sábado, 14 de outubro de 2023

o cara da livraria

Eu tinha 22, ele 24. A gente se conheceu na livraria e eu atendi ele com o carisma de um funcionário público prestes a se aposentar, quando levantei o rosto e vi ele. Eu queria me esconder dentro de uma caixinha de big mac, mas paralisei e fiquei imaginando o que ele come no café da manhã, já que eu queria acordar todos os dias com ele agora.

Depois de alguns desencontros, a gente conseguiu namorar por 698 dias, com direito à poesia, cartas fofas, cappuccino no posto de madrugada e muitos filmes assistidos pela metade.

Até que acabou.

Chorei uns 5 anos, não por ele, mas por um personagem que criei, como se fosse ele. Chorei na balada, no trabalho, pós sexo, mercado, shopping, banheiro de bar, por aí vai. Chorei tanto que os meus amigos passaram a odiar ele, sem ele ter feito nada. Chorei até esquecer pelo que eu chorava. A gente se afastou pra eu me curar, a vida aconteceu. O meu coração ficou limpo e eu me apaixonei de novo (esse acabou também, mas essa é outra história, que eu espero não chorar 5 anos).

Hoje, 15 anos depois daquele dia na livraria, e depois de muita terapia, a gente continua amigo, não choro mais (não por isso) e guardo com carinho as boas lembranças. Não deixa de ser um felizes para sempre. Seja lá o tempo que durar esse sempre.

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