos
um engolir de saliva
Discussão presa na garganta
que sobrevoava os fios rebeldes do cabelo ondulado
como se silêncio fosse apenas ficar calado
Amuado.
E, de pensamento atormentado
linhas certas, texto errado
retomou com cuidado
a rima que estava de lado
E num grito sufocado
dedos enluvados
braços esticados
olhos inchados
estávamos separados.
sábado, 7 de dezembro de 2013
Matemática
E toda aquela história de procurar outro pra ser feliz.
Acha, divide o seu e completa com outro.
E fica com, vejamos, metade seu e metade de outro.
Ou seja...
Um coração.
A não ser que me engane
A não ser que tenha feito conta errada.
Eventualmente ele se parte, quebra, dissolve,
é esmagado pela devastadora dor do não, do 'não mais', do acabou.
E lá vai dividir de novo
E pegar a sua parte original
(agora suja, mal cuidada, mal amada, destruída)
Então me façam entender
Corações em dois
partidos ou compartilhados
são sempre divididos.
É isso?
domingo, 1 de dezembro de 2013
Incomplet_
sábado, 30 de novembro de 2013
às voltas
aliás, nem sempre somos... eu e você de fato
podemos ser outras pessoas
em outro tempo, outro retrato
ou outras pessoas podem ser a gente
imperceptivelmente
eu posso ser você
você pode ser eu
num piscar de olhos
ou num fechar de olhos,
despretensioso ou proposital
e, em todas essas idas, paradas e vindas
em todos esses nós apertados
de desencontros encontrados
podemos ainda, nunca sermos nós.
domingo, 24 de novembro de 2013
Doação.
tantos tipos de comercialização
e a gente ainda insiste em, simplesmente, dar o coração
Há tantos passando fome
gente sem casa, sem nome
que não se farta com o que se consome
quando ganhado de bom grado
sem ser ligeiramente cobrado
Não há valor no que se recebe
se não for uma troca breve
em centavos, parcelados, um doze avos
escambo ou outros valores reais
pague menos, leve mais
Propaganda enganosa
de noite maravilhosa
vida gostosa
mundo cor de rosa
Há desconfiança no que vem de graça
tão certa como tudo que passa
Mas a gratidão é um pagamento
que não sai do bolso
que não solicita senha sequer
como o brilho das moedas esquecidas num bueiro qualquer
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
Nem tudo é
Ou quem sabe na próxima vida
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Estático
sábado, 14 de setembro de 2013
Pesadelos
Pouparia o coração assustado. Existem melhores motivos para deixá-lo acelerado.
E por que é mais fácil lembrar de um sonho ruim do que de um sonho bom?
Por que o vazio inspira e a felicidade parece ter sua finitude tão breve? Como se atreve?
A humanidade e sua necessidade de sofrimento, a intensidade desse tormento, como se a felicidade fosse um evento, uma recompensa pelo bom comportamento.
E, em meio às marcas de mais uma noite mal dormida, todas as indagações da vida, pairando sobre mim entre mentiras e verdades
Enquanto ao redor, tanta raiva reprimida, tanta tristeza sentida... pouca força de vontade
Que às vezes é melhor ficar escondida, do que sentir culpa por sentir a tal felicidade.
terça-feira, 3 de setembro de 2013
Equilíbrio
Diante da crença, o bem e o mal
Diante da verdade, o positivo e o negativo
Diante da dúvida, os prós e os contras
Diante da certeza, a saúde e a doença
Diante da vida, o começo e o fim
Diante do egoísmo, o subjetivismo
Desde que o mundo é mundo, a busca interminável por equilíbrio
Para que pesar sentimentos, especialmente aqueles que te fazem sentir leve?
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
Ser forte
Seria carregar peso, nas costas, nas mãos, na cabeça? Medir em gramas, quilos, tempo, intensidade. As nossas, as suas, as minhas dificuldades. Problemas, como rotulamos. Que aumentam através dos anos. E que não nos livramos. Divagações recorrentes e soluções tão transparentes, que não enxergamos à nossa frente.
Qual o peso de uma pedra nas costas? Pra quem recebe? Pra quem joga?
Ou de uma notícia carregada através dos tempos? De um segredo, de uma saudade?
Uma alma pode pesar mais que um corpo, mas a gente não recebe mais do que pode aguentar, não é mesmo?
E não importa a ambiguidade das lágrimas, a gravidade sempre se encarrega de enterrá-las.
Maior que
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Amanhã
sexta-feira, 2 de agosto de 2013
De caso não pensado
Eu só queria te dizer...
Delírio VII
Então é porque a certa está guardada
em algum lugar
Se não for gastrite, é saudade
ou talvez nem seja enfermidade
dessas que valha a pena tratar
Parece que falta um pouco
mas é melhor do que um sufoco
que não dá pra se livrar
E para que arriscaria então
conseguir sua atenção
se não pudesse recompensar?
Tem alguma coisa muito errada
Então é porque existe uma certa
E que vale a pena tentar.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
Packshot
domingo, 21 de julho de 2013
Embriaguez
Não dá pra viver vicariamente.
sábado, 22 de junho de 2013
ManINfesto
Parece simples de entender, de escrever, mas tem gente que erra ainda assim. Na grafia, na ação, na intenção... O branco no fundo dos cartazes, dos muros, das vestes. O branco da paz na cabeça na hora da eleição. Com manchas sobrepostas, de tinta, de suor, de sangue. Luta pela paz. Soa tão contraditório. Brigar para não ter briga. Não se pode mandar da cabeça de todos mas pode cuidar da própria cabeça.
Se tomam conta da vida dos outros, são intrometidos. Se tomam conta das próprias vidas, são egoístas. Ser humano exige muito. Ou nós é que esperamos pouco?
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Sem voz
Hoje, com identificadores de chamadas, não há mais brincadeira. Ao primeiro toque, a surpresa acaba, a chamada é curta, a voz é esquecida. Não sabemos mais com quem estamos conversando, se não olharmos no visor. É a tecnologia atrofiando nossos sentidos. Tirando o arrepio da descoberta de quem está do outro lado da linha.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Vitrine
sexta-feira, 31 de maio de 2013
De segunda
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Apenas...
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Análise Simpática
Você aí, sujeito simples, que busca intensamente um verbo de ligação, um artigo definido para dar sentido ao seu predicado verbal. Objetos diretos são interessantes, audaciosos mas adjetivos, vocativos e hipérboles podem enganar. Atenção às metáforas, sua complexidade pode soar traiçoeira mas elas sabem muito bem o que querem dizer. Não se apegue à anáforas e aliterações, nem todo mundo tem paciência para elas. Nada como se bastar... e ainda assim não se envergonhar em pedir revisão. Se aventure (fugere urbem), sobreviva ao mal do século! Atravesse gerações conforme elas acontecem. Fisicamente também. Pratique o discurso direto; isso pode poupá-lo de certas interpretações. Leia glossários, rodapés, epílogos. Se existem, há motivo. Não se apaixona sem conhecimento. O saber faz bem, se não fizer, não chega a ser amor. Não há mal em imaginar... nem em soltar a corda do balão para ambos se encontrarem no futuro do presente.
quarta-feira, 24 de abril de 2013
Narcóticos anônimos
Oi gente, meu nome é Priscila e sou viciada. Ooooi Priscila. Sou viciada em sentimentos. E em pessoas. E em pessoas que se sentem pouco porque alguém 'sentiu muito'. Sou ré confessa e meu crime é por para fora o sentimento dos outros, porque não faz bem guardar os males. Apesar da dor fazer sucesso. Porque todo mundo sofre (ou acha que sim). E não sou eu quem vai dizer pra esquecer e pronto. Gente do bem sofrendo de algum mal. Isso é equilíbrio.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Todos os dias
Todos os dias tenho medo de morrer.
É tanta desgraça que passa na TV.
É tanta farsa que a gente finge que não vê.
É toda massa concentrada em se intrometer.
Todos os dias a realidade choca, a mídia provoca e a gente não se toca.
Todo esse altruísmo me deixa surpresa
Porque se não fosse a tristeza e a pobreza
Do que a massa teria compaixão
Já que a cultura local não tem felicidade como ganha pão?
E pode parecer egoísmo ou não
Mas porque cada um não cuida do próprio coração?
Por isso prefiro tapar os ouvidos
Porque só eu sei o que tenho sentido
E todo dia tenho medo de ainda não ter vivido.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Inteiramente
Tudo inteiramente tão abusivo que a massa não hesita em pedir desconto, bônus, brinde ou um chorinho que seja. Chorinho.. o álcool, a dança, a lágrima... Tudo tão caro que a gente se sente barato demais, pequeno demais, pela metade. Meio alegre, meio triste, meia muçarela, meia calabresa. Mesa pra um, cama para dois, suíte, três quartos, fone de ouvido, comida congelada, par de meias e um pensamento:
Se fossem inteiras, não seriam vendidas aos pares?
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Em breve
- Em breve, ele concluiu.
- Quanto é breve para você?
- Pouco.
- Mas se a brevidade for um intervalo, como no caso, e intervalos são espaços de tempo de espera... breve é muito para mim. Posto ainda que Drummond diz que o amor é grande e cabe no breve espaço de beijar, o que parece pouco, mas é tão infinito quanto a vontade de te ver, te tocar, te fazer rir, te fazer bem... Mas quando estamos juntos tudo passa tão rápido que breve se torna absurdamente insuficiente. Assim penso que breve pode ter significados opostos, tão desproporcionais e tão injustos!
- E quanto tempo é infinito para você?
- É todo o espaço de tempo que quero estar com você e, ao mesmo tempo, todo o intervalo que eu estiver longe de você... é tão...
- Você fala demais.
...
E aproveitaram sua brevidade infinita.
terça-feira, 2 de abril de 2013
Fuga
Fundo. Bem fundo. E de pulmões cheios, começar a respirar. Olhos abertos, passos lentos e um novo rumo. O dia seguinte é sempre uma oportunidade justa de fazer diferente.
Ponto Ponto Ponto
E na relutância em virar a página, um vento sopra fechando o livro bem na hora que seus marcadores descansavam em cima da cama. Ponto final.
Era hora de começar outra história.
Abre aspas.
segunda-feira, 25 de março de 2013
Delírio VI
Voar...
Olhou em volta, uma garrafa de água vazia. Até a vida tinha acabado ali, evaporado através da tampa. Suas mensagens de otimismo pregadas com fita lhe sorriam, apesar de ter sido julgada amarga. Era provável que chorasse, de saudade talvez, quem sabe, um dia... mas nesse momento não sabia de mais nada. Só o que queria. E levou os balões no bolso da calça... porque agora era hora de voar.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Pão e circo
Ele ri na cara do perigo. Ele é o gladiador preferido na arena. Se comunica em outros idiomas mas ganha como se nunca tivesse aprendido a escrever. Faz acrobacias com o ordenado e dá audiência para as desgraças do mundo. Aplaude bolas em gramados e se comove com desconhecidos dentro de uma casa com piscina. Não vive sem coca-cola, internet e televisão. Reclama da TV aberta mas não mantêm a boca fechada. E vive de dieta... conforme a moda. Sete grãos, sem glúten, ômega 3, mas não deixa de ser pão... e circo.
Polaridades...
Procurando inspiração, me deparo com todas as revoltas e dissabores da vida e penso que penso demais. Estaria eu doente?
Nós pensamos, eu digo. A coletividade há de concordar comigo. Nada está bom e a gente planeja feriados e fim de mundo ao mesmo tempo na cabeça. Jogamos beijos venenosos e palavrões carinhosos... Comemos doce com salgado, dormimos com a janela aberta e edredon até a cabeça. E nos apaixonamos pelo cara errado, certo?! Várias vezes, claro!
Seguindo o roteiro: pensar antes de falar, antes de agir, antes de transar, antes de sair sem agasalho ou sem guarda chuva... a receita é simples. Simples para esquecer a chave, o guarda chuva, o agasalho, a camisinha, o sal, o açúcar, o remédio...
Mas não tem problema, visto que vamos acordar de mau humor, e este vai se dissipar em duas horas, voltando quase na hora do almoço e daí duas sessões de dor de cabeça, uma discussão, quarenta minutos abraçando pessoas incontrolavelmente e um ataque de risos. Não há porque se preocupar se a memória falhar nesse meio tempo.
Acho triste o hipocondrismo imperando aqui e ali. Mas o que posso dizer? As pessoas estão doentes porque pensam que estão doentes. E daqui a pouco ficarão pensativas porque adoeceram e não sabem o motivo. Do nada, risinhos contidos e a nova máxima:
"O quê? Não liga não, sou bipolar"
Antigamente havia uma glória em pensar que era bonito ser feio.
Hoje as pessoas estão doentes. E eu não lamento. Não por isso.