domingo, 24 de novembro de 2024

nem era hora disso

Pra que santo a gente pede quando precisa desgostar de alguém? E esse pedido se faz necessário meio que urgentemente porque, depois de você, todo beijo ficou duro, todo flerte ficou sem graça e ninguém mais me chamou a atenção do mesmo jeito. A gente nem chegou a ser um nós. E eu só me dei conta que gostava (e precisava desgostar) quando senti todo o sangue do meu corpo desaparecer assim que botei meus olhos em você, 43 dias depois do nosso último beijo, que eu nem sabia que seria o último até agora (e nem queria que fosse também). Mas respeito é isso, eu sem te procurar desde que cada letra do seu "não estar disponível" chegou pra mim, como uma notificação decente de consideração, seguida de uma inevitável tristeza não programada. Não vou mentir que durou umas horas. Até que te vi pessoalmente, a pressão baixou e eu nem sei explicar o que senti depois. Você ainda mexe comigo mais gostoso que o movimento tímido da sua boca apertando e seus olhos inquietos. Queria ter trazido você pra casa pra dormir abraçada. Ao invés disso, só vim pra casa descansar, e cansar minha memória e sorriso,  lembrando, em loop infinito, de você. Talvez eu pareça mais romântica escrevendo que agindo, mas isso não importa. A Priscila sem gostar é muito mais produtiva, e é disso que preciso agora. E não é não gostar de ninguém, é não gastar tempo buscando reciprocidade onde não tem. Mas obrigada pelo seu sorriso lindo. É com ele que vou dormir na cabeça. 


* a vida é mesmo um eterno gostar sem escolher e tentar desgostar quando não é escolhida, pra não sofrer. Seguimos, que uma hora vai.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

não é sobre celulares

Quando eu tinha uns 24/25 anos, fui assaltada à caminho do trabalho. Eram umas seis e pouco da manhã, um cara me abordou, ainda dentro do bairro, com a mão dentro da camiseta, pedindo meu celular. Com sono e de fone, nem percebi o que estava acontecendo. Ele chegou tão perto de mim que eu travei, consegui puxar o celular do bolsinho lateral da mochila e entreguei. Ele só saiu andando, perdi de vista muito rápido. Virei a primeira rua, dei uma volta enorme, olhando pra trás o tempo todo, corri loucamente pra casa, bloqueei o cartão do banco, o chip do celular e avisei a empresa que ia atrasar.

Depois disso, fiquei algumas semanas sem telefone. Em 2012 a sociedade já dependia bem da vida online, mas eu não podia comprar outro, então o jeito foi esperar. Lamentei ter perdido as fotos que tirei com o Apanhador Só, no primeiro show que fui deles (eu ainda não tinha o costume de jogar tudo na nuvem, aliás, já era comum usar nuvem?) e a possibilidade de ouvir música enquanto tava na rua. Fora isso, não me fez tanta falta quanto pensei que fosse fazer.

Hoje eu acordei com a confirmação de um rompimento. Respondi e agradeci a sinceridade. Ele foi legal (essa história vai fazer sentido, eu juro). E, além de um pouco de choro, um tempo de qualidade com meus sobrinhos e tentar remediar a tristeza com alguma fritura, o algoritmo do instagram me arremessou um vídeo sobre como superar alguém que não te escolheu. A primeira coisa que a moça do vídeo fala é para agradecer a pessoa, mentalmente, porque ela tá te mostrando que não é a sua pessoa e tá te redirecionando pra onde você tem que ir. E conclui falando para se afastar, que é o que o meu psicólogo fala, incessantemente, desde que acabou meu último namoro.

Com vinte e poucos anos, durante aquelas semanas, cada dia que passava sem celular, sentia menos necessidade dele, até esquecia que já tinha achado tão essencial na minha vida. Ocupei meu tempo com outras coisas e, quando pude ter outro aparelho, passei a usar com mais cuidado e sabedoria. Isso, definitivamente, não é sobre celulares roubados às seis da manhã.

aceito os termos e quero continuar

- Você acha que colocou muita intensidade no começo?

- E eu sei ser de outro jeito?

Era uma sexta feira quando minha autoestima de centavos e eu contamos pra um amigo que eu tinha conhecido alguém, mas achava que já tinha estragado tudo. Eu queria não ter deixado transparecer que tava curtindo muito, porque talvez assim continuasse gostoso como era no começo, naquela fase em que ele me chamava pra sair e mandava mensagem falando que queria me ver. Então eu comecei a sentir saudade e falei que tava curtindo, aí ele explicou que não tava na mesma e preferiu se afastar. Ele foi decente e eu logo me dei por vencida porque, como diz meu psicólogo, eu suponho demais, sem saber realmente o que tá acontecendo e sem antes perguntar.

Sei que o começo não dura pra sempre, só que talvez eu seja ou esteja tão carente, e queira tanto um colo, um chamego, um romance de cinema que não existe (mas mereço), que me sinto negligenciada o tempo todo. 

Sabe aquela mentira que, de tanto que a gente conta, até a gente acredita que seja verdade? Eu falo tanto pra todo mundo que não quero namorar, que nunca quis casar ou morar junto, que comecei a acreditar nisso. E falava isso porque sempre tive medo de ninguém nunca querer qualquer dessas coisas comigo e eu ter que lidar com mais rejeição. Tinha época que não queria mesmo, mas eu nasci pra estar apaixonada e receber afeto, poxa. As coisas mudam.

Hoje li sobre o amor moderno e sua bizarra mecânica de que mostrar interesse é um ato de vergonha. Na hora passou um filminho das vezes em que eu caí nisso de tentar sentir o mínimo possível pra não perder as partes boas que já tinha. Isso não combina comigo e, de novo, eu sei ser de outro jeito?  Quanto tempo uma canequinha leva pra encher essa minha caixa d'água de emoções, pra eu poder mergulhar segura?

Falar encurta tanto o caminho. E nem acredito que eu, a maior defensora da comunicação aberta, escolhi me segurar e aceitar o mínimo de afeto, porque era "melhor que nada".

Só fala.

"...se a reação da pessoa for a mesma que a sua, veremos a Priscila em um domingo à tarde, abraçadinha no sofá vendo um filme terrível de romance". Chorei quando o meu amigo mandou essa mensagem. É isso. É justo comigo e com o outro.

domingo, 27 de outubro de 2024

5 quarteirões

Fui votar. Mas esse texto não é sobre política. Teve segundo turno nas eleições municipais na minha cidade. Meu local de votação fica 5 quarteirões de onde moro. Saindo de casa, o céu tava limpinho no meu bloco e logo na esquina de cima já tava todo escuro. Comecei a subir, dessa vez nem celular levei e logo me veio um pensamento: se acontecer alguma coisa comigo, quais números de telefone eu tenho decorados? Quatro. O de uma das minhas irmãs e de três ex-namorados. Logo em seguida, ainda no caminho, veio uma ventania que levantou folhas e algumas começaram a grudar nas minhas pernas. Tinha um cara xingando muito alto no telefone do outro lado da rua. Uma colega passou do meu lado e eu só vi quando ela me cumprimentou, quase encostada em mim. Saindo da escola era só descida, me bateu aquela angústia dos domingos e percebi algumas coisas aleatórias. Já tinha bar aberto (não eram nem 15h); parou uma ambulância do samu (sem aquelas sirenes altas) do outro lado da rua, mas não fiquei pra ver; a maior quantidades de placas no meu bairro diz para recolher as fezes do seu cão, e, apesar de ser um bairro cheio de repúblicas, por causa da faculdade, existe um número considerável de casas de repouso. Quase toda rua tem uma. A chuva começou quando eu estava a uns 30 passos de casa. Agora tá caindo com força lá fora. E por aqui a gente agradece muito, porque não acontece o ano todo.


(Hoje é dia de preguiça, mas eu vou voltar a falar do coração. É que ele tá vazio agora. Romanticamente falando)

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

um pouquinho de conversa

Faz quase um mês que não passo por aqui. E não é porque não tenho o que escrever. Só não deu tempo mesmo. Já comentei que escrevo mais quando tô angustiada, e quando tô feliz eu sumo, né? Mas não foi o caso. Tive muitas boas ideias, bastante trabalho, altas bads, choros descontrolados, terapia. E, pra quem ficou pensando se arrumei um amor e não vim contar, por isso sumi, sinto informar, mas isso também não aconteceu ainda. Quando acontecer, prometo que conto tudo.

É que tá meio difícil apaixonar, sabe? Daquele jeito que me pegava antes. E nem é porque me falta sensibilidade, só não tá acontecendo mesmo. Paciência.

Hoje um amigo postou um vídeo tocando uma música que desbloqueou um milhão de coisas na minha cabeça. Fiquei tão emocionada, botei a música no spotify e ouvi muitas vezes em sequência. Nunca faço isso. Tenho playlists, gosto de ouvir álbuns inteiros, aí sim repetir talvez. Mas nunca a mesma música várias vezes. Aí lembrei de outro amigo, de quando a gente conversa e fala que sem música não dá pra viver bem, que falta trilha sonora pra nossa vida.

Esses dias não consegui segurar o choro em público. Eu nem sei o motivo. Aí pessoas que eu não imaginava o tamanho da conexão que a gente tinha construído, me acolheram de uma forma tão boa, me senti tão importante.

Eu acho que o amor dos amigos tá fluindo de um jeito ultimamente que o amor romântico não tá conseguindo ser relevante. Deve ser isso. Mas continuo querendo. Acho que, mesmo que eu não me sinta tão pronta (será que alguém tá?), sei que tô disposta. Eu mereço um chamego. Pode vir.


*a música chama "Trem do Pantanal" e eu gosto na voz do Almir Sater. Talvez muita gente não imagine que eu também gosto de música assim. Principalmente quem leu os posts bem antigos desse blog, que tem músicas junto com os textos. Mas é aquela coisa, uma trilha sonora diferente para cada momento da vida.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

desvinculos

Nunca quis ser daquelas pessoas raivosas, que saem de relacionamentos odiando a outra pessoa, que perdem a confiança em todo mundo, a esperança nas relações. E ainda não sou. Mesmo com tanta história que já escutei e passei. Eu até achava um absurdo não manter amizade com quem se compartilhou tantos anos bons. Foi então que percebi que meu nível de tolerância é que beira o absurdo. Chega a ser ridículo o tanto de perdão que distribuí sem que alguém, ao menos, pedisse. Pessoas mentem, Pri. E mentiras doem.

Não tive filhos, animais de estimação ou qualquer ser que pudesse gerar guarda compartilhada e, portanto, um vínculo com alguém. Nunca nem quis morar junto, casar, formar família. O medo de alguém nunca querer nada disso comigo já fez com que eu passasse longe de ter vontade. Por não precisar manter contato, eu não preciso ter amizade quando me faz mal. Simples, né? Mas doeu até eu aceitar e aplicar isso.

Realmente, o que será que eu perdi pra buscar o amor com tanta intensidade? E quem vai querer o amor de uma pessoa tão danificada?


*esse não é apenas sobre os ex e pessoas que significaram muita coisa, mas também sobre pessoas que nem chegaram a ser alguém na minha vida, porque já começaram mentindo.

**bads de domingo são as mais reflexivas.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Nem só de sofrimento vive essa pessoa que escreve. Essa semana que começou puxada. Teve insônia, tristeza e perda de apetite. Isso acaba comigo. Só não posso ignorar. Então escrevo pra tirar de mim. Por isso tá saindo texto todo dia, praticamente. E por isso os assuntos estão bagunçados. Eu tô bagunçada. Mas passa.

Eu também fiz pão, terapia, oficina, tive conversas importantes e recebi companhia que fez carinho até acalmar. Não fico mais tentando ser forte. Sei que sou independente e fico bem sozinha, mas gosto de ter uma companhia às vezes. E faço o possível pra essa companhia não ser um remédio para curar nada. Não tô tentando substituir ninguém. Só que tô curtindo e não vou falar pra esperar o tempo certo. Tempo certo é a gente querer estar junto.

Ando muito ocupada comigo, tem muita coisa dando certo na vida profissional e o coração tá ficando um pouco de lado. Isso não é ruim. Mas tem coisas que só um abraço dá conta de acolher. E eu tenho acesso à um abraço muito bom ultimamente, com todo o combo de conversa, sexo e carinho. A dor é do passado. No presente tá acontecendo isso aqui. Fico feliz por ter ficado além do por do sol, porque desde aquele dia, a lua parece mais bonita toda vez que a gente se vê.

é assim que acorda pra vida

Assim que estreou no cinema, Bruno, meu psicólogo, recomendou que eu assistisse "é assim que acaba". Eu nem sabia do que se tratava. Duas das minhas irmãs tinham acabado de ler, então peguei o livro e devorei em quase 3 dias. Ainda não assisti, mas nem espero tanto do filme. Gostei do livro.

Então só na sessão de terapia dessa semana, mais de um mês depois, a gente voltou nessa pauta e ele perguntou se eu me enxerguei na história. Disse que não, porque eu não sofri as mesmas coisas, só que em alguns pontos fiquei me perguntando porque a protagonista, e eu, e tantas outras, aceitamos o que aceitamos. 

A gente até pensa que sim, mas...
Ele não é tão compreensivo assim se cada vez que você desabafa ele diminui a sua dor.
Ele não te apoia quando faz você pensar que não tem condições de se proporcionar lazer, e só ele pode te dar coisas caras.
Ele não te escuta quando acha que só o que ele pensa é o certo.
Ele não te respeita quando te dá atenção só quando tá sozinho ou longe de outras pessoas.
Ele não te ama quando te priva de uma vida sexual.
Ele ri na sua cara quando reclama que a vida tá ruim, diz sentir sua falta, segura você interessada e age na contramão de tudo isso.

E eu não me respeitava, quando permanecia totalmente disponível, só aguardando aquela gotinha de água que ele trazia de vez em quando, enquanto eu morria de sede o resto do tempo. Porque em todas as oportunidades que tive, sempre escolhi ele e ele nunca me escolheu.

Sempre achei triste casais que se tornam estranhos, gente que bloqueia, depois de tanta intimidade. Hoje eu entendo que às vezes é a única solução pra doer menos.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

pessoas não tão boas

Acreditar que todas as pessoas são boas até que se prove o contrário é uma frase perigosa se você não souber aceitar quando o contrário é, de fato, provado. Vou explicar. Nossa sociedade, pelo menos da minha geração (sou de 1986), foi criada enxergando, meio que inconformada, mas meio que tudo bem um homem morar com os pais até depois dos 30, tudo bem ele não saber fazer certas coisas de casa, porque coisa de casa é coisa de mulher. Até porque eles acham que a gente nasceu com o gene de saber lavar louça sem alguém precisar ensinar (quem nasceu sabendo desengordurar panela sem perguntar pra ninguém, levanta a mão aí, porque eu penei bastante). Acham que mulher nasceu pra ser mãe, toda fluente em choro de criança e cuidados gerais. Isso porque, ouvi dizer que até pra amamentar é um sacrifício e não te preparam pra isso.

Nessa visão social a gente cresce se envolvendo com esses homens e acaba, sem perceber, achando que eles não tem maldade, que só foram mimados mesmo e acabaram por não aprender nada, por isso não "ajudam" em casa (não é uma ajuda se você também mora na casa). Exatamente aí é quando a gente cai, ou no lugar de "deixa ele, tadinho" ou "eu vou mudar esse cara". E quando a gente vê que nada disso vai acontecer é frustrante, dá uma impressão que ninguém vai melhorar pelo nosso amor.

Meu psicólogo vive batendo na tecla de que é preciso saber o que quer e o que aceita, pra não viver de migalhas. Mentiras me incomodam e eu vivo criticando o alinhamento dos discursos. Foi assim que caí numa armadilha boba e cheia de precedentes. Quem acompanha sabe o quanto eu passei anos querendo ouvir um "eu te amo" e ser desejada sexualmente, mesmo sabendo que as pessoas têm diferentes formas de expressar o amor. E que atitudes falam mais que palavras. Até acordar e ver que a mesma boca que falava do caminho x, estava em um corpo que se dirigia ao caminho y. É o curupira agora, essa porra? Doeu porque dá uma sensação de burrice e de perda de tempo. Mas liberta parar no meio do caminho e recalcular a rota. Ainda há tempo pra viver e sentir tudo que a gente merece.

domingo, 15 de setembro de 2024

até outro dia eu tinha prints, hoje eu escolhi ter paz

A primeira vez que fui conhecer a nova lavanderia perto de casa, não tava preparada pra passar uma hora e meia lavando e secando roupa só sentada lá, à toa, e resolvi abrir uma caixinha anônima. Era 22 de dezembro de 2023. Fazia exatamente 10 meses que eu tava solteira. E o que chegou de putaria nessa caixinha, não tá escrito. Com o tempo abri mais vezes e parecia que as pessoas adivinhavam a fase que eu tava, mais gente começou a ler o blog, enxergar o meu coração e sentir comigo a dor que eu tava passando por ter precisado abrir mão de um amor que eu amei por tanto tempo sozinha. 

Aquela pessoa não existe mais, nem a que eu amei e nem eu, daquela forma existo mais. A força vem de lugares inimagináveis. Ainda carrego sequelas, medos absurdos de acontecer tudo de novo, de me entregar completamente e mais um cara não fazer questão de mim e, ainda assim, querer me segurar interessada, mentindo pra mim. Até outro dia eu tinha prints, mas hoje escolhi só ter paz. O fim do amor não pode ser só o ódio.

Em uma dessas caixinhas, mais recentemente, recebi a mensagem de que eu nasci pra estar apaixonada, depois que a pessoa leu sobre o cara do pôr do sol. Eu concordo que nasci pra isso, me faz sentir mais viva. Mas sinto desapontar, não tô apaixonada. Pelo menos não por enquanto. Talvez isso aconteça, sem pressão. E se acontecer comigo, torço pra que aconteça com ele também, porque saí extremamente machucada do último relacionamento, vocês sabem. Tem muito mais além do que se vê.

Minha vida parece uma temporada de malhação mesmo, né menina?

sábado, 14 de setembro de 2024

o cara do pôr do sol

Ele me convidou pra ver o pôr do sol. Achei diferente, e por ser algo que normalmente não faria, aceitei. Eu já tinha falado uns quatro nãos pra ele. E fazia pouco mais de 12h que a gente tinha se visto pela primeira vez.

Era domingo à tarde, véspera do meu aniversário e eu tava lavando roupa. Acabei, saí da lavanderia, estendi em casa e ele chegou em seguida. Pensei: "não vai dar tempo". Fui do jeito que tava. Beijo no rosto, localização compartilhada com as amigas e pronto. Deu tempo! No caminho, chegando em uma espécie de mirante, o sol parecia uma gema de ovo caipira no céu. Sentados lado a lado, passando um copo de cerveja pra lá e pra cá, agora o beijo foi na boca (e que beijo! E que boca!).

Quando vi já não tinha sol, nem som, nem gente em volta. Era só o meu corpo e o corpo dele, grudados. E, por algum motivo, não queria sair de lá. Se me disessem, na hora que eu conheci ele, que em algumas horas a gente teria um fim de tarde e noite tão bons, eu só iria rir. 

Eu comentei que no dia seguinte seria meu aniversário, né? Pois tem aquele lance de eu ter nascido à meia noite. Ele ficou comigo até depois da virada, pra eu não passar sozinha.

Em menos de 24h o cara do pôr do sol chamou minha atenção de um jeito que faz um mês que tô tentando entender, mas acho que só não precisa de explicação. 

Sei que escrevo romanticamente tudo mas a gente não tá apaixonado, o caminho até o coração tá mais difícil na fase que eu tô agora, mesmo assim, já fico animada quando sei que a gente vai se ver. É um bom sinal.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

de portas e peito abertos

Sempre digo que escrevo melhor, ou mais bonito, quando tô triste. E talvez por isso tenha sumido um tempo desse blog. Tenho muitas ideias, vivências e coisas boas acontecendo atualmente. Mas, por algum motivo, escrever sobre isso não flui da mesma forma que a mágoa e a melancolia. Então vou tentar misturar os dois, contar como cheguei aqui e ver se sai algo que preste. Mas fica por aqui que ainda vai ter romancinho bobo nesse blog, porque eu sou eu, né?

Vou começar dizendo que, acho que é a primeira vez que o centro da minha vida não é algum cara.

Nesse momento tô usando um fone de ouvido sem ter dado play em qualquer som, muito embora tenha uma faixa pausada no spotify. É mais pra abafar o som da realidade, da rua, do ventilador e do teclado enquanto digito tudo isso.

Acho que você, que me lê há algum tempo, percebeu que eu nasci querendo viver um contos de fadas. Mesmo sabendo que eles não existem pela duração que a gente acha que deveriam ter. O que existem são momentos meio contos de fadas, por um tempo de um story, ou um pouquinho mais. E tudo bem, porque a realidade não é uma coisa ruim. A gente que começou a acreditar que se não for meio perfeito, é inferior. Mas eu aposto que você tem, pelo menos, uma lembrança muito boa, de um momento extremamente simples e vida real, mesmo que seja vergonhoso, que te faz rir com gosto.

Pois bem, contos de fadas remetem à romance. E foi aqui que eu me fudi perdi. A baixa autoestima me fazia pensar que, pra alguém querer estar comigo, eu precisava me desdobrar e mostrar que era digna de algum amor. Gente, o amor não brota assim. E eu aprendi da pior forma: sem a tal da reciprocidade. Vejam, eu não tava sendo outra pessoa, era eu mesma, só que me anulando em prol de um romance. Tanto que hoje ainda sou dedicada e preocupada, mas o impacto é outro.

Enquanto escrevia esse texto, estava numa conversa com uma pessoa, que escreveu: "a gente se sentindo completo não cobra ninguém". Respondi que eu pensava "ah, mas eu não tô cobrando", só que cobrava em forma de expectativa. Era algo desejável". Quando a gente percebe tudo isso, as coisas mudam. E ser o centro da minha vida começou com uma decisão, muuuuito choro, dores de saudade, até o coração sentir que agora é assim. Muitas portas se abriram também. Coincidentemente ou não, na porta do meu quarto tem uma frase "cuidado que eu mudei de lugar algumas certezas", daquela música "Açúcar ou adoçante?", do Cícero. Porta também é uma palavra que me lembra o livro "Lugar Nenhum", do Neil Gaiman. Enfim, referências.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

breve reflexão de aniversário

Antes de ontem, dia 29, eu fiz 38. Caiu numa segunda, então era terapia-feira, e eu não quis desmarcar. Também não quis sair pra comemorar. Escolhi estar só, mas recebi tanto amor que é como se não estivesse. Pensa num dia que só teve notícia boa. Parece até errado. Mas deve ser porque a gente não tá acostumado com uma extensão de felicidade sempre.

Dentro das reflexões para esse novo ano chegar, na semana anterior destralhei a casa e um pouco do coração. Organizei minhas pastas de posts salvos no instagram. Lembrei de um vídeo em que a Fernanda Souza fala sobre o auto abandono. Ela dá uns exemplos mas, basicamente, diz que quando um bebê não tá recebendo atenção suficiente, isso faz desistir de chamar essa atenção em algum momento. Por um lado pode ser "bom", porque você aprende a se regular e ser seu próprio suporte, mas desistir de si mesmo faz mal.

Fiquei observando o tanto de atenção e carinho que sempre recebi e não me dava conta, porque passei anos vivendo em uma escassez de sentimento, esperando pela próxima migalha que não iria me saciar, mas me deixaria querendo mais. Todo dia era uma batalha pra não querer coisas que eu já não deveria querer mesmo. É muito louco quando passa o filminho na cabeça e vejo que nos momentos bons e ruins eu tava recebendo amor, só que achava que amor era outra coisa. Agradeço quem ficou, me recebeu de volta de braços abertos, e ajudou a me devolver pra mim mesma.

Saber diferenciar como me sinto por alguém e como essa pessoa faz eu me sentir é ouro.


(nota: eu não gostei muito do jeito que acabei escrevendo esse texto, mas é o que tava sentindo e não acho muito certo ficar editando os sentimentos para parecer mais bonito. Tem dia que até os sentimentos saem descabelados por aí e essa é a graça da coisa).

solidão é um perigo

Solidão é um perigo, né? Qualquer intensidade extrema também. Acho que isso foi redundante. Já dizia minha mãe: "tudo que é demais faz mal". E eu acrescento: desde tristeza até água. Ficar só, por uma escolha, passar momentos em silêncio fazendo nada é uma delícia. Sentir só é que dói, porque isso pode acontecer até no meio de uma multidão, no show da sua banda preferida. E, se já não tá num momento bom, pode trazer uns pensamentos intrusivos horríveis.

Acordei e continuei deitada, como qualquer outro dia. Quando se vive numa era de internet, não precisa de muito pra começar o dia, socialmente falando. Celular na mão, conversas atualizadas, levantei, escovei os dentes, troquei de roupa, abri a janela, fechei de volta, deitei de novo. Fechei os olhos, só queria acabar com esse cansaço que bateu do nada. Dei uma leve cochilada de pouquíssimos minutos, talvez cinco ou dez. Virei de lado, meus olhos começaram a escorrer. E a evolução desse choro me trouxe situações imaginadas que chego até ter vergonha de contar. 

Olhei em volta, preciso limpar esse apartamento, me imaginei no corredor do mercado, procurando o produto de limpeza mais forte, que me deixaria tonta só de sentir o cheiro e me deu medo da escolha que eu poderia fazer de desinfetante. Calma, eu não tenho essa coragem. E não me odeio, só me sinto só. Isso passa. 

Não vou fazer nada, não quero dar trabalho pra ninguém. Perdi um pouco do prazer em comer, meu sono tá caótico. Mas não faz sentido eu pensar em nada disso. Tentei recuperar meus planos bons na cabeça, minha viagem dos 40 anos, qualquer outra coisa. Nesse momento tudo parece impossível, mas acho que as crises são pra isso, pra questionar. Então pensei: vou produzir, trabalhar nos projetos em andamento. Provavelmente vai ser isso que vai me arrancar da cama mais fácil. E é tão triste que nos nossos piores momentos, a gente se afunde no trabalho. A sociedade é podre. E ainda assim, ela não vai se livrar de mim tão fácil.

terça-feira, 25 de junho de 2024

comida e amor próprio

Uma vez o psicólogo perguntou qual era a minha relação com a comida. Pensei sobre todos os lugares legais que já tinha tido a oportunidade de ter uma experiência com uma refeição. E respondi que minha relação era ótima. Até me lembrar que a maioria das vezes eu ia pela companhia e a minha companhia ia pela comida. Então comecei a pensar se eu tinha um prato preferido, uma culinária que me agradasse mais. E isso me despertou pra uma coisa. Acompanhem.

Tô na TPM e me deu vontade de comer casadinho. Aí fui fazer, derrubei leite condensado no fogão, errei a proporção de chocolate, não quis seguir receita, coloquei pra gelar sem o menor cuidado de colocar o filme em contato. Foi então que reparei que, por mais que eu seja dedicada e goste de cozinhar para os outros, quando faço algo por mim é sempre do jeito que dá. Se falta ingrediente eu improviso, se derruba nem lamento, se passa do ponto tá tudo bem também. Essa falta de capricho comigo mesma me faz pensar o quanto talvez pareça que eu não me ame o suficiente e, talvez, por isso, pense que sou difícil de amar. 

Enquanto enrolava o doce, fiquei pensando. E isso já me fez perceber que, pelo menos, esse cuidado eu tive, já que não gosto muito de brigadeiro de colher, acho um improviso preguiçoso. Então fiz questão de enrolar tudo, do jeito que gosto.

Essa reflexão me fez encontrar minha comida preferida, e descobri que não tenho só uma. Sempre gostei muito de pizza, a mais básica possível, sem muito recheio, só que nunca nem me aventurei em fazer a massa e o molho do zero, por exemplo (taí uma ideia pra praticar). Tenho dois PFs queridinhos também, que são arroz, feijão carioca com caldo grosso, salada de alface com limão e banana frita e outro de macarrão alho e óleo com salada de maionese. O primeiro me lembra um pedacinho da infância e o segundo eu já fiz tanto pra mim mesma que me conforta. E foi aí que fez todo sentido a existência do termo "comfort food". A comida é tão universal, essencial, nostálgica, que não alimenta somente o corpo. Parece óbvio, mas quando você passa um período sem sentir prazer por comer, é como se estivesse se redescobrindo através do paladar.

sábado, 22 de junho de 2024

o cara da comédia romântica

Conheci alguém. Ele me trata bem, conversa sobre tudo e me proporciona momentos dignos de uma comédia romântica. A gente dançou outro dia, do nada, no meio do apartamento. Nem lembro o que tava tocando (a gente tem mania de bagunçar toda a playlist o tempo todo e eu amo!). Foi um dia em que ele apareceu de surpresa. Me abraçou enquanto eu cozinhava. Me olhou com vontade enquanto eu tava ali, só existindo. Eu nem lembrava a última vez que tinha sido desejada daquele jeito. E a gente fez coisas que me deixam arrepiada até agora, só de pensar. Tem hora que me beliscar não é suficiente. Então eu mando mensagem e a gente começa a falar daquele dia, e de todos os outros que a gente ficou junto, apreciando a companhia um do outro. E o carinho, o diálogo, o sexo, aquele grude na hora de ir embora, já querendo que ele voltasse. Uma boca com sabor de recomeço, sabe? Demorou pouco mais 6 meses entre a gente se conhecer e se beijar. Até porque a gente nem tinha interesse um no outro. A gente tinha se visto uma única vez, por uns 10 minutos. E agora eu conto as horas pra ver de novo.

Sei que tem cara de história inventada, mas sempre parece ficção quando conto só a parte boa. A gente tem traumas, problemas e uma baita dificuldade pra se encontrar. Os encargos da vida adulta e o capitalismo complicam muita coisa. E a auto sabotagem. Ela vem forte demais. É quando eu acho que não mereço um capítulo assim na minha vida, é aquele "bom demais pra ser verdade". Fico me preparando para o dia que ele vai perder o interesse e eu vou chorar. Essa é a hora em que eu respiro fundo, tento relaxar (sem muito sucesso), e com muito custo, falo pra mim mesma: ninguém, muito menos eu, vai me tirar essa sensação boa. Mesmo que seja passageira. E vou dormir.

fechamento

Um dia a gente cansa de tantos começos breves. Aquele vai e não vinga. É aí que o coração esfria, a fé enfraquece e a gente se pega aceitando migalhas novamente, pra satisfazer curtos momentos de prazer. E, ainda assim, me sinto a moça que oferece cartão da loja quando alguém aceita fazer o cartão. Perdidíssima e contemplada. E com fé no final feliz. Que, nesse caso, é uma aprovação seguida de uma comissão. Mas porquê precisa chegar no final pra ser feliz? Talvez porque os começos já são, por padrão, felizes. Já que a gente tá na empolgação, e também ainda não conhece bem os defeitos da pessoa. Tudo é novo e recheado de primeiras vezes juntos. O meio também é feliz, só que a gente só se dá conta quando passa do final, que geralmente é triste. Até porque, se é feliz, porque finalizar? Isso me lembra que eu tenho esse amigo, e ele sempre que tá em um relacionamento, se refere à namorada como "meu fechamento". Eu achava gíria de jovem, exagero, sei lá. Talvez eu tenha perdido um pouco a esperança em alguns momentos, mas ter alguém que fecha com você deve ser bom demais. Fechar no sentido de guardar é proteção de algo importante, tipo a pedra filosofal, ou algo assim. A gente fecha janelas, portas, casacos, potes (caso não tenha perdido as tampas) pra conservar, aquecer, durar mais. Quando a gente se fecha para algo, é o medo de arriscar, de sofrer, de aguentar sozinha. Mas quando alguém fecha com a gente, esse alguém te dá a mão, acompanha, te completa, preenche o que falta. Não deixa de ser um cuidado também. Viajei aqui, mas a ideia é muito boa. Quem sabe um dia eu me abra para ser o fechamento de alguém.

para todos os finais de domingo

Quem eu vou amar agora? Parece uma pergunta bem ridícula. E quem vier responder "você mesma" vai apanhar. Ouvir isso é tão chato quanto gente te mandando prestar concurso pra ser alguém na vida. O amor próprio não vai deitar do meu lado e passar a mão no meu cabelo no final do domingo. Tô tão cansada de precisar ser forte o tempo todo, enquanto o tanto de amor que tenho dentro de mim apodrece por não ter destinatário. Dramática sim. Me deixa. Acho que todo mundo chega num ponto de carência parecido, em algum momento. Não é porque eu não quero casar ou assumir um relacionamento agora, que significa que quero estar só sempre. Todo mundo merece um chamego de vez em quando, daqueles que o relógio para quando tá junto, sabe?

sexta-feira, 21 de junho de 2024

estilhaçada

Há exatamente um ano, nesse mesmo horário, eu tava me preparando pra viajar e realizar o sonho de sentir a neve de pertinho. É um sonho básico, mas pra mim era bem forte. Tinha passagem, hospedagem e uma boa companhia. A gente tinha feito aquilo tantas vezes juntos. Passar horas em aeroporto, viajar de ônibus de madrugada, vigiar as malas pra ir ao banheiro, revezar no sono pra um tomar conta do outro. Hoje eu enxergo um tanto de carinho nisso. Dessa vez era diferente, só que a ficha não tinha caído pra gente ainda, eu acho. Foi a melhor viagem. Lembro que antigamente ele contava os dias e mandava mensagens pra me lembrar. E eu fingia que não ligava tanto, mas tava empolgada pra gente poder dormir junto, porque era uma das poucas oportunidades de isso acontecer.

Aí eu tava aqui pensando no que escrever sobre isso e a minha playlist tocou uma música chamada "shattered" no aleatório. Escuto sempre ela, mas foi interessante nesse contexto, em que eu tava me sentindo realmente "estilhaçada", mesmo que por uma memória tão feliz.

Quantas vidas será que eu vivi enquanto tentava te esquecer?

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Esses dias eu acordei e foi mais um daqueles dias em que não tive força pra levantar cama. Infelizmente esses dias têm sido frequentes. Então fico buscando motivos pra me tirar disso tudo. Tento alguma coisa que costumava me deixar animada. Às vezes só me puxo pra fora dela por causa dos boletos vencendo. Até eles estão vencendo mais que eu ultimamente. Me incomoda de um tanto não ter vontades, perder apetite, não sentir prazer em várias coisas. O trabalho, ainda que no automático, me ajuda, não só pelo medo de ficar devendo o aluguel, mas pela escolha que fiz lá atrás, de trabalhar com criatividade. Se eu tivesse que vestir uma cara boa de manhã e passar o dia em um escritório, não sei se estaria aqui escrevendo isso. Porque provavelmente estaria enfiada numa sala, passando raiva com cliente, driblando prazos apertados. Esse texto nem era pra ser sobre isso. Mas talvez tenha sido porque precisava sair de mim.

não foi minha vez

Cheguei no ponto de ficar com vergonha de ainda estar mal, vergonha de sentir saudade, vergonha de chorar. É absurdamente triste estar com alguém e só me dar conta depois que eu só queria que ele gostasse de mim do jeito que eu gostava dele. Eu nunca exigi muito, pq acho que em relacionamentos não cabem exigências. A gente tinha tanta coisa boa juntos. E construímos um nível ótimo de amizade. Mas talvez ele não tenha conseguido gostar mais e como sempre teve dificuldade pra se expressar, eu fiquei na esperança de que fosse minha vez de ser amada. Sei o quanto isso tudo soa patético. Sinto falta do que ele não conseguia me dar. No fim, faltou afeto. Cada vez que eu morro depois de um relacionamento, tenho esperança de um outro recomeço. Dessa vez não sei se tenho mais. Agora sempre acho que não vou mais me sentir segura, que ninguém vai dizer que me ama, como a última vez, e que me dizer adeus vai ser só mais uma quarta feira qualquer.

rejeição e brigadeiro

Desistir da gente nunca foi uma opção pra mim. Mas te deixar ir também não foi suficiente, além de extremamente dolorido. Te esperei e te procurei em tantos outros lugares. Mesmo sabendo exatamente onde você tinha escolhido estar. Eu não queria acreditar no tanto que foi fácil pra você ir embora sem olhar pra trás, como se eu não significasse nada. A rejeição pega de um jeito né, menina? Desde então toda manhã, no lugar do bom dia, mastigo um mantra pra lembrar que escolhas foram feitas e mudar isso não depende de mim. E toda noite, no lugar do aperto da falta de ouvir "dorme bem", eu tento me forçar a acreditar que ele não vai ser o último cara que vai me amar. Mas também, o que eu poderia fazer com esse amor? Esses dias fiz brigadeiro. Porque a vida acontece apesar de.

Quando eu falo que não sou mais problema seu, assim como você não é mais o meu, é porque me dói aceitar que também não sou mais o interesse seu, o afeto seu, o amor seu. Problema soa um pouco mais leve pra aguentar.

Mas não é justo só eu sentir a sua falta e dormir de exaustão, depois de tanto chorar de saudade. Eu não queria ter que viver sem você, envelhecer sem você do meu lado, perder todas as chances que a gente ainda poderia ter juntos. E não faz sentido algum continuar desejando um futuro com alguém de quem eu só falo no passado.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

A fé que costuma falhar

A gente acha que a tristeza maior é quando o amor acaba, mas eu acho que é quando a esperança acaba. E não falo sobre se segurar num fio com aquela pessoa específica, naquele "quem sabe um dia". É sobre a esperança geral, com todo mundo. Que pode ter sido desencadeada pela pessoa específica. O ponto em que a gente para de acreditar que vai dar certo de novo, com quem quer que seja.

Por mais que eu leia, converse e até publique toda minha fé nos emocionados, ela não é tão forte mais. Tem dias que ela nem existe. Se relacionar depende de mais de uma pessoa. E a gente não manda no sentimento do outro, ainda bem. Mas, ao mesmo tempo, deseja essa troca e se frustra quando não tem. E, como a frustração também dói e uma hora essa dor causa uma exaustão tão grande em nós e nos que convivem com a gente, é melhor fingir ou desistir.

Eu não tenho mais esperança em acreditar que eu valho a pena pra alguém. Quando até quem diz que me ama, não faz questão de lutar por isso. E nem precisa lutar. Eu tava fácil, até demais. Sabe como é difícil a pessoa que você gosta gostar de você, ao mesmo tempo, no mesmo universo, sem barreiras impeditivas?  Uma em um milhão. Ou falar que ama já não é mais a mesma coisa em 2024? O que fizeram com os nossos verbetes e conceitos? Acho que esperei tanto que perdeu o encanto. E acabou com a minha esperança. Sobre tudo.

E não venha me falar de amor próprio nessa hora! Foda-se se parece fútil, mas o chamego que eu sinto falta é o que vem do outro, não tem jeito.

Eu choro desde que nasci. E isso não diminuiu muito até eu chegar na fase adulta. Com o tempo fui categorizando esses choros. Tem dia que é só aquela emoção que molha de leve os olhos, algumas vezes as lágrimas escorrem, em uns momentos chego a soluçar, mas também acontece esse fenômeno de me faltar ar. Acredito que esse último não seja só uma emoção querendo sair, sabe? É como se fosse um combo empurrando. E o buraquinho que sai lágrima é tão pequenininho e insuficiente pra tudo que tô sentindo. É aí que o meu corpo começa a puxar o ar de fora e nem ele vem pra dar conta. O bom é que quanto mais me conheço, mais sei que isso passa.

segunda-feira, 6 de maio de 2024

sempre tem alguma coisa acontecendo

Existe um texto, atribuído a Shakespeare, que diz que não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não para para que você o conserte. Eu gosto de Shakespeare desde criança, meu avô tinha um livro de contos dele, um dos primeiros que li na vida, juntamente com "A volta ao mundo em 80 dias", de Julio Verne, vários do Pedro Bandeira, contos de Machado, e uma porrada de poesia. Minha base literária diz muito sobre quem eu sou hoje: uma pessoa que busca aconchego na ficção.

Aí hoje, saindo destruída da sessão de terapia, chorando sem parar, essa passagem veio muito clara na minha cabeça, assim como o texto completo, que tenho quase decorado até hoje. Meu psicólogo mora no Rio Grande do Sul, e tá acontecendo uma tragédia climática por lá. E eu saí triste de preocupação e pensando como é injusto, ao mesmo tempo, eu não poder ignorar os meus próprios problemas para poder focar em uma coisa importante, junto com a sensação de impotência por não poder fazer nada, e a falta de energia para qualquer uma dessas coisas. Foi quando entendi que a vida é isso mesmo. Sempre vai ter alguma coisa acontecendo, e  mundo não vai parar pra gente consertar nada. Ignorar isso só vai fazer atrasar alguns processos de cura. Como quando a gente coloca a nossa dor no bolso pra cuidar da dor de outra pessoa. Coisa que faço o tempo todo, inclusive.

Agora tô aqui refletindo como viver sem me sentir egoísta por pensar em mim, inspirada por um dramaturgo inglês do século XVI.

Nota: depois de escrever esse texto, descobri que o texto atribuído ao Shakespeare, na real é uma publicação de uma mulher, Veronica Shoffstall, e ela teria escrito no seu livro de formatura, quando tinha 19 anos. Isso diz muito mais sobre a sociedade, a mídia e torna mais interessante ainda a minha reflexão.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

compras da semana

Eu tava bem. Eu tô bem, na verdade. Tenho tido mais dias bons do que não tão bons. Consigo fazer meus programas preferidos sozinha, do jeito que gosto. Mas também procuro socializar, minimamente, porque é necessário quando se cresce em sociedade. A semana não poderia ter começado melhor. Coisas dando certo, preocupações sob controle, altas reflexões para não pirar, lugar de escuta, definição de metas, planejamento, vida. Na sessão de terapia dessa semana uma única palavra me tirou todo o controle e eu não consegui prever que iria desabar. No dia seguinte, todos os gatilhos das prateleiras do supermercado me abraçaram sem que eu tivesse tempo para pedir socorro. Respirei fundo. Olhei em volta. Tava cheio, mas não tanto. Alguns corredores vazios. Conferi a compra. Provavelmente não tinha esquecido nada. Talvez devesse. Só pensei: quanto tempo será que demora pra essa fila andar? Tinha um peso considerável nos meus braços, sabe? Sem falar que fica a marca da alça da cestinha doendo um pouco depois. Eu sei que não volta ao normal rápido, pelo menos não o que eu considerava normal antes. Passei no caixa. Qualquer sacolinha já faz um rombo na nossa conta ultimamente, né menina?

quinta-feira, 21 de março de 2024

haja amor

Acho que sou viciada em sentir. Tem gente que não consegue ficar só e, por isso, emenda uma relação na outra, só pela certeza que vai ter uma companhia pra tudo, mesmo sem amar, sem coração limpo e com traumas por resolver. Tem gente que se fecha e jura que não vai mais gostar de alguém pra não sofrer de novo. E tem gente, como eu, que não se importa em sofrer, desde que antes desse sofrimento haja amor. 

É como percorrer o caminho começando pelo outro lado. A nossa cultura ensina que a gente precisa se fuder primeiro para depois receber a recompensa. Quando um relacionamento acaba é como se a gente tivesse vivido a fase da recompensa antes, só isso.

Eu gosto de gostar. Desde que me entendo por gente, tô sempre gostando de algum cara. Vivi amores platônicos intensos na adolescência. E, quando você conversa comigo hoje, sempre acha que tô apaixonada, apaixonando ou caçando alguém pra me apaixonar. Um círculo vicioso.

Mas é que a vida parece tão melhor quando se tem alguém para escrever sobre, presentear, mesmo que na imaginação. Alguém que te faz conectar com memes, se identificar com frases de filmes, trechos de música. Imaginar essa pessoa em todas as fotos de paisagens da internet, como se vocês fossem pra lá um dia. Inclusive, lembrei de uma frase da série "you" (eu sei, problemática a série), mas a frase diz assim: "o que você perdeu pra buscar amor com tanta intensidade?" Ainda não consegui responder isso.

E eu nunca fui a pessoa que procura alguém para me completar ou me curar de qualquer coisa. Até porque, evito me envolver se não estiver com o coração limpo. Pra quê vou arrastar alguém pra passar perrengue emocional comigo, né? Gosto de ficar sozinha e descobri que fico bem assim. Mas porque caraleos eu insisto em querer ter alguém fazendo o meu coração arder o tempo todo? Já não moro numa cidade quente o suficiente, não? E geralmente é alguém que não vai corresponder. E eu também não quero ficar com essa pessoa, só sentir mesmo. Que objetivo é esse? Talvez o vício seja em querer tanto reciprocidade, mas ter tanto medo dela, que sempre acho que ninguém vai ter interesse por mim por muito tempo, mas pode ser que isso também seja coisa da minha cabeça, porque o dia que isso acontecer, nem vou ter roupa pra isso. Talvez seja até melhor sem roupa, mas enfim. Fica a reflexão e a recomendação de reabilitação.

terça-feira, 19 de março de 2024

Eu te amo e vai passar

O diálogo mais famoso de fleabag é quando a personagem da Phoebe Waller-Bridge fala que ama o padre gato e ele responde: "vai passar". É um momento angustiante, e eu me derreteria inteira, jogada no chão da cozinha, cada vez que lembrasse dessa cena, se não fosse a compreensão dela no final. Se ela, que foi a rejeitada, logo depois de confessar o seu amor, entendeu, porque eu não entenderia?

Às vezes o amor só não dá mais certo depois de um tempo. Ou não é suficiente, correspondido, esperado, apreciado, existente. E eu não entendo esse sentir, se não quero mais nada.

Quando penso, agradeço a sorte de ter vivido a maior experiência que pude com o amor, com você. Tem gente que passa a vida sem saber o que é isso.

Quando sinto, ainda me rasga de ponta a ponta, que eu chego a virar noites rezando pra não te amar mais, do tanto que dói. É quando eu lembro da cena de fleabag "vai passar". Porque sei que passa. E quando esse dia chegar, vou rir tanto, que nada vai me tirar esse prazer.


(Sim, eu tô extremamente cansada desse assunto, desse sentimento, dessa dor, de pensar e falar sobre isso)

segunda-feira, 18 de março de 2024

igual sorteio da tevê

Faz uns meses que tem um projeto de texto arquivado com o nome "depois de você". Só que percebi que ainda não existe um depois de você, porque, de alguma forma, eu não tô deixando você sair de mim e nem você me deixa sair de você. E pra quê? A gente se gosta, mas não funciona junto mais. 

Não quero ficar presa à uma pessoa que já seguiu a vida e que já tem outra pessoa, você consegue me entender? Parece que você adivinha o momento que eu tô quase te deixando ir e reaparece, aí eu fico com a sensação de esperança da gente ficar junto de novo algum dia. 

É tipo promoção dos anos 90: é só você juntar 20 embalagens, preencher um negócio, comprar um envelope, selo, não esquecer de responder por quem o seu coração apanha e enviar para uma caixa postal. E torcer muito pra ser uma das cartas sorteadas, das que vão jogar em cima do apresentador no palco, ao lado de um carro girando, num intervalo de um programa qualquer. E, se chegar a ganhar, pode nem ser o prêmio que você quer.

É muito trabalhoso e dolorido esperar por você. E ainda não tem garantia que vai dar certo ou que vai ser o que a gente precisa. Já disse, o amor não segura uma relação onde falta tantas outras coisas. Não, eu não sei o que você pode fazer. Se eu não consegui te superar nem sabendo que você assumiu outra pessoa e faz com ela tudo que eu sonhava que fizesse comigo, mas nunca fez, eu não tenho solução mesmo. Você pode falar que me odeia, na minha cara, que talvez eu ainda te queira um dia, pelas memórias, pela burrice ou pelo medo de achar que ninguém nunca mais vai gostar de mim.

Só que, e se alguém gostar e eu não gostar de volta? Eu tô cobrando reciprocidade, não tô recebendo e tô me apegando à uma coisa que não é o que eu quero? Sim, tô conversando comigo mesma e tomando no cu sozinha. É, acho que vai existir o "depois de você", afinal de contas.

quarta-feira, 6 de março de 2024

Linguagem do amor

Acabei de ver uma imagem na internet que dizia: "conhecer restaurantes juntos é uma linguagem de amor". Comecei a chorar. Não conheço ninguém que ama mais isso que você. Sair pra comer, planejar viagem, ser a pessoa do "vamo", dar um jeito de me tirar de casa, porque "ficar aqui dentro sozinha muito tempo poderia me deixar depressiva"... tudo isso era a sua linguagem do amor. E eu, cega por querer tanto ouvir um "eu te amo", sempre achei que não fosse o suficiente. E infelizmente ainda acho. Mas talvez a minha linguagem do amor também não sirva pra você. Por isso não me arrependo de nada, e nem quero voltar, mesmo chorando de saudade. A gente viveu uns bons anos juntos. Até outro dia tava duvidando, mas agora acho que tinha amor sim.

Equilíbrio

A primeira foto que tiramos juntos foi numa gangorra. Em um parquinho atrás do lago de Holambra. Quando você foi conhecer uma parte da minha família. A gente tinha 2 meses de namoro e a legenda da foto era "equilíbrio". Eu achava a gente um casal meio feinho no começo, então quis começar com uma foto conceito. Pode rir. E não é como se você fosse compartilhar a foto. Você também não fazia questão de exibir a nossa relação por aí. Eu pensava que a gente não fosse durar. Tão diferentes. Nem imaginava que fosse te amar tanto e querer contar a nossa história pra todo o mundo.

terça-feira, 5 de março de 2024

Fleabag e detox

Fleabag é um bombardeio de emoções e não sei dizer até que ponto é bom se identificar com uma protagonista fudida, triste, insegura afetivamente e viciada em sexo com pessoas aleatórias. Até porque, esse último me pegou forte. Daí lembrei daquela frase do Gabriel García Marquez, em memórias de minhas putas tristes: "o sexo é o consolo quando o amor não nos alcança". Isso é mesmo problemático ou a base social em que fui criada é que me faz sentir culpada por praticar isso?

Fleabag é drama, mas também é comédia romântica, só que não segue a receitinha de bolo de nenhum desses gêneros. Se eu terminei a série melhor que comecei? Acho que sim. Ainda mais eu, que mesmo tendo sido forjada nas comédias românticas dos anos 90 e 2000, já caí na real que final feliz nem sempre é ficar com o mocinho. E que só amor não segura relação, ainda mais quando é unilateral.

Na temporada atual da minha vida não tem padre, mas tem a recomendação do psicólogo para desintoxicar de me sexualizar constantemente para preencher o vazio de sentir "o fim do mundo todo dia da semana", como diz a música Refrão de Bolero. Então entre divagações sobre solitude e solidão, uma lista de filmes com finais felizes e idas sozinha ao teatro, tento não buscar envolvimentos rasos por aí. Todo dia parece um ritual de despedida de uma vida retirada da ficção.

Seguimos.

segunda-feira, 4 de março de 2024

Catchup e Mostarda

Todo dia 04 era dia de festa, do nosso jeito. Ou a gente saía, ou viajava (você amava essa opção mais que tudo), ou ficava pra fazer janta juntos e assistir algum filme que tivesse final feliz e paisagens de outros países, porque assim agradava os dois. A invenção do termo "mesversário" nunca foi tão bem aproveitada. A gente não tinha nada a ver. Eu escutava isso desde o começo até depois do fim. O gosto musical, tipo de rolê, sabores de pizza. Inclusive teve aquele vez no rodízio que passavam com dois sabores e o que eu escolhia você não gostava e vice versa. Opostos complementares. Eu cerveja, ele vinho. Nenhum dos dois café. E quando, sem querer, a gente saía um de vermelho e um de amarelo, sem combinar? Isso acontecia muito. Então a gente olhava pra cara um do outro e falava "catchup e mostarda", por mais que a preferida dos dois sempre fosse a maionese. Era uma coisa muito nossa, igual quando os casais colocam apelidos carinhosos um no outro, sabe? Um dia eu até tentei, na brincadeira, porque sempre achei brega, então permaneceu secreto, como várias outras coisas, dessas que a gente entende só de olhar um para o outro. São muitas memórias. Não quero esquecer, só quero que não fique doendo. Feliz dia 04. Espero que você esteja bem.

(hoje seriam oito anos, desde aquele beijo "só pra ver se vale a pena", e valeu)

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Quebrada

Tenho 1,72m de altura. E isso chegou a afetar minha postura. Mas talvez você já tenha me visto em outros tamanhos e formatos. Do tanto que já me dobrei, me espremi e me quebrei pra encaixar onde não tinha espaço. Às vezes me arranjava num cantinho, passava anos batendo à porta de algum coração. De leve. Não queria incomodar. E é claro que não conseguia entrar. Ninguém quer gente que se humilha. Nem como par, nem como família. Sempre fui daquelas que dão passagem pra todo mundo nas calçadas, mesmo que tenha que pular uns canteiros, desviar de umas obras abandonadas. Pode cortar fila. A sua pressa é mais importante que a minha.

Tem dia que dá vontade de gritar, confesso, mas vai que atrapalha alguém no processo. Até porque, se eu jogar tudo pro alto, vou ter que catar. Isso vale para copos e corpos. E não adianta chorar. Aí tem que juntar tudo e colar peça por peça. Lembrar que ficam encaixes tortos, marcas e umas frestas. Ali passa luz, vento, som e dor. E, se você reparar bem, daria pra passar um pouco de amor. Mas tem coisa que o amor não se presta.

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Tô escrevendo mal e isso é bom

Sempre tive um puta orgulho das coisas que escrevo. Mas ultimamente tá tudo tão mal escrito. Não vou apagar porque é parte da minha trajetória, mas os 3 últimos parece que são notas aleatórias que esqueci em algum arquivo. Tudo misturado, descuidado, sem uma estrutura, um desfecho gostoso, com sabor de quero mais. Mas acho que sei o que tá rolando.

De 2000 a 2009 participei de alguns concursos literários. 2000 me rendeu um prêmio, entregue na prefeitura, primeiro lugar da escola. Era uma escola pequena, e só as oitavas devem ter participado, não me lembro. Era um texto objetivo, sobre o perfil da mulher do ano 2000. Saí até no jornal, com o uniforme horrível da oitava série e um batom prateado, mais horrível ainda, mas que me colocava bem inserida na galera, no auge dos meus 13 anos.

Em 2003 eu cursava o último ano do ensino médio e a minha escola lançou o primeiro concurso de textos entre os alunos. Fiquei em segundo lugar na categoria poesia e o título da minha obra era "mágoas retratadas". À essa altura eu já tinha percebido que as desilusões da vida me inspiravam mais do que momentos felizes. Inclusive, era sobre isso que o poema falava. Que desilusões, Priscila? Eu só tinha 17 anos no final de 2003.

Mas tudo isso fazia sentido, no final das contas. Quando tô mal, remoendo, lamentando, indagando, toda a dor se transforma em verso, pra tirar de mim e doer menos. Quando tô feliz, tô só vivendo e evito perguntar até que hora vai dar errado, porque não tô acostumada com as coisas dando certo. Coisa de ser humano.

Leia final feliz

São 2h da manhã e eu não consigo dormir porque tô com dor. Aftas e dor no ouvido. Ou manifestações físicas de estresse emocional, como sugeriu o psicólogo. 

Peguei um livro do Vargas Llosa que li em 2013. Tá até com o selo e a data da compra. Pelo visto, me dei de aniversário. Por algum motivo lembrei que o autor era político e fui pesquisar de que lado. Peguei outros livros de outras autoras. Dois para reler e um para ler pela primeira vez. Li as orelhas e voltei para o google "livros com final feliz". Foi uma pesquisa legítima, visto que o último final que tive foi triste e doeu até recentemente. Entre "o amor nos tempos do cólera" (que li e não me lembro), "p.s. eu te amo" e, pasme, "perfume", ainda aparece "Romeu e Julieta". Aparentemente, até o conceito de final feliz é muito pessoal.
Sem mentir, a primeira imagem que surge na cabeça quando se fala em final feliz é um casal junto, certo? Aí quando a gente se realiza em tantos outros pontos da vida e não faz parte de um casal, vem a frustração. Mas isso foi só pra refletir, porque na ficção eu continuo sendo a massa que se derrete com um casal fofo. Uma eterna adolescente iludida.

Afeto assinatura

 

Tem um vídeo na internet que fala sobre as pequenas demonstrações de afeto e o cara relata uma relação que teve com uma menina que mordia ele. E essa era a forma que ela tinha de mostrar o tanto que gostava dele.

Eu vim de experiências com demonstrações tímidas direcionadas à mim, ou talvez eu só quisesse um pouco de carinho em público, algo que me fizesse sentir mais segura e assumida em uma relação.

Comecei a me perguntar se eu tenho uma demonstração que seja muito minha, como uma assinatura, que me fizesse inesquecível.

Mas pra quê, né?

Acho que ainda tô machucada. E meu psicólogo tem razão. O conceito de amor tá bagunçado pra mim porque a minha maior experiência com amor não terminou como eu gostaria.

Seguimos.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Música de casamento

Recuperei minha conta do spotify, né? Aí achei essa playlist, perfeita para a TPM, que chama "10 years of heartache" (10 anos de mágoa / melancolia / dor de coração) e isso me fez pensar em umas coisas aqui...

Ficar com quem te admira, te respeita e te apoia é um dos mais comuns incentivos encontrados em citações na internet, nas mais diversas versões. Mas e quando a gente confunde manipulação com admiração, respeito e apoio? Ou qualquer outra coisa. O fato é que às vezes parece que a gente esquece o real conceito de algumas palavras enquanto uma situação, dessas fortemente emocionais, tá acontecendo.

Isso me faz lembrar da enorme quantidade de músicas sobre traição e sofrimento tocadas em casamento. E na nossa base social de que "música de casamento" precisa, entre muitas aspas, ter uma certa "melodia de amor", não importando a mensagem. Ao mesmo tempo que a gente têm apego à alguns conceitos, a gente destrói outros tão facilmente. Até o não padrão é um padrão.