quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O inverno chega e as pessoas não mais se abraçam,

elas são induzidas a doar seus agasalhos como afeto ao próximo. É um gesto nobre sem gratidão apropriada, sem destino conhecido.

As pessoas saem de casa, encapotadas, agarradas a seus players e passam o dia todo longe de casa, na correria do dia-a-dia, pensando em banho quente.

A primavera chega e as pessoas não mais se encontram ou marcam encontros, apenas se esbarram nos caminhos deste mundo pequeno. Perdem o espetáculo que as flores fazem, anunciando que a estação mudou. Não tem mais sentido ser flor.

O verão chega e as pessoas não mais vão à praia ou promovem churrascos, elas aumentam o ar condicionado, correm de moto, olham biquínis nas vitrines e começam a calcular o ano que perderam através de boletos atrasados e e-mails não respondidos.

O outono chega e as pessoas não mais se importam. Caem como as folhas, solitárias, separadas, divididas, destacadas por marcas, luzes, reflexos, mechas...salto alto, pela tecnologia. Inspiram suas próprias fragrâncias e sufocam-se com seus cachecóis, envenenando a próxima vítima.

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