sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Por dentro



Arranca-me da garganta. Mas por que só da garganta? Arranca de mim toda. Para que nada mais fique entalado. Aproveita o momento em que vou me deitar. A fragilidade pós banho, a ansiedade pelos sonhos, a vulnerabilidade do meu corpo fresco. Não considere golpear  minha cabeça. Deixa-me assistir. Faça-me cortes superficiais. Quero ver o sangue escorrer. A dor é suportável... muito mais do que essa aqui dentro. Me arranque as entranhas e se delicie. Se lambuze com o meu ser. Epiderme, hipoderme. Morda minha carne e mastigue os orgãos crus, um a um. Enquanto você me saboreia, eu viajo dentro de você. Deslizo, derreto, deixo um sabor marcante. Aproveite. E antes de pensar em me degustar como uma iguaria qualquer, saiba mastigar corretamente, com calma e tenha consciência de que pode suportar me engolir. Posso ser indigesta e deixar um gosto amargo na sua boca.
E, se depois de me digerir dentro de você, me fizer sentir mais viva, relaxe, que é a minha vez de te devorar.


2 comentários:

Anônimo disse... [Responder comentário]

Eu quero suas entranhas! kkkkk great whriting,by the way....
Luba

Ana Andreolli disse... [Responder comentário]

Tem vezes que eu acho que vc tb tem coisas não-ditas pra alguem. Tamojunto Pri!!