E, voilá.
Impaciente. Aguardava os comentários, ansioso.
Bravo!
Não, bravo, não. Talvez um pouco nervoso.
Excelentíssimo!
Meritíssimo, ilustríssimo... oras, eu não me formei em Direito.
Fantástico!
Pelo que me consta, só aos domingos. E hoje é sexta-feira.
Incrível!
Isso não é desenho animado?
Perfeito!
Bom, ninguém é perfeito.
Uma obra prima! Quem é o dono dessa obra prima?
Eu, mas na verdade, foi ideia da minha mulher e não sou exatamente dono, o termo correto é responsável.
Certo, sr. Responsável, então o senhor é o tio?
Como assim?
Na ausência do dono, o senhor é o responsável.
Correto.
Então isso o torna, digamos, o tio. Responsável pela obra prima.
Não, o senhor não está entendendo.
Não, o senhor é quem não está entendendo.
Prima de quem?
Imagino que da filha da tia dela.
Impaciente. Ainda aguardando comentários, confuso. Calou-se. O diálogo continuou entre os presentes (sim, alguns ainda estavam embrulhados).
Ah, certo. Obra prima!
Eu já havia dito isso. Seja original.
Impaciente. Aguardando o último comentário, entediado. Não podia simplesmente deixar o recinto. Era o centro das atenções, de certa forma. Ele e sua obra prima. Agora, ela mais que ele.
O último crítico coçou a cabeça, levantou-se, abriu os braços, sorrindo.
Obra tia!
Frustrado. Não fez objeções e nem questão de agradecer os comentários.
Virou-se e saiu, calado.
Ao longe, ouvia-se os aplausos dos críticos... para sua obra prima.