quinta-feira, 30 de março de 2023

das prateleiras do mercado

Largar é fácil, difícil é deixar ir. E eu que pensei que nunca mais fosse chorar desse jeito. Ainda mais de saudade de uma rotina que eu nem quero mais. Quero chegar na parte em que vou lembrar e rir, sabe? Quando a gente brincava sobre como seria caso um dia a gente não fosse mais um casal e você falava que eu ia chorar tanto quanto uma outra vez aí ou até mais, eu duvidava, a conversa acabava e a gente se abraçava (e era o melhor abraço do mundo, desde a primeira vez). Em que ponto eu fui ficar tão infeliz pra minha lista de prós e contras virar? Por que alguns dias dói? Será que o dói foi ter passado tanto tempo esperando ouvir um "euteamo" que nunca veio? Ou uma pitadinha de desejo? Ou é só que cada prateleira do maldito mercado me lembra tudo que a gente inventava de cozinhar junto e sempre ficava bom? É bizarro chorar no corredor do mercado, na frente dos vidros de palmito. Nem sei mais o que tô escrevendo. Nem sei se tá mesmo doendo.

domingo, 26 de março de 2023

Enfim

Nenhum fim é tranquilo. E eu precisei desabar completamente e sem aviso prévio pra tirar esse texto de mim.

Quando eu me apaixonei por você, não precisei de motivos ou argumentos.

O casal mais improvável e tão diferentes. E a gente se fez tão feliz. Eu amei tanta coisa que nunca pensei que fosse gostar na vida.

Quando acabou, eu tinha gratidão, muito carinho, uma lista de tentativas fracassadas e um cansaço absurdo (que eu neguei com todas as forças durante tanto tempo).

E eu não me arrependo de um único segundo, nem do amor, nem das tentativas, nem do fim.

A pior parte do fim é que ele não acaba no "não quero mais". Ele se arrasta em cada plano rasurado, hábito do dia a dia, em cada visualização de rede social. E ele dói. Pulsando como um canal recém descoberto no dente do fundo que a gente mais usa. Do nada, dói.

O fim não deixa de ser um fim, mesmo que se recomece. Mas o tempo faz com que ele fique cada dia mais longe de quando acabou e isso fortalece a gente. Nós dois. Que vamos seguir bem, sem culpa e com muita admiração, sendo você e eu.