domingo, 31 de dezembro de 2023

Você precisa mudar o seu pensamento

Esse texto tem umas ironias.

Devia ter parado no primeiro "você precisa mudar seu pensamento". O que vem depois disso não pode ser amor. Mas eu quis pagar pra ver. Eu não, ele. Que foi pagando muita coisa porque "não era todo mundo que tinha essas oportunidades" que ele me proporcionava. E o meu dinheiro era pouco e muito difícil de ser ganhado, né? Colei nele, que "sabia das coisas" e fui vivendo, aconchegada com tantos "você é ótima", "me preocupo com você" e "melhor que a gente não tem", que cheguei a pensar que um dia o "eu te amo" viria também. Não veio. Aí eu também parei de falar. Tava me sentindo muito idiota em chamar de amor alguém que nem me chamava pelo nome. Nunca me senti suficiente pra ele. Sim, tinha beijo na boca, o melhor abraço e era tão bom dormir junto, nas raríssimas vezes que acontecia. Ele fazia questão de estar junto em tudo, e com ele eu não precisava marcar horário, então tudo bem, né? Não lembro dele com tesão em mim, daquele jeito gostoso que a pessoa te olha mordendo o lábio ou te encoxando enquanto você cozinha, sabe? Mas a vida não é só sexo, gente. Vocês que superestimam isso, eu hein? Com o tempo eu também parei de sentir necessidade disso e matava a vontade sozinha. É sobre tirar a "responsabilidade" do outro. Não se engane, eu fui muito feliz. Acho que a gente foi, de verdade. Mas não poderia ficar te segurando pra sempre, cobrando algo que deveria ser espontâneo. E como ninguém é obrigado a nada, a coragem pra terminar veio. Ou um medo disfarçado de coragem, porque no fundo eu queria estar errada e ouvir você responder qualquer coisa, lutando pela gente. Nunca vi alguém aceitar tão fácil uma decisão que eu demorei anos pra tomar, chorando a cada segundo. Realmente, existem dois tipos de pessoa. Eu sou a que precisou mudar o pensamento.

Acabei de ler que despedidas não são confortáveis, mas talvez nem a permanência seja. Eu demorei 2 anos até criar coragem pra terminar um relacionamento de 7 anos porque era bom ter companhia e eu gostava dele. O amor é tão egoísta. E foi esse fio de coragem que soltou a gente do fracasso. Cada um teve seu jeito de lidar. E, por algum motivo, pensei que eu fosse fazer falta ali. Não fiz. E isso doeu mais que tudo. Conheci e me envolvi com tanta gente legal, que não me cobrou nada, não me colocou pra baixo e nem tentou controlar. Nada preencheu a (falsa) sensação que eu tinha com ele (por enquanto). Parece que eu não quero ficar bem, mas é preciso viver o luto, com ênfase no viver. Eu sei que tô monotemática, mas isso tem me ajudado a melhorar, esquecer ele e lembrar de mim.

4h da manhã do último dia de 2023. E eu queria poder dizer que essa é a última vez que lamento sobre a dor que tem sido aprender a parar de lutar pelo amor de alguém que ficou bem demais em me perder. A parte que pode ter sido um livramento pra mim também parece tão pequena nesse momento.

Ninguém fala no tanto que é complicado pegar tudo que tá resolvido na cabeça e encaixar no coração. 

A pessoa que disse que a ignorância é uma bênção deve ter se machucado muito com informações desnecessárias e não solicitadas. Talvez essa pessoa também tenha acordado, do nada, às 4h da manhã chorando pelo que não deveria, e com raiva disso.

Se eu fosse culpar alguma coisa, pra tentar racionalizar algo que não é racional, seria a dependência emocional que a gente cria quando se envolve com alguém que tenta controlar a gente. Na minha cabeça não faz sentido sofrer por isso, mas fala isso pro resto de mim, que ainda treme acordando de madrugada. Precisa passar.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A minha lente do amor

Esses dias vi em algum lugar que não existe sim no talvez. Pensei em todos os "talvez" que você já me falou. Por muitas vezes cheguei a pensar que eu era difícil de amar e que tava fazendo alguma coisa errada pra nunca ter escutado um "eu te amo" de você. Isso me levou direto para dentro de uma comédia romântica de 1997. A Pri adolescente fez escola nos filmes desse gênero. A lente do amor me fez sofrer junto com a Meg Ryan quando ela fez de tudo pra se vingar de um ex até descobrir que ele simplesmente não conseguiu se apaixonar por ela. Não era culpa de ninguém. Ironicamente, foi o último filme que a gente assistiu junto.

Demorou 10 meses pra eu parar de chorar e entender que eu poderia ter te dado o maior amor que eu sentia, e mesmo se eu fosse a Meg Ryan, nada disso poderia fazer você me amar como eu gostaria ou achava que precisava. É que é difícil pensar nessas coisas enquanto tá doendo muito. 

Você já não é a primeira pessoa que aparece quando clico pra compartilhar um post. E eu mentiria se dissesse que não sinto falta das nossas conversas, planos de viagem, dos memes que a gente trocava, do carinho que você fazia no meu rosto com o dedo mindinho e até daquele sorrisinho de canto que você dá quando tá sem graça. Mas eu tô me curando aos poucos e preciso de mais tempo pra conseguir reaproximar de você. Todas as partes de mim, que passaram anos te esperando, estão cansadas. A gente já não se completava, sempre ficava faltando ou sobrando alguma coisa. Com o tempo tudo se ajeita. Por enquanto tô orgulhosa da minha evolução pra te deixar ir. Uma coisa de cada vez, né?

A propósito, "a lente do amor" é o nome da versão brasileira do filme. O original é "addicted to love", algo como "viciado em amor". Sinto que tô em reabilitação então.

Tédio de Natal

Natal me cansa. Festas de final de ano, no geral. E churrascos. As refeições duram mais tempo, até os afetos mais sinceros parecem forçados, tudo parece um protocolo. Um cardápio de exageros. Lembro de quando era criança e minha mãe passava o dia todo na cozinha quente, assando um monte de coisa. Era a última a tomar banho e ainda chegava atrasada no próprio jantar. Esgotada. E sentia que precisava sorrir pra todo mundo, comer e só depois de algumas boas horas, descansar. Ela não reclamava muito, eu acho, isso é uma observação minha. Depois de adulta, comecei a frequentar outras festas de fim de ano, na casa de outras pessoas. Um destaque especial para os almoços, que foi quando descobri que algumas famílias dormem após a refeição. O meu dia acabava ali, esperando o pessoal acordar pra poder ir embora. Na minha visão, existe um esforço desnecessário para um dia que deveria ser comum. As pessoas se desgastam além da conta e compram como se não houvesse amanhã. Aí, na hora de aproveitar estão esgotadas.
Esse ano, foi mais um que consegui ficar só, e foi um dos melhores. Comi o suficiente e dormi. Não precisei socializar por obrigação. Até almocei melhor no dia seguinte com parte da família. Eu não odeio pessoas, mas continuo sentindo que o resto do dia foi perdido nessas datas. Mas seguimos. Um dia essas festas vão deixar de me incomodar. Ou talvez eu ainda esteja um tiquinho amargurada por, após tantos anos, não ter mais um amor pra compartilhar o resto do dia, que considero perdido. 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Ter que esquecer

Em 1994 o Skank, uma das minhas bandas preferidas, lançava "Te ver". Eu tinha 7 pra 8 anos, cursava a segunda série do ensino fundamental e já achava que sabia sobre o amor. Você deveria estar na quarta série, em outra escola e, portanto, a gente ainda não se conhecia. Nosso primeiro encontro só foi acontecer em 2016. Hoje, em 2023, criei uma conexão sem pé nem cabeça, só pra dizer que tem um trecho dessa música que diz que "te ver e ter que esquecer é insuportável". Vivo defendendo que a gente não "tem que" nada, que se sentir obrigada a fazer algo estraga a experiência, que as nossas escolhas deveriam ser livres. Mas eu não tô num momento de pensar direito. Ou talvez seja o momento que eu mais esteja pensando direito na vida. Porque, desde que precisei tomar coragem pra terminar um relacionamento com quem eu amava, doeu mais do que imaginava e disse muito mais sobre o amor que eu sentia pela gente do que o ego e a teimosia em insistir em estar em um lugar que não me cabia mais. O luto desse fim demorou pra chegar, e todos os dias faço um esforço danado pra reentender como me afastar de você vai melhorar as coisas. Como "te ver e TER QUE esquecer é insuportável" mas não é impossível. E que o fim desse luto vai depender disso. Eu te amo, não desde 94, mas tempo o suficiente pra saber que deveria deixar esse amor ir, já que você não TEM QUE me amar de volta, e eu "quero ser feliz também", mas essa é outra música.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Eu tinha planejado tanta coisa pra comemorar o dia de hoje, pra celebrar a sua vida do jeito que a gente fazia em todas as datas importantes pra gente. Era pra gente passar os seus 40 juntos e, depois de alguns anos, os meus 40. E seguir comemorando até nossos 80 ou mais. Mas dizem que amar é deixar ir. E, quando eu quis pagar pra ver se ainda tinha amor aí como tinha aqui, doeu. Tá doendo. Espero que aí não esteja. Feliz 40. Você é muito especial pra mim. Eu amo você.

domingo, 10 de dezembro de 2023

Eu não quero querer alguém, sentir falta de alguém. Quero ser suficiente sozinha. E nem é porque acho que eu não mereça, mas é porque não se manda no sentimento de outra pessoa e não acredito que alguém vá gostar de mim de volta. E, se gostar, tenho medo de a gente não se preencher. Mas, ao mesmo tempo, gosto de me apaixonar, mesmo com todo o sofrimento que vem junto quando o sentimento acaba do outro lado. Falo como se nunca acabasse do meu lado, como se só em mim fosse doer, como se não valesse à pena arriscar e tentar começar de novo mais uma vez. Falo sempre com medo, né?