domingo, 31 de dezembro de 2023

Você precisa mudar o seu pensamento

Esse texto tem umas ironias.

Devia ter parado no primeiro "você precisa mudar seu pensamento". O que vem depois disso não pode ser amor. Mas eu quis pagar pra ver. Eu não, ele. Que foi pagando muita coisa porque "não era todo mundo que tinha essas oportunidades" que ele me proporcionava. E o meu dinheiro era pouco e muito difícil de ser ganhado, né? Colei nele, que "sabia das coisas" e fui vivendo, aconchegada com tantos "você é ótima", "me preocupo com você" e "melhor que a gente não tem", que cheguei a pensar que um dia o "eu te amo" viria também. Não veio. Aí eu também parei de falar. Tava me sentindo muito idiota em chamar de amor alguém que nem me chamava pelo nome. Nunca me senti suficiente pra ele. Sim, tinha beijo na boca, o melhor abraço e era tão bom dormir junto, nas raríssimas vezes que acontecia. Ele fazia questão de estar junto em tudo, e com ele eu não precisava marcar horário, então tudo bem, né? Não lembro dele com tesão em mim, daquele jeito gostoso que a pessoa te olha mordendo o lábio ou te encoxando enquanto você cozinha, sabe? Mas a vida não é só sexo, gente. Vocês que superestimam isso, eu hein? Com o tempo eu também parei de sentir necessidade disso e matava a vontade sozinha. É sobre tirar a "responsabilidade" do outro. Não se engane, eu fui muito feliz. Acho que a gente foi, de verdade. Mas não poderia ficar te segurando pra sempre, cobrando algo que deveria ser espontâneo. E como ninguém é obrigado a nada, a coragem pra terminar veio. Ou um medo disfarçado de coragem, porque no fundo eu queria estar errada e ouvir você responder qualquer coisa, lutando pela gente. Nunca vi alguém aceitar tão fácil uma decisão que eu demorei anos pra tomar, chorando a cada segundo. Realmente, existem dois tipos de pessoa. Eu sou a que precisou mudar o pensamento.

Acabei de ler que despedidas não são confortáveis, mas talvez nem a permanência seja. Eu demorei 2 anos até criar coragem pra terminar um relacionamento de 7 anos porque era bom ter companhia e eu gostava dele. O amor é tão egoísta. E foi esse fio de coragem que soltou a gente do fracasso. Cada um teve seu jeito de lidar. E, por algum motivo, pensei que eu fosse fazer falta ali. Não fiz. E isso doeu mais que tudo. Conheci e me envolvi com tanta gente legal, que não me cobrou nada, não me colocou pra baixo e nem tentou controlar. Nada preencheu a (falsa) sensação que eu tinha com ele (por enquanto). Parece que eu não quero ficar bem, mas é preciso viver o luto, com ênfase no viver. Eu sei que tô monotemática, mas isso tem me ajudado a melhorar, esquecer ele e lembrar de mim.

4h da manhã do último dia de 2023. E eu queria poder dizer que essa é a última vez que lamento sobre a dor que tem sido aprender a parar de lutar pelo amor de alguém que ficou bem demais em me perder. A parte que pode ter sido um livramento pra mim também parece tão pequena nesse momento.

Ninguém fala no tanto que é complicado pegar tudo que tá resolvido na cabeça e encaixar no coração. 

A pessoa que disse que a ignorância é uma bênção deve ter se machucado muito com informações desnecessárias e não solicitadas. Talvez essa pessoa também tenha acordado, do nada, às 4h da manhã chorando pelo que não deveria, e com raiva disso.

Se eu fosse culpar alguma coisa, pra tentar racionalizar algo que não é racional, seria a dependência emocional que a gente cria quando se envolve com alguém que tenta controlar a gente. Na minha cabeça não faz sentido sofrer por isso, mas fala isso pro resto de mim, que ainda treme acordando de madrugada. Precisa passar.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A minha lente do amor

Esses dias vi em algum lugar que não existe sim no talvez. Pensei em todos os "talvez" que você já me falou. Por muitas vezes cheguei a pensar que eu era difícil de amar e que tava fazendo alguma coisa errada pra nunca ter escutado um "eu te amo" de você. Isso me levou direto para dentro de uma comédia romântica de 1997. A Pri adolescente fez escola nos filmes desse gênero. A lente do amor me fez sofrer junto com a Meg Ryan quando ela fez de tudo pra se vingar de um ex até descobrir que ele simplesmente não conseguiu se apaixonar por ela. Não era culpa de ninguém. Ironicamente, foi o último filme que a gente assistiu junto.

Demorou 10 meses pra eu parar de chorar e entender que eu poderia ter te dado o maior amor que eu sentia, e mesmo se eu fosse a Meg Ryan, nada disso poderia fazer você me amar como eu gostaria ou achava que precisava. É que é difícil pensar nessas coisas enquanto tá doendo muito. 

Você já não é a primeira pessoa que aparece quando clico pra compartilhar um post. E eu mentiria se dissesse que não sinto falta das nossas conversas, planos de viagem, dos memes que a gente trocava, do carinho que você fazia no meu rosto com o dedo mindinho e até daquele sorrisinho de canto que você dá quando tá sem graça. Mas eu tô me curando aos poucos e preciso de mais tempo pra conseguir reaproximar de você. Todas as partes de mim, que passaram anos te esperando, estão cansadas. A gente já não se completava, sempre ficava faltando ou sobrando alguma coisa. Com o tempo tudo se ajeita. Por enquanto tô orgulhosa da minha evolução pra te deixar ir. Uma coisa de cada vez, né?

A propósito, "a lente do amor" é o nome da versão brasileira do filme. O original é "addicted to love", algo como "viciado em amor". Sinto que tô em reabilitação então.

Tédio de Natal

Natal me cansa. Festas de final de ano, no geral. E churrascos. As refeições duram mais tempo, até os afetos mais sinceros parecem forçados, tudo parece um protocolo. Um cardápio de exageros. Lembro de quando era criança e minha mãe passava o dia todo na cozinha quente, assando um monte de coisa. Era a última a tomar banho e ainda chegava atrasada no próprio jantar. Esgotada. E sentia que precisava sorrir pra todo mundo, comer e só depois de algumas boas horas, descansar. Ela não reclamava muito, eu acho, isso é uma observação minha. Depois de adulta, comecei a frequentar outras festas de fim de ano, na casa de outras pessoas. Um destaque especial para os almoços, que foi quando descobri que algumas famílias dormem após a refeição. O meu dia acabava ali, esperando o pessoal acordar pra poder ir embora. Na minha visão, existe um esforço desnecessário para um dia que deveria ser comum. As pessoas se desgastam além da conta e compram como se não houvesse amanhã. Aí, na hora de aproveitar estão esgotadas.
Esse ano, foi mais um que consegui ficar só, e foi um dos melhores. Comi o suficiente e dormi. Não precisei socializar por obrigação. Até almocei melhor no dia seguinte com parte da família. Eu não odeio pessoas, mas continuo sentindo que o resto do dia foi perdido nessas datas. Mas seguimos. Um dia essas festas vão deixar de me incomodar. Ou talvez eu ainda esteja um tiquinho amargurada por, após tantos anos, não ter mais um amor pra compartilhar o resto do dia, que considero perdido. 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Ter que esquecer

Em 1994 o Skank, uma das minhas bandas preferidas, lançava "Te ver". Eu tinha 7 pra 8 anos, cursava a segunda série do ensino fundamental e já achava que sabia sobre o amor. Você deveria estar na quarta série, em outra escola e, portanto, a gente ainda não se conhecia. Nosso primeiro encontro só foi acontecer em 2016. Hoje, em 2023, criei uma conexão sem pé nem cabeça, só pra dizer que tem um trecho dessa música que diz que "te ver e ter que esquecer é insuportável". Vivo defendendo que a gente não "tem que" nada, que se sentir obrigada a fazer algo estraga a experiência, que as nossas escolhas deveriam ser livres. Mas eu não tô num momento de pensar direito. Ou talvez seja o momento que eu mais esteja pensando direito na vida. Porque, desde que precisei tomar coragem pra terminar um relacionamento com quem eu amava, doeu mais do que imaginava e disse muito mais sobre o amor que eu sentia pela gente do que o ego e a teimosia em insistir em estar em um lugar que não me cabia mais. O luto desse fim demorou pra chegar, e todos os dias faço um esforço danado pra reentender como me afastar de você vai melhorar as coisas. Como "te ver e TER QUE esquecer é insuportável" mas não é impossível. E que o fim desse luto vai depender disso. Eu te amo, não desde 94, mas tempo o suficiente pra saber que deveria deixar esse amor ir, já que você não TEM QUE me amar de volta, e eu "quero ser feliz também", mas essa é outra música.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Eu tinha planejado tanta coisa pra comemorar o dia de hoje, pra celebrar a sua vida do jeito que a gente fazia em todas as datas importantes pra gente. Era pra gente passar os seus 40 juntos e, depois de alguns anos, os meus 40. E seguir comemorando até nossos 80 ou mais. Mas dizem que amar é deixar ir. E, quando eu quis pagar pra ver se ainda tinha amor aí como tinha aqui, doeu. Tá doendo. Espero que aí não esteja. Feliz 40. Você é muito especial pra mim. Eu amo você.

domingo, 10 de dezembro de 2023

Eu não quero querer alguém, sentir falta de alguém. Quero ser suficiente sozinha. E nem é porque acho que eu não mereça, mas é porque não se manda no sentimento de outra pessoa e não acredito que alguém vá gostar de mim de volta. E, se gostar, tenho medo de a gente não se preencher. Mas, ao mesmo tempo, gosto de me apaixonar, mesmo com todo o sofrimento que vem junto quando o sentimento acaba do outro lado. Falo como se nunca acabasse do meu lado, como se só em mim fosse doer, como se não valesse à pena arriscar e tentar começar de novo mais uma vez. Falo sempre com medo, né?

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Onde dói

 Eu me apaixonei duas vezes na vida, até agora, com 37 anos. E o que nem todo mundo fala sobre é que, quando um relacionamento se rompe sem o amor ter acabado (pelo menos de um dos lados) é que tudo parece doer de uma vez, porque a gente não fica pensando, só sente. E, um dia, a gente respira fundo e percebe exatamente onde tá doendo. É naquele lugarzinho tão pequenininho dos sonhos que a gente construiu e queria tanto que desse tempo de realizar junto. Projetos que talvez eu nunca tenha pensado o tanto que queria até não ter mais. O que me pegou bastante, nas duas vezes, foi ter demorado pra perceber que queria ter envelhecido com quem eu amava. Agora, pensando racionalmente, vejo que isso não é impossível, mas parecia enquanto tava tudo só doendo e só doeu porque eu pensava que fosse impossível. Ou seja, perder a esperança é o que dói. Mas segurar esperança em algo que não faz mais sentido também dói. Melhor só seguir. Talvez assim eu até me apaixone de novo. E construa outros planos com outra pessoa. Ou comigo mesma. Até porque, se eu não me cuidar, não vou conseguir envelhecer bem, com ou sem alguém.

sábado, 11 de novembro de 2023

Há um mês eu viajei sozinha. E não poderia estar mais acompanhada. Tinha um na cabeça, o cheiro de outro no corpo e mais um escorrendo pelos olhos.

Era uma viagem a trabalho, de realização profissional e pessoal. Um grande passo pra minha carreira. E eu sofrendo por amores possíveis que escolheram não acontecer. Mas quantas vezes eu também não deixei um amor possível acontecer? A gente acha que é só com a gente que dá errado, é só a gente que ninguém quer.

Fora isso, foi tão bom. Todo o apoio,  reconhecimento, a motivação pra eu continuar nesse caminho, que tá me fazendo feliz. Há muito tempo eu não me sentia solta e tranquila no trabalho, com planos, férias, despreocupada com alguém me pressionando e querendo controlar até minhas finanças. Acho que tá na hora de parar de lamentar as partes boas que não tenho mais da relação e lembrar dos caminhos que estavam me deixando infeliz. O ser humano precisa de algo pra se apegar em algum momento, pra ajudar no processo.

sábado, 28 de outubro de 2023

Aos pares

Talvez eu tenha demorado pra perceber que a sociedade delimitou todas as suas atividades para serem construídas e aproveitadas aos pares (poltronas duplas no cinema, rodízio promocional para casal). Talvez eu já tenha percebido em outros momentos, quando me cabia a posição em um par. Mas de outro ângulo não parecia ameaçador como agora. E parece que faz parte da vivência se sentir menos quando não é par, apesar de todos os discursos de amor próprio.

A gente passa a vida buscando alguém, estipula exigências estéticas e afetivas e ainda chama de afinidade, energia ou amor. A auto sabotagem vem no starter pack da humanidade.

Sem falar que não é todo par que tá disponível nessa vitrine social. E, se a gente tem exigências, os outros têm também. As caixinhas onde estão as combinações talvez não te caibam, então você se aperta, se cala, se ajeita física e emocionalmente para fazer parte. E ainda sai mal quando a caixa arrebenta e não cabe mais nenhum dos dois. Quem inventou essas caixas? Quem inventou essas pessoas? Quem inventou que a gente precisa disso? Tem tanta coisa que dá pra aproveitar só. 

Empoderada até o chamego do outro se fazer presente e mexer com você de um jeito que o seu próprio carinho não faz. E assim a gente segue. Aos pares. Mais sozinhos que nunca.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Acabei de ler na internet, em um perfil de alguma psicóloga, que se eu fui uma filha que não deu trabalho, talvez hoje eu tenha o hábito de sabotar minhas relações com medo do abandono, tenha dificuldade em pedir ajuda e seja perfeccionista e me cobre demais. Agora tô chorando por ter sido sempre uma filha quase exemplo. Nesses 37 anos a maioria das coisas que ouvi as pessoas falando sobre mim sempre foi que sou boazinha demais, organizada, que não consigo fazer mal pra ninguém, que choro demais por qualquer coisa, que me dedico além da conta pra gente que não consegue me valorizar. É muito louco como palavras legais, tipo boazinha, organizada e dedicada podem não ser tão cruéis com a gente às vezes. Esse pensamento não vai ter um desfecho porque tá sendo processado ainda. E eu pensando que o meu maior problema pra resolver agora era a carência que eu tentei fingir que não tinha.

segunda-feira, 16 de outubro de 2023

Mais uma vez, sofrendo parcelado, por um amor possível que escolheu não acontecer mais, Priscila? Você sabe que não manda nisso, né? Sei que tem dia que fodam-se as borboletas e os jardins, a gente só quer chorar até esvaziar o vazio que ficou.

domingo, 15 de outubro de 2023

Além do fim

Ando dormindo pouco, tarde ou cedo, em uns horários bagunçados. Já li, curti e concordei com quase todas as frases de superação de ex que apareceram no feed do instagram. Reavaliei mil vezes minha decisão de terminar. Não me arrependi nenhuma vez. Então por que caraleo ainda tô chorando sem parar?

Que eu saiba, não teve traição, a amizade permanece, e me envolvi com gente o suficiente para seguir em frente. Só que, sem o coração limpo, não dá. E o que um ego ferido não faz, né? Pensar que talvez alguém ainda escute um "eu te amo" da boca que eu queria escutar por tantos anos. Eu fiquei além do fim. Já tinha acabado fazia tanto tempo, mas gente só enxerga a ilha quando tá fora dela. Vai passar.

sábado, 14 de outubro de 2023

Paris parece mesmo bonita

Tive pesadelo.

Sao 4h51 da manhã, tô chorando e, geralmente, seria a hora que eu escreveria contando tudo pra você e você me acalmaria quando lesse. A gente tinha dessas coisas. Eu tinha pesadelos às vezes. Mas dessa vez o pesadelo foi com você. E, talvez, dessa vez, não seja um pesadelo, mas me deu palpitação e eu não tenho você pra contar. Porque a gente tá seguindo a vida, cada um na sua. E também por isso eu não posso contar pra você agora, do mesmo jeito. Você já tem de quem ouvir pesadelos agora. E eu até tenho alguém pra quem contar, mas não quero começar estragando alguma coisa que não é exatamente uma coisa, contando um pesadelo que não é pesadelo, mas é sobre você. Não tenho o direito de transferir essa responsabilidade desse jeito. Faz um tempo que estou sem você, mas só agora me senti sozinha de verdade. Por causa de um sonho com você. A gente tava em Paris, sabe? Tava frio, do jeito que eu gosto. E já tinha passado pela Espanha. Claro que tinha que ter viagem, "tudo é viagi". Mas você já tinha pra quem voltar depois disso. E eu, com todos os rolos da vida, não tinha ninguém, porque ninguém aguenta muito tempo. Ou será que eu não foco e assumo porque tô com medo de mais rejeição? De nunca ser suficiente pra ninguém. Só que isso, eventualmente, vai acontecer de novo. Ao contrário também. A ideia é acalmar e fazer doer menos cada vez, reduzir os danos. Até porque, não dá pra controlar o que a gente sente em relação ao outro, e o que o outro sente em relação a gente. E Paris parece tão bonita. Não vale a pena perder o sono chorando por isso.

o cara da livraria

Eu tinha 22, ele 24. A gente se conheceu na livraria e eu atendi ele com o carisma de um funcionário público prestes a se aposentar, quando levantei o rosto e vi ele. Eu queria me esconder dentro de uma caixinha de big mac, mas paralisei e fiquei imaginando o que ele come no café da manhã, já que eu queria acordar todos os dias com ele agora.

Depois de alguns desencontros, a gente conseguiu namorar por 698 dias, com direito à poesia, cartas fofas, cappuccino no posto de madrugada e muitos filmes assistidos pela metade.

Até que acabou.

Chorei uns 5 anos, não por ele, mas por um personagem que criei, como se fosse ele. Chorei na balada, no trabalho, pós sexo, mercado, shopping, banheiro de bar, por aí vai. Chorei tanto que os meus amigos passaram a odiar ele, sem ele ter feito nada. Chorei até esquecer pelo que eu chorava. A gente se afastou pra eu me curar, a vida aconteceu. O meu coração ficou limpo e eu me apaixonei de novo (esse acabou também, mas essa é outra história, que eu espero não chorar 5 anos).

Hoje, 15 anos depois daquele dia na livraria, e depois de muita terapia, a gente continua amigo, não choro mais (não por isso) e guardo com carinho as boas lembranças. Não deixa de ser um felizes para sempre. Seja lá o tempo que durar esse sempre.

sexta-feira, 13 de outubro de 2023

pelo menos durante a TPM eu preciso me afastar de você

Eu te amo, mas não amo mais a gente. E, pelo que percebi, você não me amava, mas gostava da gente. Foi por isso que acabou. Antes mesmo de terminar. Você podia ter me contado que não sentia mais, poxa. Por que o ser humano insiste e cava esperanças vazias quando não existe reciprocidade? Será que é medo de ficar só? Ou um abraço gostoso, bons momentos e viagens adiam o fim? Será que sentir alguma coisa é melhor que sentir nada? Spoiler: não é. Principalmente se essa uma coisa é o gosto amargo da rejeição. Talvez eu te ame pra sempre, mesmo não amando mais a gente. E esse amor se transforme naquela "velha canção nos teus ouvidos, das horas que passei à sombra dos teus gestos". Vinícius de Moraes sempre tem um trecho pra me rasgar inteira em cada fase da vida. Mas é isso ou três tapas na minha cara pra me recompor e lembrar que ele não vai ser o último cara que vai me amar*, caso um dia eu acredite que amou.


*a referência é do filme "alguém como você"

domingo, 24 de setembro de 2023

o que tá acontecendo, eu nem imagino

Eu quero te conhecer. E não tô falando de saber que tipo de música você curte, porque isso eu já tenho uma ideia e sei que combina com o meu gosto. Nem só do que você costuma fazer aos finais de semana. Isso é bem amplo e muito vago. Quero saber como foi a sua infância, brincando com os seus primos na casa da sua avó (você conheceu seus avós?), qual a matéria que você mais gostava na escola, o que te tira do sério, o que te deixa animado fácil, sua cor preferida, se você também tem reflexões muito loucas depois de assistir um filme. E se eu dormir antes do filme acabar? Quero saber o seu sabor favorito de sorvete. Aliás, você gosta de sorvete? 

E não é que eu não queira transar com você. É lógico que eu quero que a gente percorra o corpo um do outro e descubra, juntos, o prazer de cada ponto. Mas tô feliz com a ideia de ir devagar. Meu interesse é verdadeiro e eu quero sentir cada etapa dessa experiência, sem expectativas ou fanfics surreais. Só me deixa te conhecer.

isso aqui tá muito bagunçado, ah tá, sou eu

 eu gostar de alguém não vai fazer essa pessoa gostar de mim. por mais que haja torcida. a reciprocidade não é mágica, a afinidade não é eterna. e é melhor assim, porque dói demais gostar sozinha. acho até que é por isso que eu vivo criando contos de fadas na minha cabeça. quando eu gosto demais de alguém, esse cara vira um personagem que me quer também, e a gente é feliz junto. sim, eu sei o tanto que é bizarro ler isso. e não tô afim de discursinho de como eu deveria me valorizar mais e saber o tanto que sou boa em várias coisas. inclusive, eu sei no que sou boa, só não falo tanto porque tenho medo de parecer arrogante. mas, ao mesmo tempo, não é questão de eu me valorizar. quero algo bem simples que venha do outro e não de mim. pegar na mão, me abraçar num domingo à noite, fantasiar comigo pra uma festa de halloween. alguém ainda vai falar que me ama de novo, e isso não tem o mesmo efeito que eu mesma falando que me amo ou que sou foda. consegue compreender?

o cara do tictac

A gente se conheceu lá pelos 20 e poucos anos. Tava solteira fazia uns 2 anos e ele menos de 1 ano. Foram uns 10 meses de momentos legais, conversas sobre a nossa formação (que é a mesma), sexo bom e ele me mostrando que tava aprendendo sax. A gente nem sabia o que tava fazendo, eu acho. Eu escrevia sobre ele no twitter, tinha até uma hashtag pra contar que tava feliz com xis, antes do twitter ser x. Talvez ele nem saiba disso. Um dia inventei de desenhar nas balas daquela caixinha de tictac. Fiz carinhas em cada bala, pra presentear ele, do nada. Era meu jeito de dizer que tava curtindo o que a gente tinha. Aquela aventura dos vinte e poucos acabou, ele casou, eu namorei muitos anos e a gente não se viu nesse período todo. A gente nunca se apaixonou. Era mais uma amizade com fogo e benefícios. Uns 12 anos depois, a gente se viu, por acaso. Ele solteiro, eu não. Passados mais uns meses, também fiquei solteira e a gente se encontrou de novo. Eu tava numa fase muito delicada e ter alguém que me conhecia e que me deixasse a vontade foi muito bom pra ajudar com os traumas que eu tinha. A gente continuou sem se apaixonar. Mas vivemos outra aventura, com mais maturidade, dessa vez. Momentos legais, nossa profissão continua a mesma, o sexo ficou melhor ainda e agora ele já toca sax melhor, como hobby. Não teve mais balinha desenhada, mas muitas conversas, pontos de vista e uma paciência pra me ajudar a superar o que eu precisava superar. Valeu a pena.

sábado, 5 de agosto de 2023

versão não definitiva

Tô tentando não segurar rascunhos e áudio notas que talvez nunca vá publicar. Reflexões que vão ficar perdidas por aí e que só façam sentido na hora da solidão. E então era mais uma madrugada em claro, rolando memes pra ver se me identificava com qualquer frase aleatória, quando apareceu "estou feliz sem você, mas ainda sinto falta das coisas que você nunca disse". Lembrei da listinha que preciso fazer para a terapia. Sobre o que é importante um possível par romântico ter pra mim, o que eu quero e não o que aceito. É mais difícil que parece, ainda mais nessa carência em que ando. Dei uma desabada, fiz a lista, revisei, ainda não sei. Coisas sérias demoram para ter versão definitiva, e talvez nunca tenham. Mas ainda me incomoda querer ouvir coisas que não dependem de mim para serem proferidas.

Desamor

Acho que eu nunca tinha deixado de amar tão rápido. Mas o que é o tempo para cada um, não é mesmo? Talvez eu tenha demorado e não tenha percebido. Ou então o desgaste me pegou num momento que qualquer coisa me deixaria irritada e assim acabou num instante. A real é que dói do mesmo jeito. E eu não falo de dor como uma coisa ruim. Algumas vezes é necessária para o aprendizado. E em todas as vezes é parte do processo todo que eu confesso que gosto. Se sentir tudo de bom vem acompanhado de algo chato em algum momento, eu ainda escolho sentir.

Mas então será que eu deixei de amar mesmo? Uns sim, outros não. Dias? Pessoas? Ninguém sabe.


quarta-feira, 19 de julho de 2023

Crença

Por que a gente acredita em algumas coisas sem fundamento e em outras coisas não? Talvez seja uma necessidade nossa em apegar à algo que, mesmo que não faça sentido racionalmente, deixe a nossa mente confortável naquele mínimo "vai que" ou "mal não vai fazer".

Desde sempre eu tive uma base, que hoje chamo de "supersticiosa", e que não acredito em boa parte do que me foi oferecido como crença. Não sei dizer se um pouco de ceticismo me fez uma pessoa melhor hoje. Visto que eu permaneço uma pessoa muito conto de fadas, pode parecer hipocrisia não acreditar em alguns rituais e na pseudociência popular. É uma escolha. E meus contos de fadas não dão esperanças à ninguém, só à mim mesma, em alguns momentos, lá no fundo. Mas eu acho que é mais um desejo, um "contar com a sorte". Contraditório, né? Ainda mais pra quem se considera uma pessoa de pouca fé.

quinta-feira, 30 de março de 2023

das prateleiras do mercado

Largar é fácil, difícil é deixar ir. E eu que pensei que nunca mais fosse chorar desse jeito. Ainda mais de saudade de uma rotina que eu nem quero mais. Quero chegar na parte em que vou lembrar e rir, sabe? Quando a gente brincava sobre como seria caso um dia a gente não fosse mais um casal e você falava que eu ia chorar tanto quanto uma outra vez aí ou até mais, eu duvidava, a conversa acabava e a gente se abraçava (e era o melhor abraço do mundo, desde a primeira vez). Em que ponto eu fui ficar tão infeliz pra minha lista de prós e contras virar? Por que alguns dias dói? Será que o dói foi ter passado tanto tempo esperando ouvir um "euteamo" que nunca veio? Ou uma pitadinha de desejo? Ou é só que cada prateleira do maldito mercado me lembra tudo que a gente inventava de cozinhar junto e sempre ficava bom? É bizarro chorar no corredor do mercado, na frente dos vidros de palmito. Nem sei mais o que tô escrevendo. Nem sei se tá mesmo doendo.

domingo, 26 de março de 2023

Enfim

Nenhum fim é tranquilo. E eu precisei desabar completamente e sem aviso prévio pra tirar esse texto de mim.

Quando eu me apaixonei por você, não precisei de motivos ou argumentos.

O casal mais improvável e tão diferentes. E a gente se fez tão feliz. Eu amei tanta coisa que nunca pensei que fosse gostar na vida.

Quando acabou, eu tinha gratidão, muito carinho, uma lista de tentativas fracassadas e um cansaço absurdo (que eu neguei com todas as forças durante tanto tempo).

E eu não me arrependo de um único segundo, nem do amor, nem das tentativas, nem do fim.

A pior parte do fim é que ele não acaba no "não quero mais". Ele se arrasta em cada plano rasurado, hábito do dia a dia, em cada visualização de rede social. E ele dói. Pulsando como um canal recém descoberto no dente do fundo que a gente mais usa. Do nada, dói.

O fim não deixa de ser um fim, mesmo que se recomece. Mas o tempo faz com que ele fique cada dia mais longe de quando acabou e isso fortalece a gente. Nós dois. Que vamos seguir bem, sem culpa e com muita admiração, sendo você e eu.

sábado, 28 de janeiro de 2023

Eu parei no meio da faxina pra escrever isso

Outro dia uma pessoa comentou que tinha passado 5 horas fazendo faxina na casa dela. Eu não sabia se achava um absurdo, se admirava ou se sentia vergonha por nunca ter feito isso por tanto tempo. Cresci sem saber limpar casa. Ninguém nunca me ensinou. Talvez eu tenha sido criada para ser mimada, mas não contavam que eu poderia ter uma vida mais simples quando ficasse adulta. E não que eu tenha tido uma vida de luxo quando era criança, muito pelo contrário. Mesmo assim, tenho ótimas lembranças.

E porque eu teria vergonha de achar que uma faxina dura menos tempo? Será que sou porca? Muitas dúvidas surgiram na minha cabeça depois daquele dia, mas só parei pra pensar agora, enquanto varria o quarto. Naquele mesmo dia a gente falou sobre aspirador de pó e misturinhas caseiras para limpar piso. Tudo o que eu sei sobre limpeza veio de uma irmã que morou com uma tia e aprendeu com ela, e um pouco de uma prima, que deu algumas dicas. Até tinha uma indignação, que minha casa não ficava com "cheio de casa limpa", até que acertei na misturinha, que minha irmã me ensinou.

De qualquer forma, fiquei pensando porque mulheres se preocupam tanto com isso, geralmente. Homem não fala sobre limpeza, de um modo geral, como a gente acaba pensando. Eu não sou exatamente um exemplo, não limpo tudo minusciosamente, às vezes deixo aquelas aranhas das pernas fininhas vivas (elas ajudam comendo uns insetos), e largo qualquer dia de faxina pra fazer outra coisa, pra sair de casa ou até pra escrever post no blog, mas fica aí a reflexão.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Tristeza é com T de trabalho

Nada como um dia após o outro, trabalhos bem feitos, a cabeça cheia de projetos novos e a percepção de que eu não sou muito agradável (após ler esse blog quase inteiro de novo). O psi tá certo, aff. E desde quando a vida começou a se resumir em trabalho? Logo isso, que não é o prazer de ninguém. Pelo menos eu não gosto de trabalhar. Duvido que, no fundo, alguém realmente goste (por mais que eu faça o que curto). E quando digo isso, não é o ofício em si, é mais a obrigatoriedade de estar disponível pra alguém por um período de tempo, só porque precisamos pagar boletos. Triste. Mas, ao mesmo tempo, não é isso que a gente faz na vida pessoal também? Estar disponível para alguém por um período de tempo. 

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Eu não tenho um título decente para esse desabafo sobre metas

Passa um pouco da 1h da manhã, mas ainda não dormi, então esse momento pode ser ontem, hoje ou amanhã. É a terceira vez que eu começo uma terapia. Em 2011 eu fiz porque aos 24 anos tava complicado lidar com um pé na bunda. Aos 34 o conflito era a carreira e porque caraleos eu não ganho dinheiro (apesar de não gostar de precisar pensar sobre isso). Agora, com 36, eu já nem sei, só sei que sai pior que entrei na sessão (e eu entrei me sentindo bem). Pode ser parte da abordagem, mas vamos ver.

Dentre as minhas metas para esse ano (sim, eu faço essa lista às vezes): fazer coisas que eu não teria coragem ou não me sentiria confortável normalmente, pra testar coisas novas. Isso explica eu insistir, espero saber lidar e sair se não estiver legal mais, já que aparentemente percebi que depois dos 30 comecei a acomodar com algumas situações e acho que não é tão bom.

Eu ainda insisto em dizer pra mim mesma que vou ler algum livro (alguma ficção, lógico). Não pretendo me cobrar de ler como antigamente, mas poxa, pelo menos alguns, né? Outra meta é voltar a escrever nesse blog, coitado, teve ano que só teve um post o ano todo! E eu amo escrever. Comecei limpando a pasta de rascunhos e logo vou passar minhas áudio notas críticas e sentimentais pra cá. É um bom exercício. Falando em exercício, não posso deixar o sedentarismo me fuder mais, mas nem vou fazer promessas sobre isso.

Me dedicar aos projetos que gosto, pra não precisar voltar pra CLT. Essa meta tá todo ano na lista. E esse ano já começou bem melhor. Tô bem orgulhosa de mim. Acho que é isso, tô sem ideia de como encerrar, até porque esse é um texto espontâneo no meio de tanta rima pensada, um mexidão da minha cabeça.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Proibido

Cuidado com o que deseja
Mesmo que esse desejo seja
Um constante clichê popular
"na volta a gente compra"
Sabendo que não vai voltar

Há tempos eu precisava de inspiração
e você se encaixou tão perfeitamente nessa necessidade
(como eu gostaria que meu corpo se encaixasse no seu)
E esse poema é sobre tesão
com uma pitada de romance e vontade
(se, por acaso, você ainda não percebeu)

Eu falo: não me provoca!
mas não tem jeito não
só de cumprimentar
meu corpo desloca
meu olhar não foca
e você me tem na mão

Se depender de mim
isso nem chega aos seus ouvidos
(pelo menos não no momento)
todas as grandes loucuras
dos meus sonhos mais proibidos
que a gente faz no meu pensamento

Há vagas

Quando há vagas
emprego, congresso, educação
concurso, reality show, e até na fecundação
sempre tem uma competição
e eu, que não jogo nem imagem e ação
fico observando sem arriscar
mas quem não participa
também não corre o risco de ganhar

ruim é quando não dá pra escapar
quando se quer um lugar
precisa entrar e fazer sacrifícios
ossos do ofício
brigar por carteira de cliente
pra fechar o melhor negócio
o que tem de errado em querer
um pouquinho a mais de ócio?

fazer o que se ama
não deveria ser tão julgado
mas a gente deita na cama
com a culpa do nosso lado

eu queria saber quem inventou
que passar a vida trabalhando
era jeito bom de viver

será que ninguém avisou
que todo mundo só fica esperando
o expediente acabar pra beber