Esse texto tem umas ironias.
Devia ter parado no primeiro "você precisa mudar seu pensamento". O que vem depois disso não pode ser amor. Mas eu quis pagar pra ver. Eu não, ele. Que foi pagando muita coisa porque "não era todo mundo que tinha essas oportunidades" que ele me proporcionava. E o meu dinheiro era pouco e muito difícil de ser ganhado, né? Colei nele, que "sabia das coisas" e fui vivendo, aconchegada com tantos "você é ótima", "me preocupo com você" e "melhor que a gente não tem", que cheguei a pensar que um dia o "eu te amo" viria também. Não veio. Aí eu também parei de falar. Tava me sentindo muito idiota em chamar de amor alguém que nem me chamava pelo nome. Nunca me senti suficiente pra ele. Sim, tinha beijo na boca, o melhor abraço e era tão bom dormir junto, nas raríssimas vezes que acontecia. Ele fazia questão de estar junto em tudo, e com ele eu não precisava marcar horário, então tudo bem, né? Não lembro dele com tesão em mim, daquele jeito gostoso que a pessoa te olha mordendo o lábio ou te encoxando enquanto você cozinha, sabe? Mas a vida não é só sexo, gente. Vocês que superestimam isso, eu hein? Com o tempo eu também parei de sentir necessidade disso e matava a vontade sozinha. É sobre tirar a "responsabilidade" do outro. Não se engane, eu fui muito feliz. Acho que a gente foi, de verdade. Mas não poderia ficar te segurando pra sempre, cobrando algo que deveria ser espontâneo. E como ninguém é obrigado a nada, a coragem pra terminar veio. Ou um medo disfarçado de coragem, porque no fundo eu queria estar errada e ouvir você responder qualquer coisa, lutando pela gente. Nunca vi alguém aceitar tão fácil uma decisão que eu demorei anos pra tomar, chorando a cada segundo. Realmente, existem dois tipos de pessoa. Eu sou a que precisou mudar o pensamento.