quinta-feira, 12 de setembro de 2024

de portas e peito abertos

Sempre digo que escrevo melhor, ou mais bonito, quando tô triste. E talvez por isso tenha sumido um tempo desse blog. Tenho muitas ideias, vivências e coisas boas acontecendo atualmente. Mas, por algum motivo, escrever sobre isso não flui da mesma forma que a mágoa e a melancolia. Então vou tentar misturar os dois, contar como cheguei aqui e ver se sai algo que preste. Mas fica por aqui que ainda vai ter romancinho bobo nesse blog, porque eu sou eu, né?

Vou começar dizendo que, acho que é a primeira vez que o centro da minha vida não é algum cara.

Nesse momento tô usando um fone de ouvido sem ter dado play em qualquer som, muito embora tenha uma faixa pausada no spotify. É mais pra abafar o som da realidade, da rua, do ventilador e do teclado enquanto digito tudo isso.

Acho que você, que me lê há algum tempo, percebeu que eu nasci querendo viver um contos de fadas. Mesmo sabendo que eles não existem pela duração que a gente acha que deveriam ter. O que existem são momentos meio contos de fadas, por um tempo de um story, ou um pouquinho mais. E tudo bem, porque a realidade não é uma coisa ruim. A gente que começou a acreditar que se não for meio perfeito, é inferior. Mas eu aposto que você tem, pelo menos, uma lembrança muito boa, de um momento extremamente simples e vida real, mesmo que seja vergonhoso, que te faz rir com gosto.

Pois bem, contos de fadas remetem à romance. E foi aqui que eu me fudi perdi. A baixa autoestima me fazia pensar que, pra alguém querer estar comigo, eu precisava me desdobrar e mostrar que era digna de algum amor. Gente, o amor não brota assim. E eu aprendi da pior forma: sem a tal da reciprocidade. Vejam, eu não tava sendo outra pessoa, era eu mesma, só que me anulando em prol de um romance. Tanto que hoje ainda sou dedicada e preocupada, mas o impacto é outro.

Enquanto escrevia esse texto, estava numa conversa com uma pessoa, que escreveu: "a gente se sentindo completo não cobra ninguém". Respondi que eu pensava "ah, mas eu não tô cobrando", só que cobrava em forma de expectativa. Era algo desejável". Quando a gente percebe tudo isso, as coisas mudam. E ser o centro da minha vida começou com uma decisão, muuuuito choro, dores de saudade, até o coração sentir que agora é assim. Muitas portas se abriram também. Coincidentemente ou não, na porta do meu quarto tem uma frase "cuidado que eu mudei de lugar algumas certezas", daquela música "Açúcar ou adoçante?", do Cícero. Porta também é uma palavra que me lembra o livro "Lugar Nenhum", do Neil Gaiman. Enfim, referências.

Nenhum comentário: