segunda-feira, 24 de março de 2025

dois

Gente, ceis lembram desse texto aqui?

Então, já é possível ver a Priscila abraçada num domingo à tarde. E nem precisa de um filme terrivelmente romântico passando. Aliás, a Priscila está sendo abraçada há dois meses, aos domingos, sábados, e dias de semana também, sempre que dá. Sem precisar pedir. E tá abraçando de volta, sem querer largar. É incrível o que se pode deixar sentir quando o coração tá limpo de novo, né?

Pra vocês, que acompanham aqui faz tempo. Aconteceu tanta coisa, gente. E foi tudo bom. O alívio da superação, o trabalho melhorou, o sono, os planos, as sensações. Esse não é um relato de amor. Ainda. Mas tem potencial. Obrigada pela torcida até agora. Ainda vai ter muito texto ruim por aqui, já que escrevo melhor angustiada.

Os agradecimentos pela graça alcançada, de uma companhia pra andar de mãos dadas, vão para as amigas que falaram bem dele pra mim, pro algoritmo do instagram, que me mandou a sugestão do perfil dele, INCANSAVELMENTE, por meses, pro o meu psicólogo, e claro, pra nós dois, que fomos com medo mesmo.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

terapia funciona, tenha paciência

Esse blog é a prova viva de que terapia funciona. Eu nunca tive dúvidas, mas muita gente tem e, na maioria das vezes, acredito que seja pelo tempo. Não vou mentir, pode demorar. E muito. Cada um tem um processo e manter esses registros desde 2009 por aqui me anima em assistir de camarote minha própria evolução, tão regada de caos e ilusão.

Já tive cinco sessões esse ano.

Em umas delas percebi que, agora que não te conheço mais, é quando mais te conheço. E isso me tirou boa parte do último vínculo que eu achava que ainda tinha com você: a dor. Sei que muita gente deve achar um absurdo demorar tanto pra superar alguém que não entregava quase nada e ainda acabou reduzido em egoísmo e covardia. O meu processo foi assim. Falei e escrevi, de peito aberto, sobre como pensei que fosse morrer sem ele, chorei descontroladamente em casa e em público, joguei toda a frustração no sexo com pessoas aleatórias, ganhei peso e perdi a noção. Como isso pode ser chamado de amor, né?

Não prometo que, daqui pra frente, todos os desabafos serão mais felizes, porque existem outras coisas que deprimem a gente, além de homem finais de relacionamentos. O capitalismo, por exemplo, tá aí todos os dias. E o calor, os hormônios, pessoas sem noção. Mas o coraçãozinho tá um pouco mais em paz hoje.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

tudo na mesma, galera

Eu nem ia aparecer por aqui tão cedo. A troco de quê viria aqui só lamentar as mesmas coisas de sempre? Sentir vergonha sobre não ter superado algumas situações, contar sobre minhas tentativas frustradas de conseguir afeto, e viver na corda bamba entre uma dose de desistência e uma dose de esperança. Mas esse blog não é pra isso, afinal de contas? Desde 2009 relatando as situações que me incomodam e me deixam angustiada desde 1986.

O ano virou faz 13 dias e, desde então, já tive duas sessões de terapia, vi pessoas que gosto, pedi pizza duas vezes, fechei trabalhos legais, comecei a ler dois livros que não terminei e chorei descontroladamente escondida. Não vou prometer nada, isso cansa e eu me cobro demais. Só desejo duas coisas pra mim mesma esse ano: aprender a relaxar e ter saúde pra ir atrás das coisas que tiver vontade. Relaxar também se encaixa no sentido de "tá tudo bem desistir de algumas coisas de vez em quando". Nem tudo é um joguinho que você precisa zerar. Recomeços nem sempre dão certo na primeira tentativa. Finais também não.

Nota 01: Clichezão do caraleo, essa coisa de recomeços, hein? Mas é que tô recomeçando há mais tempo do que gostaria.

Nota 02: Coração tá vazio. Será que crio um perfil em app, pela primeira vez, pra rir dessas coisas da vida?

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

na alegria e na tristeza

Hoje a terapia foi de manhã. Sim, naquele horário que eu ainda não comecei a funcionar. E os meus canais lacrimais deram um show a parte. Agora só preciso tirar daqui de dentro um pouco desse caos. Talvez a questão não seja se sou difícil de amar como sempre pensei, mas sim, eu não saiba amar sem sofrer. Vivo falando e escrevendo sobre essas coisas do coração e sempre levo pro lado do romance, naquele ciclo sem fim de amor e sofrimento, como se um relacionamento não vivesse em equilíbrio se faltasse uma coisa assim. Como se a sorte de um amor tranquilo não fosse possível. Também, né? Desde sempre temos o religiosamente aceito "na alegria e na tristeza" e isso faz com que a gente pense que deve, por padrão, ter uma boa parcela de cada pra ter sucesso "até que a morte nos separe" de alguém. Mas esse é só um tipo de amor. No coração cabem tantos outros. Sempre que eu penso em amor, a primeira ideia que me abre um sorriso são os meus sobrinhos, que não precisam se esforçar pra eu amar, por exemplo, mas logo vem aquela pessoa, que nem sempre tem nome e forma, companhia que quero pra vida. Só que fiquei tanto tempo nessa de encontrar alguém algum dia (mesmo quando não queria estar com alguém) que esqueci do outro amor, o meu. Nisso, sempre me tratei mal. E, quando faço isso, é como se permitisse que os outros também façam. É uma punição pessoal, por não me achar muito digna de nada com qualidade, mesmo sabendo que mereço. Me sinto uma farsa completa em 3 atos Shakesperianos. Tati Bernardi me jogou na parede quando escreveu "tenho medos bobos e coragens absurdas". E o google, até hoje, atribui à Clarice Lispector. Nada contra Clarice, inclusive adoro a profundidade dela, que também me rasga constantemente. Mas a frase da Tati me traz de volta às ligações que eu não fiz pra pizzaria e até a sinceridade em abrir meu coração pra falar quando gosto de alguém. Qual é o medo e qual é a coragem aí?

Hoje eu saí aos prantos da terapia, e escrever SEMPRE me salva de muita coisa, inclusive de mim. Sim, ainda quero escrever por aqui sobre um fim de domingo deitada no colo de um cara sensível, escolhendo um filme terrivelmente romântico, quando isso acontecer. Mas o coração têm desses altos e baixos, e essa semana ele começou afundado. Pelo menos agora fica mais fácil pegar impulso pra voltar a subir.

domingo, 24 de novembro de 2024

nem era hora disso

Pra que santo a gente pede quando precisa desgostar de alguém? E esse pedido se faz necessário meio que urgentemente porque, depois de você, todo beijo ficou duro, todo flerte ficou sem graça, não quis mais transar e ninguém mais me chamou a atenção do mesmo jeito. A gente nem chegou a ser um nós. E eu só me dei conta que gostava (e precisava desgostar) quando senti todo o sangue do meu corpo desaparecer assim que botei meus olhos em você, 43 dias depois do nosso último beijo, que eu nem sabia que seria o último até agora (e nem queria que fosse também). Mas respeito é isso, eu sem te procurar desde que cada letra do seu "não estar disponível" chegou pra mim, como uma notificação decente de consideração, seguida de uma inevitável tristeza não programada. Não vou mentir que durou umas horas. Até que te vi pessoalmente, a pressão baixou e eu nem sei explicar o que senti depois. Você ainda mexe comigo mais gostoso que o movimento tímido da sua boca apertando e seus olhos inquietos. Queria ter trazido você pra casa pra dormir abraçada. Ao invés disso, só vim pra casa descansar, e cansar minha memória e sorriso,  lembrando, em loop infinito, de você. Talvez eu pareça mais romântica escrevendo que agindo, mas isso não importa. A Priscila sem gostar é muito mais produtiva, e é disso que preciso agora. E não é não gostar de ninguém, é não gastar tempo buscando reciprocidade onde não tem. Mas obrigada pelo seu sorriso lindo. É com ele que vou dormir na cabeça. 


* a vida é mesmo um eterno gostar sem escolher e tentar desgostar quando não é escolhida, pra não sofrer. Seguimos, que uma hora vai.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

não é sobre celulares

Quando eu tinha uns 24/25 anos, fui assaltada à caminho do trabalho. Eram umas seis e pouco da manhã, um cara me abordou, ainda dentro do bairro, com a mão dentro da camiseta, pedindo meu celular. Com sono e de fone, nem percebi o que estava acontecendo. Ele chegou tão perto de mim que eu travei, consegui puxar o celular do bolsinho lateral da mochila e entreguei. Ele só saiu andando, perdi de vista muito rápido. Virei a primeira rua, dei uma volta enorme, olhando pra trás o tempo todo, corri loucamente pra casa, bloqueei o cartão do banco, o chip do celular e avisei a empresa que ia atrasar.

Depois disso, fiquei algumas semanas sem telefone. Em 2012 a sociedade já dependia bem da vida online, mas eu não podia comprar outro, então o jeito foi esperar. Lamentei ter perdido as fotos que tirei com o Apanhador Só, no primeiro show que fui deles (eu ainda não tinha o costume de jogar tudo na nuvem, aliás, já era comum usar nuvem?) e a possibilidade de ouvir música enquanto tava na rua. Fora isso, não me fez tanta falta quanto pensei que fosse fazer.

Hoje eu acordei com a confirmação de um rompimento. Respondi e agradeci a sinceridade. Ele foi legal (essa história vai fazer sentido, eu juro). E, além de um pouco de choro, um tempo de qualidade com meus sobrinhos e tentar remediar a tristeza com alguma fritura, o algoritmo do instagram me arremessou um vídeo sobre como superar alguém que não te escolheu. A primeira coisa que a moça do vídeo fala é para agradecer a pessoa, mentalmente, porque ela tá te mostrando que não é a sua pessoa e tá te redirecionando pra onde você tem que ir. E conclui falando para se afastar, que é o que o meu psicólogo fala, incessantemente, desde que acabou meu último namoro.

Com vinte e poucos anos, durante aquelas semanas, cada dia que passava sem celular, sentia menos necessidade dele, até esquecia que já tinha achado tão essencial na minha vida. Ocupei meu tempo com outras coisas e, quando pude ter outro aparelho, passei a usar com mais cuidado e sabedoria. Isso, definitivamente, não é sobre celulares roubados às seis da manhã.

aceito os termos e quero continuar

- Você acha que colocou muita intensidade no começo?

- E eu sei ser de outro jeito?

Era uma sexta feira quando minha autoestima de centavos e eu contamos pra um amigo que eu tinha conhecido alguém, mas achava que já tinha estragado tudo. Eu queria não ter deixado transparecer que tava curtindo muito, porque talvez assim continuasse gostoso como era no começo, naquela fase em que ele me chamava pra sair e mandava mensagem falando que queria me ver. Então eu comecei a sentir saudade e falei que tava curtindo, aí ele explicou que não tava na mesma e preferiu se afastar. Ele foi decente e eu logo me dei por vencida porque, como diz meu psicólogo, eu suponho demais, sem saber realmente o que tá acontecendo e sem antes perguntar.

Sei que o começo não dura pra sempre, só que talvez eu seja ou esteja tão carente, e queira tanto um colo, um chamego, um romance de cinema que não existe (mas mereço), que me sinto negligenciada o tempo todo. 

Sabe aquela mentira que, de tanto que a gente conta, até a gente acredita que seja verdade? Eu falo tanto pra todo mundo que não quero namorar, que nunca quis casar ou morar junto, que comecei a acreditar nisso. E falava isso porque sempre tive medo de ninguém nunca querer qualquer dessas coisas comigo e eu ter que lidar com mais rejeição. Tinha época que não queria mesmo, mas eu nasci pra estar apaixonada e receber afeto, poxa. As coisas mudam.

Hoje li sobre o amor moderno e sua bizarra mecânica de que mostrar interesse é um ato de vergonha. Na hora passou um filminho das vezes em que eu caí nisso de tentar sentir o mínimo possível pra não perder as partes boas que já tinha. Isso não combina comigo e, de novo, eu sei ser de outro jeito?  Quanto tempo uma canequinha leva pra encher essa minha caixa d'água de emoções, pra eu poder mergulhar segura?

Falar encurta tanto o caminho. E nem acredito que eu, a maior defensora da comunicação aberta, escolhi me segurar e aceitar o mínimo de afeto, porque era "melhor que nada".

Só fala.

"...se a reação da pessoa for a mesma que a sua, veremos a Priscila em um domingo à tarde, abraçadinha no sofá vendo um filme terrível de romance". Chorei quando o meu amigo mandou essa mensagem. É isso. É justo comigo e com o outro.