Então o mundo está para acabar... mais uma vez. E eu não vou
negar que, às vezes, ainda penso em você. É inevitável e as pessoas vão
espalmar suas testas me dando por caso perdido. Mas a verdade é que ninguém
sabe quantas vezes o meu mundo já acabou, independente de quaisquer profecias. Quantas
vezes tudo explodiu aqui mesmo, dentro de mim e eu pensei que não fosse mais
viver. Quantas vezes o ar faltou, o chão se abriu e eu caí... profundamente. Como
se nunca mais pudesse voltar. Quer saber? Era tudo coisa da minha cabeça. Essa cabeça
que acha que sabe o que se passa com esse coração. Minha cabeça, meu coração. Minha
vida. Era eu todinha, o tempo todo. Nunca foi só você, entende? Sempre tem mais
alguém pra aparecer, mais uma encomenda pra chegar, mais uma conta pra pagar...
O mundo é grande e o pensamento é vasto. Me perdoe a imperfeição, mas eu sofro
por antecipação. Daquele jeito que sufoca com o identificador de chamadas e
treme com um encostar de cotovelos. Assim. E eu gosto disso em mim. E de tudo
mais. E, um dia, alguém vai gostar também. Nem que o mundo tenha que acabar. Ou
recomeçar.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Em ponto
Não sei mais dizer as horas. Arrisco inclusive a duvidar que o tempo esteja passando de fato. É tanta mesmice, tanto descaso, que me recuso a subir no bonde andando. Já sei mesmo que não vai para lugar algum. O relógio da praça tem a resposta bem ali, marcada por luzes fracas, debaixo do sol. Mas talvez eu tenha perdido as esperanças de que alguém fosse me responder as horas caso eu perguntasse. Assim, evito o relógio da praça também.
Não quero saber as horas, só quero ter tempo. E quem sabe, alguém sem pressa. Para me fazer companhia. E deixar o tempo escorrer de uma forma que a gente não sinta o passar das horas e calcule os segundos para o próximo encontro. Porque já passou da hora de ser feliz e eu não tenho mais tempo para desperdiçar.
Não quero saber as horas, só quero ter tempo. E quem sabe, alguém sem pressa. Para me fazer companhia. E deixar o tempo escorrer de uma forma que a gente não sinta o passar das horas e calcule os segundos para o próximo encontro. Porque já passou da hora de ser feliz e eu não tenho mais tempo para desperdiçar.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Por completo
É nesse amar por completo que sou completamente eu, completamente sua, vivo completamente louca, me sinto completamente viva.
E é nesse amar por completo que me despedaço.
Fico me açoitando com lembranças que não querem ser lembradas, sonhos que não querem ser sonhados e falsas esperanças. Enquanto me descrevo, me escrevo, me encorajo a entender que amar por completo pode ter outro destinatário.
É fácil alertar sobre os perigos da mente humana ou os segredos do coração enquanto curamos um nó na garganta. Mas ninguém parece entender a vontade que dá de deitar e só levantar quando você voltar...
Se voltar.
Mas não devo me atrever a desejar as velharias enferrujadas de nós dois e tapar meus olhos para o que há por vir.
Ah, se eu soubesse lá atrás, lá onde os olhos se encontram... que é nesse amar por completo que me desfaço e me conserto. E que não sei amar de outro jeito.
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Por dentro
Arranca-me da garganta. Mas por que só da garganta? Arranca de mim toda. Para que nada mais fique entalado. Aproveita o momento em que vou me deitar. A fragilidade pós banho, a ansiedade pelos sonhos, a vulnerabilidade do meu corpo fresco. Não considere golpear minha cabeça. Deixa-me assistir. Faça-me cortes superficiais. Quero ver o sangue escorrer. A dor é suportável... muito mais do que essa aqui dentro. Me arranque as entranhas e se delicie. Se lambuze com o meu ser. Epiderme, hipoderme. Morda minha carne e mastigue os orgãos crus, um a um. Enquanto você me saboreia, eu viajo dentro de você. Deslizo, derreto, deixo um sabor marcante. Aproveite. E antes de pensar em me degustar como uma iguaria qualquer, saiba mastigar corretamente, com calma e tenha consciência de que pode suportar me engolir. Posso ser indigesta e deixar um gosto amargo na sua boca.
E, se depois de me digerir dentro de você, me fizer sentir mais viva, relaxe, que é a minha vez de te devorar.
sábado, 6 de outubro de 2012
Depois do Sim
Pior que o medo de dar errado, é o medo de dar certo. Engolir a deliciosa conquista sem saborear. Apavorar sabendo que é pra valer.
Você já tinha reunido todos os traumas, não é mesmo? Posicionado estrategicamente o lenço, preparado o drink. O que fazer agora? Poderia aproveitar todos os traumas bem ali e dizer adeus, balançando o lenço em sinal de paz e beber para comemorar.
Mas não...
Se jogar é melhor, certo? Dizer "o não eu já tenho" e fingir não esperar nada. Como desejar...
E depois?
Depois cabeça baixa, meia volta, passos lentos, passividade.
Depois fúria, depois agressividade.
Depois olhos marejados, e enfim... felicidade?
Se é depois, por que pensar antes?
Por que pensar no perigo, quando o medo é do escuro?
Porque desde sempre o mundo prega que querer é poder e não acreditamos no nosso poder. E não sabemos o que fazer quando a resposta é diferente.
O contra ataque está sempre na manga. A defesa, no olhar. E parece que não sabemos jogar fora o que não nos serve mais.
Me diz, pra quê sofrer por antecipação?
Depois do sim ou depois do não.
Isso a gente pensa depois, então.
Você já tinha reunido todos os traumas, não é mesmo? Posicionado estrategicamente o lenço, preparado o drink. O que fazer agora? Poderia aproveitar todos os traumas bem ali e dizer adeus, balançando o lenço em sinal de paz e beber para comemorar.
Mas não...
Se jogar é melhor, certo? Dizer "o não eu já tenho" e fingir não esperar nada. Como desejar...
E depois?
Depois cabeça baixa, meia volta, passos lentos, passividade.
Depois fúria, depois agressividade.
Depois olhos marejados, e enfim... felicidade?
Se é depois, por que pensar antes?
Por que pensar no perigo, quando o medo é do escuro?
Porque desde sempre o mundo prega que querer é poder e não acreditamos no nosso poder. E não sabemos o que fazer quando a resposta é diferente.
O contra ataque está sempre na manga. A defesa, no olhar. E parece que não sabemos jogar fora o que não nos serve mais.
Me diz, pra quê sofrer por antecipação?
Depois do sim ou depois do não.
Isso a gente pensa depois, então.
domingo, 16 de setembro de 2012
A curto prazo
Se eu tivesse poucos dias, vou dizer o que eu faria. Eu correria para você. E isso não seria surpresa pra ninguém. As pessoas teriam imaginado que eu o fizesse algum dia, com ou sem notícias ruins. Pediria demissão. Não cumpriria aviso prévio. Não por não gostar de trabalhar, mas por não estar aqui para receber o retorno disso. Visitaria algumas pessoas, só pra rir um pouco com as histórias. Ensinaria algumas receitas para quem quisesse aprender. Faria um piquenique. Adormecendo debaixo da árvore, depois de assistir ao pôr do sol. E queria que me dessem sorvete na boca, parece romântico. Poderia deixar vários textos escondidos pra ser lembrada no futuro. Inclusive aqueles que te escrevi e que você não tem conhecimento. Talvez te entregasse esses antes disso. Você precisa saber dos meus devaneios e toda a veneração que cultivei. Porque, apesar disso eu deixei você ir... e quem vai agora sou eu. Não quero incomodar, só quero segurar sua mão e assistir você dormir. Escovar os dentes e te ver atrás de mim no espelho. Me desfazer em seus braços e deixar meu coração para você. É uma ideia do que eu faria, se eu tivesse poucos dias...
sábado, 8 de setembro de 2012
Duas garrafas de coragem
Não sei dosar sentimentos. Colocar num copo e beber... como se fosse a cura para a falta de esperança. Ou para a falta de você. Mesmo porque pode descer quente e deixar um doce traiçoeiro nos lábios. Eu sei doar sentimentos. Abrir a torneira e deixar escorrer. Até vazar ou sair pelo ralo. E engolir o excesso, o choro, a dor. Maldito vício! Esse de insistir. De pensar (e torcer) para que as situações aconteçam como imaginamos na nossa cabeça. Às vezes é tão bom ser pega de surpresa.
E de que adianta ser à prova de balas e acabar derrubado pela indiferença?
Do zero
Deve ser medo de começar do zero. De descartar a melhor ideia de amor que já tive. De te deixar ir.
É a sensação dos dias em que acordo querendo chamar alguém de amor e planejar uma sala de estar. Preparar uma receita e pegar no ar aquele beijo jogado com o canto da boca, o coração aos pulos, enquanto nossos sonhos flutuavam entre os aromas da cozinha. É sua mão na minha dentro do cinema, é o cheiro de café... ou do cappuccino do posto nas nossas madrugadas. Sou eu fazendo você dançar na pista de uma balada. É você me tirando o fôlego e me ensinando que dá pra dizer muito sem precisar falar nada. É o setor de filosofia, são os corredores da livraria. E a vontade de ser sua, antes mesmo de você me notar. Porque agora não adianta mais te amar. Nossos corpos imãs e nossos pensamentos estão soltos... longe um do outro.
Sou eu entendendo que não é mais você.
Devia ser medo de começar do zero.
É a sensação dos dias em que acordo querendo chamar alguém de amor e planejar uma sala de estar. Preparar uma receita e pegar no ar aquele beijo jogado com o canto da boca, o coração aos pulos, enquanto nossos sonhos flutuavam entre os aromas da cozinha. É sua mão na minha dentro do cinema, é o cheiro de café... ou do cappuccino do posto nas nossas madrugadas. Sou eu fazendo você dançar na pista de uma balada. É você me tirando o fôlego e me ensinando que dá pra dizer muito sem precisar falar nada. É o setor de filosofia, são os corredores da livraria. E a vontade de ser sua, antes mesmo de você me notar. Porque agora não adianta mais te amar. Nossos corpos imãs e nossos pensamentos estão soltos... longe um do outro.
Sou eu entendendo que não é mais você.
Devia ser medo de começar do zero.
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
Hoje sou prosa
Hoje sou prosa. Não sei. Não sai uma rima. Sai sorriso, sai bocejo e, nos intervalos do movimento das pálpebras, um brilho singular. Pulsação firme, respiração controlada e uma leve frustração pela ausência de sensações devastadoras. Coração calmo. O amor existe. E basta. A mãe da minha amiga dizia que coração é terra estranha. Imagino que se fosse só terra, poderia ser, ora barro, ora pó. Mas é coração... quantos níveis acima do céu e por baixo da pele, então?
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
E se eu gostar do cara errado?
E se ele estiver sentado
ou tiver olhado pro meu lado
enquanto passava desligado
por um lugar bem frequentado
onde eu tomava um pingado
E se estiver barbado
com cara de desanimado
por passar a noite acordado
E se for divorciado
e estiver empolgado?
Se for calado
e quiser ser amado?
Se estiver desempregado?
E se for tão ocupado
com o tempo apertado
que seu peito esburacado
abriga um coração parado
e me deixa de lado
E se ele for viajado
e nosso romance, destrambelhado?
E se vier embrulhado
e mal intencionado?
E se eu tentar de peito aberto
quem sabe não conserto
essa mania de julgamento
porque se for bobo ou esperto
e eu quiser ficar perto
vou aceitar como certo
sem arrependimento
ou tiver olhado pro meu lado
enquanto passava desligado
por um lugar bem frequentado
onde eu tomava um pingado
E se estiver barbado
com cara de desanimado
por passar a noite acordado
E se for divorciado
e estiver empolgado?
Se for calado
e quiser ser amado?
Se estiver desempregado?
E se for tão ocupado
com o tempo apertado
que seu peito esburacado
abriga um coração parado
e me deixa de lado
E se ele for viajado
e nosso romance, destrambelhado?
E se vier embrulhado
e mal intencionado?
E se eu tentar de peito aberto
quem sabe não conserto
essa mania de julgamento
porque se for bobo ou esperto
e eu quiser ficar perto
vou aceitar como certo
sem arrependimento
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Ao meio
Que todos os seus sonhos se realizem, disse ele. Sem saber que ele era um deles. O desejo era simples. O aceite era pleno. Cada um falava um assunto diferente... na mesma conversa. E os dois se entendiam. Era meia ela para meio ele. Nada mais justo. Meio e meio dá um inteiro, não dá? Quem sabe? Mas não tinha necessidade de ser inteiro agora. Ninguém compreendia. Eles sabiam. Bastava.
"Que todos os seus sonhos se realizem", ele desejou.
E ela continuou sonhando com ele.
"Que todos os seus sonhos se realizem", ele desejou.
E ela continuou sonhando com ele.
terça-feira, 24 de julho de 2012
Prelúdio de primaveras
O mês se afunila,
A vida se esvai e,
Ao meu redor,
Sorrisos, promessas
e sombras de um possível amor
Em menos de sete dias
Uma primavera se aproxima
E eu ainda passo por ela
Disfarçadamente
Com um sorriso de menina
Faço uma lista de presentes
Já que os ausentes não posso ganhar
Os dias passam leves
As noites, devagar
Os sonhos, carrego comigo
Se acaso precisar
Porque vida boa é a que é bem vivida
E sonho bom é o que continua depois de acordar.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Bloqueio: Augusto antes de agosto
Já indagava Augusto dos
Anjos
"A ideia, de onde
ela vem?"
Também não sei, Augusto
Talvez seja do além
Como nos textos brilhantes
nos quais seus Anjos dizem amém
Pois eu me pergunto, poeta
se ela iria em linha reta
e chegaria completa
ou então para onde vai
quando sai
quando vira tinta sobre papel
palavra que distrai
sonho debaixo do céu?
E nesse imenso abandono
peço ajuda ao "Filho do Carbono"
em busca de inspiração
Me diz, poeta maldito
esse bloqueio, esse conflito
curam com rosto bonito
Ou é coisa do coração?
terça-feira, 12 de junho de 2012
Ah!
Ah, se você soubesse
que meu coração não te esquece
e se eu pudesse
viveria em prece
torcendo para que você viesse
Flashes de memória
contando nossa história
em desconexos pedaços
entre beijos e abraços
(in)oportunas sessões
enquanto sintonizo as estações
escapando dos sermões
E como eu queria que você aparecesse
com esse olhar que tece
essa mão que desce
boca que aquece
corpo que merece
E tirasse essa saudade que cresce
Ah, se você soubesse!
que meu coração não te esquece
e se eu pudesse
viveria em prece
torcendo para que você viesse
Flashes de memória
contando nossa história
em desconexos pedaços
entre beijos e abraços
(in)oportunas sessões
enquanto sintonizo as estações
escapando dos sermões
E como eu queria que você aparecesse
com esse olhar que tece
essa mão que desce
boca que aquece
corpo que merece
E tirasse essa saudade que cresce
Ah, se você soubesse!
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Finding Other Place to Be
Quando acaba
a respiração corta
sem perceber um recomeço
batendo à minha porta
Só quero lembrar de não esquecer
os momentos que tive
e os que não pude ter
E os meios planos (insanos)
que demorariam milhões de anos
para acontecer
Mesmo me sentindo tão pequena
tão dentro de um poema
tudo valeu a pena
Eu te gosto, e aposto
que não há nada a ser feito
seja arrancar do peito
ou pensar direito
O tempo que vai me dizer
e que nada se intrometa
porque agora preciso aprender
a ser feliz com todas as letras
a respiração corta
sem perceber um recomeço
batendo à minha porta
Só quero lembrar de não esquecer
os momentos que tive
e os que não pude ter
E os meios planos (insanos)
que demorariam milhões de anos
para acontecer
Mesmo me sentindo tão pequena
tão dentro de um poema
tudo valeu a pena
Eu te gosto, e aposto
que não há nada a ser feito
seja arrancar do peito
ou pensar direito
O tempo que vai me dizer
e que nada se intrometa
porque agora preciso aprender
a ser feliz com todas as letras
sábado, 9 de junho de 2012
Sou dessas
Sou dessas
que fazem promessas
que vão às festas
e voltam às avessas
Que tem vontades guardadas
que acredita em contos de fadas
e sonha com mãos dadas
em longas caminhadas
Sou daquelas donzelas
que se debruçam nas janelas
à espera das caravelas
E que longe do devaneio
percebe que ele não veio
e se cansa de esperar
Se atira no fundo do poço
por não encontrar nenhum moço
que queira lhe conquistar
que fazem promessas
que vão às festas
e voltam às avessas
Que tem vontades guardadas
que acredita em contos de fadas
e sonha com mãos dadas
em longas caminhadas
Sou daquelas donzelas
que se debruçam nas janelas
à espera das caravelas
E que longe do devaneio
percebe que ele não veio
e se cansa de esperar
Se atira no fundo do poço
por não encontrar nenhum moço
que queira lhe conquistar
quinta-feira, 7 de junho de 2012
O tempo e o que fazemos com ele
Primeiro era um tempo
em que o tempo era escasso
cada laço, cada abraço,
era só mais um passo
Esse tempo passava depressa
e parecia querer enfrentar
sorrisos ocupavam o espaço
não tinha tempo pra brigar
De tanto desejar mais horas
o tempo atendeu a vontade
tirou você do lado
e deu o troco em saudade
E o tempo passou devagar
como se nunca fosse acabar
e ocupou os dias, intelectualmente
porque carícias de outro alguém
poderia remeter às carícias da gente
Então espere o tempo passar
e pense bem antes de mergulhar
porque um coração cheio de mágoa
Só vai contaminar a água.
segunda-feira, 28 de maio de 2012
Silêncio
Entra pela janela e fica. Interrompido pela geladeira ou o
roçar das meias no tapete da sala.
Ensina seu segredo. Eu, que era tão acostumada com as
onomatopéias da vida. Agora deixo a multidão que morava dentro de mim e te
aprecio. Imploro por um momento à sós.
Me faz incógnita. Abafa meus pedidos de socorro. Para quando
eu gritar, que seja com vontade.
Arrebenta meu peito. Acaba com o ronco do motor. Deixa ele
respirar leve, viver calmo. Cala o gotejar das lágrimas, o escorrer do sangue,
o mastigar dos dentes. Me deixa viver na escassez dos ruídos do dia a dia. Deixa
tudo quieto pra eu poder sentir. Porque é no calar das bocas que se ouve o
coração.
Simon and Garfunkel - The Sound of Silence
domingo, 13 de maio de 2012
*Para Li*
Amanhece
mais um domingo. E que por acaso é também mais um feriado comercial. Além da
macarronada, do frango assado com maionese e farofa, é dia das mães. Aí vem
algumas pessoas no maior clichê defender que deveria ser comemorado todos os
dias. Sim, mas não vamos ficar frisando porque cansa.
Pareço
um tanto insensível em minhas palavras, eu sei, mas minha família ‘primária’,
digamos assim (mãe, pai e irmãs mais lindas do mundo) não têm o hábito de toda
a melação. E isso não significa que não nos amamos. Por que devemos entender o
“jeito de amar” de todas as pessoas que antes eram simples desconhecidos e não
podemos entender quem nasceu, cresceu e viveu muito tempo ao nosso lado,
torcendo por nós?
Enfim,
hoje de manhã encontrei um passarinho recém nascido no meu quintal. Fraco, nem
abria os olhos. Fiz uma espécie de ninho e o mantive quentinho. Não comeu. No
final do dia não aguentou. Foram poucas horas mas deu vontade de chorar e ver
que ele não resistiu. (A sensibilidade existe em mim, vêem?).
Pensei
então que não deveria ter tido muita esperança no bichinho, ele estava só. Eu
tentei, mas não era mãe dele. E não dá pra aguentar feliz sem a nossa mãe. Dá
pra sobreviver na maioria das vezes, mas é natural que ela seja a primeira nos
nossos pedidos de socorro e conquistas.
Nossas
mães estão sempre ali, nas receitas de família, nas expressões faciais, na
caligrafia...
Porque
a minha mãe sabe que eu a amo, a 300km de distância. Com ou sem abraço.
Infinitamente. Ela acredita na minha capacidade. E se já ofereci versos a quem
nem soube cuidar do meu coração direito, porque não posso agraciá-la com uma
prosa? Afinal de contas, nossos corações bateram juntos muitos meses.
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Entre estar e permanecer
Despretensiosamente você aconteceu na minha vida.
Se o problema é cada um enxergar a relação de uma forma, ou de não enxergar relação nenhuma. Não vamos pensar em futuro então. Não quero saber se estaremos de mãos dadas quando as folhas caírem, se vamos tomar sorvete no verão. Se estarei sorrindo para você na primavera. Ou se vamos continuar abraçados até o final desse inverno. Eu só quero estar com você hoje. E torcendo, inconscientemente, para que sempre haja um amanhã.U2 - Stay
quinta-feira, 26 de abril de 2012
Nem sempre...
Nem sempre amor é à primeira vista.
Nem sempre é amor.
Nem sempre a grama do vizinho é mais verdinha.
Nem sempre o vizinho tem grama.
Nem sempre fazer o certo é fazer o bem.
Nem sempre colorido é bonito ou preto e branco é triste.
Nem sempre a mentira ajuda. Nem sempre a verdade dói.
Nem sempre música agita, multidão irrita
Nem sempre quem procura, acha
Nem sempre sexo relaxa
E nem sempre, “pra sempre” dura muito tempo.
segunda-feira, 23 de abril de 2012
Delírio V
Olhou para o celular mais uma vez.
Queria que essa fosse a última. Queria que agora tivesse um recado, um sinal de
que estava tudo bem. Queria ouvir a voz dele... queria tantas coisas que já não
cabiam nela. Não pensava chegar à esse ponto. Não de novo. Mas sabia que
poderia acontecer. Porque simplesmente se conhecia muito bem. Claro que não era
a mesma intensidade, nem o mesmo sentimento, como aquele que há algum tempo...
enfim, era bom. E, depois de tanto tempo, ser bom era só o começo.
sábado, 14 de abril de 2012
Sobre o tempo e nada mais
Sempre
me faltou um pouco de egoísmo na relação, então...
Você
acha mesmo que perco tempo falando de você?
Lógico
que não.
Para
mim, falar de você não é perda de tempo.
Em
outro tempo, eu falava com você, e preferia.
Mas
a gente se vira com o que tem, não é?
E
não se iluda, não é nenhum sacrifício ficar sem.
Aliás,
nunca estou sozinha, ao contrário de você que se sente só em meio a uma
multidão.
Se
sinto a sua falta? Não.
Sinto
falta de nós, porque você comigo é muito mais legal que você sozinho, aceite
isso.
Cheguei
a pensar que nunca se importou de verdade. (E é muito triste pensar isso).
Dói.
Mas dói como cortar o dedo com papel. Arde muito e a gente só percebe quando já
está cicatrizando.
Então,
se falar de mim, vou saber que estará pensando em mim e soará como música para
os meus ouvidos, só que se eu não gostar da melodia, cuidado que posso estourar
a caixa de som.
domingo, 8 de abril de 2012
(V)azia
Então
de vez em quando eu desacelero
Olho
em volta, tanta gente. Olho aqui dentro, ninguém.
Penso
no futuro, que sempre será futuro, e que não vem.
Rir
é tão difícil às vezes, e o que fazer quando o ‘melhor remédio’ não está disponível?
Chorar
como? Se as lágrimas secam antes de sair.
E
o corpo arde por não conseguir sentir.
O
mundo está diferente.
Parece
que estou vendo por fora. E que lá dentro está tudo bem.
Todos
juntos e felizes, nesse mundo que também era meu.
Mas
o que estou fazendo do lado de fora?
Não
tem mais ninguém sobrando, como eu.
Para
que eu quero descer!
Eu
e meus cabelos bagunçados, unhas por fazer e meus olhos brilhando sem escorrer.
Então
de vez em quando eu desespero.
Espero
o dia acabar, na ânsia do bem estar.
Só
tentando me preencher.
sábado, 7 de abril de 2012
Delírio IV
Às
vezes eu queria ser uma praça num fim de tarde. Testemunhando juras de amor,
oferecendo-me de palco para histórias, aconselhando passarinhos, abrigando
feirantes. Uma praça com sombra gostosa. Com sonhos pendurados sob os galhos
das árvores. Com dedos entrelaçados em algum canto do coreto.
Guardando
os primeiros aprendizados, com gosto de sorvete de cereja e cheiro de
‘merthiolate’. O som dos latidos e miados. O aroma da loção pós barba misturado
com o cafezinho de costume. E os sorrisos. Porque é mais que bancos e grama. É surpresa pra quem ama, é risada gostosa de criança. É solidão e companhia. E saudade com vento no rosto.
domingo, 25 de março de 2012
Delirando entre certo e errado
Passamos
a vida procurando pelo certo, sem saber que o certo mesmo é não procurar.
Porque ele não está esperando ser encontrado.
Porque
ele vai simplesmente aparecer quando for a hora.
Pensamos
que ‘diversão com os errados’ é válido. Sem imaginar que podem não ser errados.
Cada um é certo dentro do seu momento.
Lamentar
situações e relacionamentos é uma prova de que o amadurecimento ainda precisa
chegar. (e que seja antes da pessoa ‘certa’)
Podemos
pensar que todos são certos, para o resto da vida. Não é errado, já que
passamos uma vida com cada um. Mesmo que seja pouco tempo. Pois alguns segundos
podem ser eternos.
Vários
anos de amargura são facilmente substituídos por poucas semanas de intensidade.
E
o mais importante é aquilo que resiste à todas essas passagens e situações:
você.
segunda-feira, 19 de março de 2012
(Des)necessidades
Desperdício
é perda. Perda é a falta. Falta é saudade que não volta.
Reduzir,
reutilizar, reciclar. Está impresso em todo lugar.
Tudo
que é demais faz mal. E sobra.
E
se sobra, alguém cobra.
E
se cobra, alguém precisa pagar.
Mesmo
que não dê mais para aproveitar.
Água,
papel, voto, alimento, tempo, dinheiro, palavras, energia...
Sonhos,
amor, alegria... Desperdícios do dia a dia.
E
a vida seca, fica sem luz
Sem
planos e sem cor
Porque
a gente joga fora
O
que deveria dar valor.
E
nem venham falar de racionamento
Neste
momento
Com
tanta gente “morrendo”
Por
falta de “tratamento”.
sexta-feira, 16 de março de 2012
Situações e Sintomas
Acabou. Acabou o ar.
E você, hein, coração, tinha
que se manifestar?
Disparar que nem um estilingue
dentro do meu peito?
Parecia até um alarme de
incêndio. Exceto pelo fato de que não havia fogo. Só gelo.
E a pressão caiu. Lembrando da
pressão dos seu corpo no meu.
Nem vou perguntar o porquê
disso tudo.
Não vou encher minha cabeça com
questionamentos que já sei que ninguém vai responder.
Quando não há muito o que
contar, não há o que sentir. Ou há?
Sem olhos nos olhos, nem memória
do olfato, nem música só nossa.
Apenas um acordo.
E muitas surpresas no caminho.
E pernas que não respondem,
tropeços não programados, sustos daqueles que a gente ri muito depois...
E falta de ar...
sábado, 10 de março de 2012
Eu, feminina?
Não
me sinto bem em cima de um salto, mas descobri que maquiagem de vez em quando
não faz mal.
Adoro
jogar videogame, sinuca e dormir abraçada. Falo palavrão e escrevo as cartas de
amor mais incríveis que você poderia receber.
Tenho
queda pelos tímidos, mas todos me encantam... não consigo evitar.
Não
sei contar piadas. Mas sei rir. E muito.
Choro
fácil e sou difícil de esquecer.
Sou
crua! Olho em volta e não tenho inveja de ninguém. Cabelos, olhos, corpo, boca.
Nada me faz querer trocar pelo que já tenho. Me sinto feliz. Dos outros quero
abraço, sorriso e, dependendo do caso, mordida e olhares maliciosos. Porque eu
olho no espelho e gosto do que vejo. Não desejo as dores de ninguém, namorado
de ninguém, a vida de ninguém. Porque eu me amo. E porque eu me amo, estou
pronta para te amar... onde quer que você esteja.
Eu
feminina? Claro! Com todas as letras... e mais um pouco. Embaralhe e terá
Menina F(oda). Não sei disfarçar o que sinto. Autenticidade e empolgação com um
toque de sarcasmo. E um exagero sem tamanho. Isso tudo é parte de mim. Quer
encarar?
segunda-feira, 5 de março de 2012
O pós venda na era digital
O título dá um ar de que, finalmente,
falarei de algo sério. Sorry people.
Na verdade, eu falo sobre coisas
sérias, com um jeito prissílabas de ver o mundo. O que torna tudo mais
compreensível. Afinal o público que me lê não está interessado em bolsa de
valores, do contrário não estariam aqui.
Certo. Vamos ao que interessa.
Numa época em que as pessoas ainda não
aprenderam ganhar dinheiro e vendem até a mãe em banquinhas montadas
precariamente no calçadão, você pensa (mais uma vez) que o mundo está perdido.
Só quem trabalhou no comércio sabe duas
coisas:
*clientes, pasmem, gostam de toda
aquela atenção
*quando na posição de clientes, os
vendedores geralmente não querem nem ser atendidos, só pegar e pagar.
Traumas à parte, é sempre bom realizar
um pós venda. Se com pessoas que você conhece na balada, quer manter contato,
por que não com um cliente que, ainda ajuda no seu rendimento financeiro?
Fazer com que ele volte é parte da sua
missão. (Parece dica de revista feminina).
CRM deveria ser Carinho Recíproco e
Maternal.
É a lei da sobrevivência no mundo dos
negócios.
E não tente aplicar nos assuntos do
coração, porque você pode se decepcionar com a comissão.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Delírio III
“Se
sou feliz? Não sei. Pergunte-me daqui alguns anos”.*
Gostamos
de adiar respostas.
De
viver na mediocridade dos nossos dias sonhando em protagonizar um conto de
fadas, como na ficção. Sem lembrar que a ficção é inspirada na vida real.
Crescemos
acreditando que o que é bom está reservado para acontecer no final.
Sofremos
à toa. E antecipadamente.
Não
vivemos na era medieval e justas ainda são as lutas... para entrar em um jeans.
O
mundo muda a cada segundo e ficamos com medo de arriscar e ficar para trás.
Esquecemos
que sabemos correr, se precisarmos.
Quanto
a dançar conforme a música, podemos compor a nossa própria sinfonia.
Nada
é impossível, mas é muito mais fácil perguntar do que fazer.
E
não vamos esquecer que o mundo conspira quando desejamos muito algo.
E
se a vontade é viver um conto de fadas mesmo, fantasias de príncipes e cavalos
brancos podem ser alugados. Mas a majestade está dentro de cada um.
* O
episódio piloto da série Once and Again começa com essa frase flutuando na boca
do protagonista.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
O que realmente importa
Não
me importa se a minha letra mudou. Se o meu cabelo cresceu. Se o meu sonho não
se realizou ou e alguém me esqueceu.
Não
importa se eu mudar de ideia algum dia. Ou todos os dias. Ou não mudar de ideia
nunca.
Não
importa se algumas pessoas não gostam de mim. Mesmo que eu goste delas.
Não
me importo com gente falando pelas minhas costas. Ou que seja na minha cara. Ou
que me arranje apelidos. Ou que não fale comigo de jeito nenhum.
O
que importa é que, apesar da letra, dos cabelos, dos sonhos e das pessoas, eu
não me sinta infeliz nunca.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Obrigada?
Eu soube o tempo todo que era você. E, no
entanto, hoje em dia isso não adiantaria mais nada, entende? O simples saber.
Eu sei de muitas coisas que não faz a menor diferença se eu sair por aqui
contando. Então eu guardo, assim como faço com você. Guardo na lembrança.
Porque te esquecer eu já tentei, mas isso não existe, não funciona, não é
opção. Então aprendi a viver com isso. E desde que aprendi tudo se tornou mais
ameno e melhor. Sempre respondo que estou ótima... e sempre estou. Porque eu não
sinto mais a sua falta. Porque eu acho que não sinto mais nada. E, pela
primeira vez me permito fazer as maiores loucuras e gostar disso sem me
preocupar. Não sei se devo agradecer alguém, talvez só a mim mesma. Pela
espera, pelas sensações que nunca ignorei. E por favor, não descubra que o
tempo todo era eu, porque agora acho que não adianta mais.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
Fases em frases
Pequenas promessas de bons
momentos.
Momentos curtos, mas promissores.
Beijo que vale a pena
esperar.
Sexo que vale a pena
experimentar.
Uma vida traduzida em
segundos.
Ou os segundos que valem
pra vida toda.
O melhor amor.
O maior tesão.
A saudade, o sonho, o
desvio de pensamento.
É tanta gente que passa
por aqui
Nessa cabeça, nesse
coração...
Ou apenas por esses olhos.
E que ficam, ou que vão.
E a gente é gente que
passa por aí
Em outras cabeças, outros
corações.
Ou apenas por outros olhos.
Sem saber as emoções que
provocou
Se é tentador, por que não
tentar então?
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Por enquanto é isso
Eu
quero é construir pontes de mãos dadas
E
caminhar por elas sem medo de cair
Parar
um instante nas beiradas
Observando
o curso da água seguir
Atravessar
indo e voltando
Ora
sozinha, ora em bando
Em
silêncio ou cantarolando
Sem
pressa, andando
Quero
com elas abraçar os dois lados
Para
que todos se sintam amados
E
não hajam discriminados, violados, violentados
Apenas
pessoas iluminadas
Porque
eu quero é construir pontes de mãos dadas
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