elas são induzidas a doar seus agasalhos como afeto ao próximo. É um gesto nobre sem gratidão apropriada, sem destino conhecido.
As pessoas saem de casa, encapotadas, agarradas a seus players e passam o dia todo longe de casa, na correria do dia-a-dia, pensando em banho quente.
A primavera chega e as pessoas não mais se encontram ou marcam encontros, apenas se esbarram nos caminhos deste mundo pequeno. Perdem o espetáculo que as flores fazem, anunciando que a estação mudou. Não tem mais sentido ser flor.
O verão chega e as pessoas não mais vão à praia ou promovem churrascos, elas aumentam o ar condicionado, correm de moto, olham biquínis nas vitrines e começam a calcular o ano que perderam através de boletos atrasados e e-mails não respondidos.
O outono chega e as pessoas não mais se importam. Caem como as folhas, solitárias, separadas, divididas, destacadas por marcas, luzes, reflexos, mechas...salto alto, pela tecnologia. Inspiram suas próprias fragrâncias e sufocam-se com seus cachecóis, envenenando a próxima vítima.